O vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC) para a Região São Paulo, Oswaldo Luiz Alves, foi homenageado, no dia 6/11, durante a IV Semana da Consciência Negra da Fundação Centro Universitário da Zona Oeste do Rio de Janeiro (Uezo). Luanda Moraes, vice-reitora da universidade, e Vânia Lúcia de Pádua, pró-reitora de graduação, receberam o Acadêmico e coordenaram o encontro. Um dos objetivos do evento foi destacar a presença da negritude, seu valor e riqueza, nas diversas áreas do saber, na produção industrial, na economia criativa e nas redes sociais.

Filho de uma costureira e de um encanador, Oswaldo começou seus estudos na escola pública e, a partir de sua realidade, começou seu processo de capacitação profissional desde muito jovem. “Minha origem é de trabalhadores negros”, disse o cientista. Oswaldo começou sua carreira por meio de um curso técnico em química e foi o primeiro estudante negro de química na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde se formou em 1973. “Não havia nenhum outro aluno preto na universidade, mas sempre convivi bem com os colegas, com muita camaradagem”, contou durante o encontro. Quatro anos depois, por sua dedicação ao conhecimento, o Acadêmico já estava recebendo o título de doutorado, mesmo sem passar pelo mestrado.

Alves continuou seu aprendizado na França, onde, segundo ele, pôde dar aulas a uma classe majoritariamente negra de estudantes de diferentes lugares do mundo e conseguiu conhecer o processo de pesquisa científica fora do Brasil. “Quando voltei, introduzi o conhecimento da química de estado sólido em nosso país e fundei o primeiro laboratório brasileiro voltado para essa área”, disse o Acadêmico. “Por ser o único negro pelos lugares onde passei, fui pioneiro em muitas ocasiões. No início do meu processo de formação eu jamais imaginei que isso poderia acontecer”, comentou.

O Acadêmico também se lembrou de outra feliz conquista: sua eleição como membro da ABC em 2001. “A emoção foi imensa. Demorou dois dias para cair a ficha desse acontecimento em minha vida”, relatou. Essa emocionante experiência também se repetiu quando, em 2002, o cientista recebeu a Comenda da Ordem Nacional do Mérito Científico, do Governo brasileiro, um reconhecimento por suas contribuições para o desenvolvimento da ciência no país. “Nessa ocasião, ao receber a Comenda, percebi que, até entre a plateia, eu era o único negro presente. Esse evento me entristeceu e me provocou reflexões importantes sobre a minha atuação”, disse. Na ABC, hoje como vice-presidente regional, o Acadêmico atua para que mais mulheres e negros sejam eleitos como membros titulares e afiliados e representem a realidade da sociedade brasileira na ciência.

“Participar deste evento  é revelar que os descendentes daqueles que foram escravizados por séculos no Brasil, dos que não eram estimulados a sonhar, hoje, estão podendo ocupar o lugar que quiserem na sociedade”, disse Luanda Mendes, durante o encontro com o professor Oswaldo.

A IV Semana da Consciência Negra da UEZO também contou com a presença de outros participantes. Os encontros foram registrados no canal oficial da universidade no YouTube.

Assista o vídeo da participação do Acadêmico Oswaldo Luiz Alves no evento promovido pela Uezo:

https://youtu.be/wmbbtoGkIyk