A Acadêmica Yvonne Mascarenhas completou 91 anos em 2022, tendo dedicado pelo menos 70 deles para a pesquisa científica. Para celebrar o seu pioneirismo na área da química, o Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (USP São Carlos, onde a Acadêmica atuou desde a sua fundação), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a Embrapa promoverão um evento no dia 16 de setembro, às 15h, no auditório Sérgio Mascarenhas (USP São Carlos). O encontro será aberto ao público e também será transmitido ao vivo através do site do IFSC.

Conheça um pouco da trajetória da cientista

Ao longo de seus 91 anos de vida, Yvonne Primerano Mascarenhas construiu um percurso brilhante, sendo referência como mulher, cientista e como profissional da área de físico-química. Nascida em 21/7/1931 na cidade de Pederneiras, em São Paulo, a Acadêmica tornou-se uma referência internacional em sua área, sendo considerada umas das pesquisadoras mais produtivas da América Latina. Hoje, com o título de professora emérita do CNPq, a pesquisadora possui um grande legado de ocupação feminina nas universidades e de produção científica inovadora de alto nível. 

A história de Yvonne com a ciência começou em 1954, quando cursou a graduação em química e física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1956, com o primeiro filho no colo e a segunda filha na barriga, a carioca se mudou para a pequena cidade de São Carlos, no interior de São Paulo. Ela e o então marido, o físico Sérgio Mascarenhas, também Acadêmico e falecido em 2021, haviam sido contratados para dar aulas no novo campus da Universidade de São Paulo (USP) na cidade. Yvonne foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira no Departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos e sua participação foi fundamental na criação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), um dos mais importantes centros de pesquisa da América Latina. 

A cientista tornou-se referência em sua área de atuação, a cristalografia, que  é o campo da física experimental dedicado ao estudo da disposição dos átomos em materiais sólidos. Seus estudos vanguardistas levaram à criação de uma forte comunidade científica na área, que deu origem à Sociedade Brasileira de Cristalografia, em 1971, hoje chamada de Associação Brasileira de Cristalografia (ABCr). Sua principal linha de pesquisa é a cristalografia estrutural por difração de raio-X.  

Além do inegável destaque dentro dos laboratórios, desde 2010 a “Senhora dos Cristais” – título que recebeu no meio acadêmico – se dedica à comunicação científica, voltada para o apoio à educação básica pública. Yvonne Mascarenhas coordenou um  grupo de trabalho do Instituto de Estudos Avançados da UFSCar e uma agência de difusão científica, cujo principal veículo de comunicação é o portal Ciência Web.

Com inúmeras contribuições para a ciência brasileira em seu currículo, a pesquisadora recebeu diversas homenagens e prêmios, entre eles a condecoração Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (1998); prêmio Pioneiras da Ciência no Brasil, do CNPq (2014); o prêmio da União Internacional de Química Pura e Aplicada (Iupac) para 12 cientistas de destaque (2017). Em 2021, tornou-se a primeira mulher a receber o Prêmio Joaquim da Costa Ribeiro, outorgado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF), por suas atividades de pesquisa pioneiras em cristalografia. 

Dentre tantos prêmios e nomeações, o maior tesouro de Yvonne Mascarenhas é a família: a cientista teve quatro filhos, tem dez netos e dez bisnetos.