“Na universidade se ensina porque se pesquisa”. A famosa frase de Carlos Chagas Filho reúne as duas vocações de Gabriela Ribeiro Pereira, que fizeram dela membra afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC). Formada em física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pesquisadora atua principalmente na área de engenharia de materiais, avaliando a qualidade e integridade de produtos através de ensaios não-destrutivos.

Filha de um engenheiro civil e uma dona de casa, Gabriela nasceu em São Paulo, mas seus pais se mudaram para o Rio de Janeiro quando ela tinha apenas seis meses. Durante a infância, a nova Acadêmica já havia despertado para a vontade de dar aula e brincar de professora era uma de suas atividades preferidas. A facilidade com as ciências exatas indicava o caminho, mas foi só na hora do vestibular que finalmente decidiu. “Por pressão social eu dizia que queria ser médica, mas no terceiro ano tive um professor de física que me incentivou a seguir meu sonho”, conta.

Gabriela prestou vestibular para física e engenharia química e foi aprovada nos dois. Optou pela física, sua grande paixão acadêmica, e planejava ser professora de ensino médio. Mas durante o curso, Gabriela entrou em contato com o trabalho do professor Ricardo Tadeu Lopes, a quem considera sua maior inspiração na carreira. “Ficava fascinada em como ele transitava por diferentes áreas dentro da engenharia. Sob sua orientação fiz meu mestrado e doutorado em engenharia nuclear na UFRJ”.

Ao término do doutorado, em 2010, prestou concurso para o Programa de Pós-Graduação em Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PEMM) da Coppe/UFRJ. “Fiz o concurso muito incentivada pelo professor Ricardo e fui aprovada”, conta Gabriela. “A partir daí conheci a segunda pessoa mais importante na minha carreira, o professor João Marcos Alcoforado Rebello, que me ajudou muito e se tornou um grande amigo, por quem eu tenho muita admiração”.

Sobre o trabalho como professora e pesquisadora, Gabriela o descreve como “um sonho que realizo todos os dias”. A capacidade da ciência de transformar a sociedade e a vida dos próprios pesquisadores é um ponto que destaca. “Precisamos cada vez mais investir em uma ciência inclusiva. A engenharia aplicada aos problemas da nossa sociedade pode transformar o mundo”.

Na ABC, a nova Acadêmica promete ser presente na defesa da ciência brasileira e quer atuar para que cada vez mais mulheres escolham a engenharia como carreira. “Quero que esta seja minha principal contribuição”, afirmou.

Mas nem só de ciência vive a cientista. No tempo livre, Gabriela se aventura na culinária e adora descobrir novas receitas veganas, hábito que adotou em 2019. Apaixonada por conhecer novas culturas, a Acadêmica quer viajar pelo mundo e aprender novos idiomas. “Herdei da minha mãe também o gosto pelo crochê e pelo tricô, ela que me ensinou”, finaliza.