O futuro é agora. Para Glaucius Oliva e Alvaro Prata, coordenadores gerais da Reunião Magna da ABC 2022, realizada no início de maio (confira a playlist completa, com as transmissões dos 3 dias de evento, no canal da ABC no Youtube), é impossível construir um amanhã sustentável e seguro para as próximas gerações sem investimentos em ciência. Prata categorizou as reuniões da ABC como “muito impactantes e intensas”, fundamentais para promover novos debates entre a sociedade e a comunidade científica.“Os debates não deixaram nenhuma dúvida de que os grandes desafios da humanidade só serão solucionados com apoio da ciência”, comentou Oliva, atual vice-presidente da ABC para a Região de São Paulo.

Glaucius Oliva

Oliva e Prata integram a nova Diretoria da ABC, empossada em 4 de maio para o triênio 2022-2025. 

Engenheiro, bioquímico, cristalógrafo e professor de ciências físicas e biomoleculares do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), Glaucius Oliva é um cientista multipremiado, também membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e do Birkbeck College, da Universidade de Londres. Na área de gestão de ciência, contribuiu muito como presidente do CNPq.

Alvaro Prata

Álvaro Prata é engenheiro mecânico e elétrico, atuando como professor e pesquisador da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), da qual já foi reitor. É também membro da Academia Nacional de Engenharia (ANE) e ocupou diversos cargos no Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) entre 2012 e 2018. O pesquisador recebeu o Prêmio Anísio Teixeira por ocasião do 60 aniversário da Capes, em 2011, entre outros inúmeros prêmios.

Voltando aos eventos da ABC, ambos os Acadêmicos valorizam muito o debate interdisciplinar, uma marca dos eventos da ABC. “Trouxemos esse ano muitos temas atuais que expõem a importância da pesquisa básica e mostram como a pesquisa transborda para a sociedade. Precisamos entender como a ciência brasileira pode nos ajudar nessa caminhada em busca da solução para os atuais desafios”, apontou Prata.

Quando o assunto é a Amazônia e a transformação dos ecossistemas, a mensagem, segundo Oliva, é sobre a necessidade de conhecer e preservar a biodiversidade brasileira. O Acadêmico foi incisivo: “Preservação acontece quando você conhece. Quanto mais a gente conhece, mais a gente tem condição de preservar. Precisamos estudar o assunto de diversos ângulos, como, por exemplo, o das mudanças climáticas.” 

Ele abordou ainda outro tema que ascendeu rapidamente nos últimos anos, devido ao aumento na disseminação de fake news: a informação. “A moeda mais importante de hoje são os seus dados. As informações sobre o que você sente, compra, procura… Tudo isso acaba impactando nossa vida, para o bem, ou para o mal. Além das tecnologias de inteligência artificial, que influenciam crenças e formas de viver, temos que estar sempre alertas com a desinformação”, comenta Oliva.

Para os Acadêmicos, o momento é de elencar os desafios e planejar as próximas ações. “Muitas reflexões foram provocadas. Por exemplo, a covid-19 já matou 6,2 milhões de pessoas no mundo. Sabe quantos morrem anualmente por problemas relacionados a obesidade? 5 milhões”, apontou Prata, comentando que ambas as questões são de grande urgência, mas demandam ações específicas e um planejamento específico.

“Tornou-se impossível falar sobre saúde e não falar sobre covid-19”, observou, Oliva referindo-se à apresentação de Maria Van Kerkhove, líder técnica da OMS para covid-19, que explorou os acertos e os erros na condução desta pandemia. “Ela esteve no olho do furacão. Debates como esse servem para nos mostrar o que essa pandemia nos ensinou e como devemos nos preparar para as pandemias que inevitavelmente virão a acontecer”, comentou .

Enfim, Prata e Oliva avaliaram o saldo do evento que organizaram como muito positivo. Profissionais de diversas áreas debateram assuntos que interessam diretamente à sociedade, oferecendo diagnósticos precisos e formulando questões estimulantes e motivadoras para todos os participantes que estiveram no Museu do Amanhã presencialmente ou acompanharam o evento on-line. “Com os cientistas brasileiros e as discussões propostas, convidamos o público a refletir sobre como podem se engajar na solução dos problemas da nossa sociedade – que já não mais futuros, já são problemas de hoje”, concluíram


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