Na infância, Jaqueline Godoy tinha brincadeiras preferidas como qualquer outra criança. Adorava brincar de escolinha e se divertia resolvendo problemas de matemática. Já adulta, Godoy teve que decidir entre as carreiras de professora ou pesquisadora. A área da pesquisa venceu esta disputa e, hoje, a nova afiliada da Academia Brasileira de Ciências (ABC) continua solucionando os problemas matemáticos, investigando as equações diferenciais funcionais com retardamento.

Nascida em 20 de setembro de 1985, em Boa Vista, Roraima, aos cinco anos Jaqueline e sua família deixaram a região Norte para viver no centro do país, em Brasília. Jaqueline conta que viveu uma infância muito boa e tranquila, se divertia jogando jogos de tabuleiro, como o xadrez, e montando lego. Logo cedo sua preferência pelas ciências exatas já estava evidente: na escola, suas matérias favoritas eram matemática, física e química.

A Acadêmica falou sobre sua fascinação pela ciência: “O mais encantador na ciência é que ela possibilita a compreensão dos fenômenos que ocorrem no universo e a previsão deles. A matemática tem um papel fundamental nisso tudo, pois é a linguagem usada para descrever esses fenômenos e estudá-los. ”

Ela lembra que teve bastante indecisão ao escolher a carreira que seguiria, chegando a fazer vários testes vocacionais, e, sem surpresa alguma, todos a indicaram para a área das ciências exatas. No último ano do ensino médio, reduziu suas opções aos cursos de matemática e física, e foi com a ajuda de sua tia Cleide, formada em matemática, que optou pelo mesmo curso. Entre 2003 e 2007, Jaqueline conclui então a graduação em matemática na Universidade de Brasília (UnB).

A cientista conta que ao ingressar na graduação, não tinha intenção de seguir carreira acadêmica, pelo contrário, planejava ser professora de matemática do ensino fundamental e médio, e lembra a importância dos conselhos que recebeu na UnB: “durante os anos intermediários da graduação, senti necessidade de aprofundar mais meus estudos na matemática pura e cursei algumas matérias do bacharelado. Além disso, tive uma professora na UnB, Maria Terezinha Jesus Gaspar, que me incentivou muito a seguir para o mestrado, me recomendando para fazer o curso de verão no ICMC/USP. ”

Entre 2007 e 2009, Godoy fez o mestrado em matemática pela Universidade de São Paulo (USP). Ela conta que sua orientadora, a professora Márcia Cristina Federson, teve um papel essencial na sua decisão de seguir a carreira acadêmica. A nova afiliada ressalta também o grande apoio que recebeu de sua família, e mostrou gratidão aos incentivos dados por sua mãe, seu marido e sua sogra.

Dando continuidade à sua formação, em 2009 Godoy iniciou o doutorado em matemática, e em 2012 concluiu o programa, também na USP. Durante este tempo, realizou um período sanduíche na Academia de Ciências da República Tcheca. Entre 2012 e 2013, realizou dois programas de pós-doutorado em matemática: um pela USP, e outro pela Universidad de Santiago de Chile.

Como pesquisadora, Godoy tem atuado na linha das equações diferenciais funcionais com retardamento. Estas equações são necessárias no estudo de fenômenos que não ocorrem instantaneamente, que possuem um lapso entre o tempo de causa e efeito. A cientista explica: “Podemos ver no nosso cotidiano muitos fenômenos deste tipo, como por exemplo, quando um paciente ingere um medicamento, o efeito deste não ocorre instantaneamente, mas existe um tempo entre a ingestão do medicamento e o seu efeito. Além disso, podemos ver isso no tempo de gestação, dentre outros. ”

Atualmente, a acadêmica também trabalha como professora do Departamento de Matemática da UnB e secretária regional da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), além de editar as revistas Journal of Mathematics and Statistics e Advances in Dynamical Systems and Applications.

Vencedora do prêmio Bernd-Aulbach prize for students, concedido pela International Society of Difference Equations, e selecionada como Oberwolfach Leibniz Fellows pelo Mathematisches Forschungsinstitut Oberwolfach, Jaqueline Godoy falou sobre mais essa honra de se tornar membro afiliada da ABC: “Esse título significa um reconhecimento muito importante e significativo na minha carreira e formação como pesquisadora. Representa também um grande estímulo para aumentar ainda mais a dedicação à pesquisa que venho desenvolvendo e à divulgação científica da matemática em nível nacional e internacional. ”

A cientista reafirmou o compromisso de atuar na formação de recursos humanos e obter resultados significativos e relevantes em sua área de pesquisa. “Almejo participar ativamente das atividades realizadas pela Academia Brasileira de Ciências e contribuir com elas”, completou a nova afiliada da ABC.

 

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