Miguel Campista é um exemplo de cientista que foi fisgado pela pesquisa pelos pés. Como um de seus orientadores costumava dizer, “o bichinho o picou”. Embora não tenha planejado seguir os passos acadêmicos desde cedo, uma vez no mestrado, o engenheiro de telecomunicações se apaixonou pela academia e decidiu seguir na área.

Independente da carreira que viesse a seguir, a aptidão com os números já estava clara desde o começo. O menino era aluno nota 10 na escola, e manteve a média durante todo o período de ensino básico. Na faculdade, titubeou entre a física e a engenharia, mas optou pela segunda. “Desisti da física porque não achava que existiriam muitas oportunidades no mercado de trabalho nacional. Tinha medo de ter apenas como opção a carreira de professor e por isso mantive o plano de fazer engenharia. A vida é curiosa e acabou de qualquer forma me levando para o caminho da docência, conforme eu ia conhecendo melhor a profissão. ”

Finalizando a graduação na Universidade Federal Fluminense (UFF), começou seu difícil processo de decisão sobre qual caminho seguir. Certo de que devia aprimorar o currículo para entrar com força no mercado de trabalho, iniciou os estudos no mestrado em engenharia elétrica na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foi neste período que a pesquisa lhe ganhou. “Parece que já era o meu destino e não tinha como fugir”, brinca.

Concluído o mestrado e já conquistado pela docência, Miguel seguiu para o doutorado, ainda na UFRJ. A essa altura, o ambiente do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe/UFRJ) já servia de inspiração para Miguel. Lá, sua pesquisa era ligada à rede de computadores, estudo com uma gama ampla de possíveis aplicações, indo desde troca de mensagens telefônicas até o sensoriamento de sinais vitais de um paciente em leito de hospital ou rastreamento de sinais de tempestade em perímetros urbanos.

Para Miguel, são muitos os motivos que explicam sua paixão pela pesquisa e pela docência. O engenheiro destaca que a possibilidade de despertar interesse e curiosidade em seus alunos, a oportunidade de propor coisas novas e o processo de geração de conhecimento são o que lhe movem em seu dia-a-dia como pesquisador. “Isso tudo é uma enorme recompensa e acredito que extrapola a área de pesquisa. ” Ele define como uma grande recompensa também a nomeação como membro afiliado da ABC, para ele, uma surpresa e uma honra, já que se destacou “em meio a tantos cientistas ilustres”.

Os experimentos de Miguel extrapolam a barreira do laboratório e vão parar em casa. Lá, porém, é na cozinha que o engenheiro se aventura em tentativas e novidades. Apaixonado por músicas e séries, os hobbies perderam espaço há três anos para as batalhas entre robôs e dinossauros. Ele explica: “É como passo o tempo brincando com meu filho, o que é, hoje, meu maior prazer nas horas de lazer”.