O Acadêmico Edmo Campos apresentou projetos relacionados à área de oceanografia no evento Grandes Projetos de Cooperação Internacional da Ciência Brasileira, em 12/9, na sede da ABC. O evento foi organizado em parceria com a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Envolvido no projeto SAMOC  – The South Atlantic Meridional Overturning Circulation -, ele iniciou sua apresentação abordando o aquecimento global e seu impacto sobre as geleiras do Ártico. “O aquecimento não para e está causando o derretimento das camadas de gelo, que estão afinando. Cada pequeno aumento de temperatura gera uma quantidade imensa de água indo para os oceanos. O resultado é o aumento do nível do mar. E a Groenlândia também está subindo um pouco”, alertou Campos, que é físico com doutorado em meteorologia e oceanografia.

O oceano Atlântico é o único oceano que transfere o excesso de calor do Sul para o Norte. Os outros, como o Índico e o Pacífico, transferem calor do Equador em direção aos polos. O sistema climático pode ser afetado, especialmente se houver maior transporte de sal do Sul para o Norte.

E quais as consequências disso? Segundo Campos, um desequilíbrio entre os polos e a região equatorial, que é mais aquecida, pode provocar mudanças abruptas no clima.

A boia brasileira Atlas Guariroba

O especialista conta que até 1990, o Atlântico Sul era uma das regiões menos estudadas entre os oceanos do mundo. Neste período, um grupo de cientistas passou a se dedicar ao seu estudo. Em 2007, foi criado o SAMOC, programa dedicado a ampliar o conhecimento sobre a circulação de água na região. Sensores próximos do fundo procuram quantificar com mais precisão a contribuição da circulação abissal ao fluxo de calor meridional, que ocorre através das fronteiras profundas do Canal de Vema.

O SAMOC abriga diversos sub-projetos, conduzidos por uma colaboração entre instituições do Brasil, Argentina, África do Sul, EUA e Europa. O objetivo principal é estudar e monitorar os fluxos meridionais na latitude 34.55. As atividades incluem pesquisas oceanográficas em navios de alguns dos países participantes, assim como a implantação de uma variedade de plataformas de observação altamente sofisticadas. A contribuição do Brasil inclui o desenvolvimento do estado-da-arte de instrumentos oceanográficos. O programa está previsto para ser desenvolvido entre 2017 e 20122, envolvendo 47 participantes de 12 países.