Na manhã de 5 de novembro, representantes das Academias dos países do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) reuniram-se na ABC para organizar uma agenda de trabalho conjunto. A reunião foi conduzida pelo presidente da Academia Brasileira de Ciências, Luiz Davidovich (à esquerda, na foto), e pelo secretário-executivo de Relações Internacionais da ABC, Marcos Cortesão (à direita, na foto).

Participaram o vice-presidente da Academia Russa de Ciências, Yuri Balega; a diretora executiva Himla Soodyal e o oficial sênior Siyavuya Bulani, da Academia de Ciências da África do Sul (ASSAF); a vice-diretora da Divisão de Organização de Programas Internacionais da Academia Chinesa de Ciências (CAS), Kai Feng, e o diretor-geral do Jardim Botânico Tropical de Xishuangbanna, Jin Chen, instituto que integra a CAS. O vice-presidente de Assuntos Internacionais da Academia Nacional Indiana de Ciências (INSA), Jitendra P. Khurana, participou por Skype.

Yuri Balega, Kai Feng, Jin Chen, Jitendra P. Khurana, (na tela), Himla Soodyal e Siyavuya Bulani

O Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) do Brasil foi representado pelo coordenador-geral de Cooperação Internacional, Carlos Matsumoto. Estava presente, também, o vice-presidente da ABC- Regional Norte, Adalberto Val.

Foram propostos temas de pesquisa de interesse comum, como epidemias de ebola, dengue e chicungunha; mudanças climáticas e impactos na saúde; pobreza; poluição; organismos geneticamente modificados, segurança alimentar, segurança cibernética, bioeconomia, entre outros. O representante indiano destacou o interesse do seu país de integrar-se ao Earth BioGenome Project, do qual já participam a China e o Brasil.

Para o desenvolvimento das pesquisas, foram sugeridas diversas atividades, como intercâmbio de pesquisadores jovens e sêniores; organização de workshops; organização de premiações, entre outras.

Os representantes chineses, Feng e Chen, apontaram para o alto custo de eventos desse grupo, dadas as distâncias entre os países. Bulani, da África do Sul, sugeriu que se avaliasse o que as Academias podem compartilhar e que se começasse com apenas uma atividade. O representante russo, Balega, sugeriu a organização de um Comitê com representantes de cada ministério e de cada Academia, assim como a elaboração de livretos temáticos.

Matsumoto apresentou, então, um resumo das decisões da 7ª Reunião Ministerial de CT&I dos BRICS, realizada em 20 de setembro deste ano, em Campinas. O encontro gerou um Plano de Trabalho dos BRICS em CT&I 2019-2022 (BRICS STI), que definiu quatro linhas principais de cooperação: colaboração em pesquisa, infraestrutura para pesquisa, colaboração em inovação e sustentabilidade (colaboração de longo prazo).

Para gerenciar este plano de trabalho, foi proposta a criação de um Comitê Diretor, com dois membros de cada um dos países do bloco. O Comitê será responsável pela circulação do calendário de atividades do BRICS STI, pelo monitoramento da implementação de todas as atividades e iniciativas.

Ele mostrou que no organograma havia uma “caixa” para as Academias de Ciências desses países. Explicou que os Editais seriam conjuntos, com recursos dos cinco Ministérios, e que as Academias têm um papel fundamental na divulgação destes Editais.

Balega rebateu, afirmando que as Academias querem participar, de fato, da construção da agenda científica dos BRICS, e recomendando que os representantes das Academias integrassem o Comitê Diretor. Essa proposta foi registrada por Matsumoto.

Buscando integrar as propostas de forma construtiva e objetiva, o presidente da ABC sugeriu que a primeira atividade do grupo das Academias fosse a elaboração de um livreto de 50 páginas com um plano estratégico de ciência, no âmbito dos BRICS, e que cada país indicasse três representantes para um Comitê conjunto. A coordenação dos trabalhos ficou a cargo das Academias da África doSul e Brasil.

Este livreto será encaminhado aos respectivos governos, discutido com as comunidades científicas e com a sociedade. “Se há uma ‘caixa’ no organograma para as Academias dos BRICS, vamos ocupá-la”, defendeu Davidovich. Houve unanimidade em relação à proposta brasileira.

Outras deliberações foram tomadas pelo grupo. Uma foi a elaboração de uma Declaração das Academias dos BRICS sobre o tema que for decidido como foco para a reunião dos jovens cientistas no ano que vem, o que ocorrerá na reunião deste ano, que está acontecendo até o dia 8/11, no Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa).

A outra foi a recomendação aos respectivos governos de implementação de um programa de bolsas de doutorado pleno ou sanduíche para pesquisadores dos BRICS que tenham interesse em fazê-lo num país membro. O objetivo é estimular o estabelecimento de cooperações duradouras, a partir da interação propiciada por esse mecanismo.

 

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