Leia matéria de Vivian Costa para o Jornal da Ciência, publicada em 15/7:

A crise sanitária provocada pela covid-19, junto à perda de biodiversidade e à crise climática são problemas enormes para a civilização e evidenciam a necessidade de tomada de decisão baseada em ciência. A afirmação é do cientista Paulo Artaxo, professor do Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) [e membro titular da Academia Brasileira de Ciências], em sua conferência “As mudanças climáticas e o planeta”, nessa terça-feira, 14 de julho, durante a Mini Reunião Anual Virtual da SBPC. A atividade foi apresentada pelo presidente de honra da SBPC, Ennio Candotti, e pelo presidente da entidade, Ildeu de Castro Moreira.

Artaxo é considerado um dos maiores especialistas em mudanças climáticas e aquecimento global do mundo e, segundo ele, para resolver as três crises citadas acima, o mundo precisa criar um modelo de governança global, com uma estratégia baseada em ciência, para garantir a sustentabilidade do ser humano dentro desse novo planeta da era do Antropoceno, época geológica na qual o ser humano tem uma ação devastadora. “Precisamos de um desenvolvimento sustentável e mais justo”, ressaltou.

O cientista e professor da USP afirma que, para a questão climática, é preciso reduzir as emissões de gás de efeito estufa em, pelo menos, 7% ao ano, até 2050, para conseguirmos limitar o aquecimento da Terra a 2ºC, que já é o dobro do que foi observado até agora desde a revolução industrial.

Na questão da saúde, Artaxo diz que a covid-19 mostrou que é preciso investir para garantir o sistema de saúde universal, em particular, nas regiões mais interioranas, no caso do Brasil, além de mudar o modelo de desenvolvimento econômico praticado, para, assim, reduzir as desigualdades sociais e econômicas. “Isso é uma tarefa enorme que vai requerer recursos financeiros e intelectuais gigantescos. Mas nós temos de fazer essa tarefa se quisermos deixar um legado para as próximas gerações que gere menos sofrimento”, disse.

“De acordo com os modelos climáticos, a temperatura média do planeta pode subir em torno de 4ºC a 5ºC ao longo das próximas décadas. Já aumentamos 1ºC, o que é um aumento grande para acontecer em dois séculos, desde a revolução industrial”, afirma. E completa, “E não e só o aquecimento da temperatura que observamos com as mudanças climáticas: a redução de chuvas no Nordeste brasileiro, em algumas regiões, já chega a 30%; eventos climáticos extremos, como por exemplo, ondas de calor e inundações, aumentaram no mundo todo. Muitas áreas correm o risco de se tornarem inabitáveis com temperaturas no verão com 52ºC. Temos de olhar estes fenômenos com muito cuidado”, alertou.

A degradação do solo, os processos de desertificação e a perda acelerada de carbono do solo são outros problemas citados pelo especialista, que afirma que eles podem trazer danos grandes para a estrutura socioeconômica e comprometer a capacidade de produção de alimentos ao longo das próximas décadas. Segundo Artaxo, o modelo atual de exploração excessiva poderá provocar migração em massa, já que a humanidade não vai conseguir produzir alimentos suficientes para uma população de 10 bilhões de pessoas que habitará o mundo em 2050.

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A Mini Reunião Anual Virtual da SBPC segue por toda a semana e mais informações podem ser obtidas aqui.