Vitor Vieira (assessor de projetos da ABC), Marcos Cortesão (secretário executivo de Relações Internacionais da ABC), Jorge Guimarães, Adalberto Val, Helena Nader, Carlos Morel, Joaquim Costa, Wanderley de Souza e Elibio Rech

Na tarde do dia 18 de setembro, representantes da Academia Brasileira de Ciências (ABC) receberam o vice-ministro de Ciência e Tecnologia da China, Huang Wei, para uma reunião sobre a cooperação entre a ABC e a Academia Chinesa de Ciências (CAS, na sigla em inglês).

Pelo lado brasileiro, participaram do encontro a vice-presidente da ABC, Helena Nader, o Acadêmico e presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Jorge Guimarães, e os coordenadores temáticos  da cooperação bilateral: os Acadêmico Wanderley de Souza (coordenador geral), Elibio Rech (ciências agrárias), Carlos Morel (ciências biológicas e biomédicas) e Adalberto Val (biodiversidade e biotecnologia), assim como o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais Joaquim Costa, representando o Acadêmico Ricardo Galvão, coordenador a área de ciências espaciais.

Inicialmente, Helena Nader apresentou a estrutura da Academia para os visitantes, reforçando que, diferentemente da CAS, a ABC é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, embora tenha parcerias com os governos em nível federal e estadual. A vice-presidente da ABC também explicou as categorias de membros: titulares, associados, correspondentes, afiliados, colaboradores e institucionais. Nader destacou a importância da categoria de membros afiliados, que elege jovens cientistas com menos de 40 anos destacados em suas carreiras. “A Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) também estabeleceu uma categoria semelhante, e fizeram isso depois da ABC”, completou.

De acordo com dados da Web of Science exibidos pela pesquisadora, o impacto das citações dos artigos brasileiros é maior quando estes são publicados em co-autoria com cientistas chineses. Ela também reforçou que a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) são instituições com pesquisas de grande impacto, e ambas estão representadas na cooperação ABC-CAS pelos Acadêmicos Elibio Rech e Carlos Morel, respectivamente.

O contexto da Academia Chinesa de Ciências (CAS)

O vice-ministro Huang Wei pontuou algumas diferenças entre as Academias de Ciências do Brasil e da China: enquanto a primeira foi fundada em 1916, a segunda surgiu na década de 50; na brasileira, as eleições de membros são anuais, na chinesa, ocorrem a cada dois anos. A Academia Chinesa atua como um braço do Ministério, gerenciando institutos de pesquisa.

Entre os dois países, a diferença também é bastante acentuada no que diz respeito aos investimentos públicos em ciência: 2,18% do PIB chinês de 2018 foi destinado à pesquisa e desenvolvimento, enquanto no Brasil, menos de 1% do PIB foi usado para essa finalidade.

Wei destacou que uma das estratégias utilizadas nos últimos anos é o estreitamento entre academia e empresas. Nesse cenário, aproximadamente 70% do orçamento da ciência são garantidos por instituições privadas e 25% são de responsabilidade do governo. Contudo, o vice-ministro reforçou que “a ciência e a tecnologia só se desenvolveram após a reforma política e a abertura econômica que ocorreram na China há 40 anos”.

Considerando as características de cada país, o vice-ministro sugeriu alguns pontos que podem ser desenvolvidos na cooperação bilateral: construção de laboratórios em comum; intercâmbio de cientistas, considerando que a China tem recursos disponíveis – principalmente para jovens cientistas; construção de zonas de tecnologia, em parceria com associações de incubadoras como a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec); e transferência de tecnologias.

Integraram a delegação chinesa que acompanhava o vice-ministro o conselheiro da Embaixada da China no Brasil, Changlin Gao; Dong Guo, segundo secretário da Seção da Ciência e Tecnologia da Embaixada da China no Brasil; Ruan Xiangping, conselheiro do Departamento de Cooperação Internacional; Li Chun Jing, consultor do Escritório Geral; Gu Yanfeng, diretor do Departamento de Cooperação Internacional e Zheng Di, responsável pelo Programa do Departamento de Cooperação Internacional.

A cooperação bilateral ABC-CAS

O presidente da Embrapii, Jorge Guimarães, apresentou o modelo da instituição, como referência para a parceria Brasil-China. A organização social (OS)  fomenta a inovação na indústria brasileira por meio da cooperação com instituições de pesquisa científica e tecnológica, públicas ou privadas.

Guimarães enfatizou temas de grande interesse para os chineses, especialmente nas áreas de energia e agrícola, atrativos maiores para a efetividade da cooperação. “Nós temos muita gente qualificada, temos um grande mercado, muitas áreas científicas e tecnológicas que se encaixam muito bem com as prioridades deles”, completou.

Coordenador da cooperação Brasil-China, o Acadêmico Wanderley de Souza, sugeriu aos coordenadores de área uma missão de imersão nas instituições científicas chinesas, com o objetivo de identificar os laboratórios e grupos de pesquisa mais interessantes para a parceria. Na reunião, os coordenadores temáticos relataram brevemente os diversos relacionamentos já estabelecidos com pesquisadores chineses.

Helena Nader destacou que já há um consenso sobre quais áreas temáticas são importantes para cada país e concordou que o próximo passo é estabelecer contato com os representantes chineses de cada uma delas. “Vai ser bom para todo mundo, porque eles têm áreas e tecnologias que completam outras nossas, então vai ser uma troca, e eu estou apostando nisso”, finalizou a vice-presidente da ABC.

Confira a galeria de fotos


Saiba mais sobre a outra parte do encontro:

Reunião de trabalho dos coordenadores temáticos da parceria Brasil-China