ufpe_012_edit.jpgNo início da década de 90, Eduardo Santana de Almeida adorava observar seu vizinho digitar comandos na tela do computador para executar fascinantes videogames. Quem viveu essa época deve lembrar do computador Amiga e da necessidade de instruções e comandos para fazer rodar um simples joguinho.
Aquele admirável mundo novo, que ganhava vida na frente de um monitor, mexeu tanto com a curiosidade de Eduardo que naquele momento ele decidiu o que faria quando crescesse: o curso de processamento de dados, hoje ciência da computação. Professor associado da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Almeida dedica-se à área de engenharia de software, atuando principalmente com métodos, processos, ferramentas e métricas para o desenvolvimento de software reutilizável.
Ele explica que, assim como na construção de um carro ou avião, em que o modelo A compartilha muitas características do modelo B, a ideia do software reutilizável se baseia na criação de artefatos comuns que possam ser utilizados nos modelos A, B e C. “Com isso, temos redução de custos, tempo de entrega dos produtos e aumento da qualidade”, afirma Eduardo. Com base nessa inspiração, ele tem tentado auxiliar empresas de desenvolvimento de software na utilização das técnicas desenvolvidas em seu grupo de pesquisa.
Recém diplomado como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Eduardo se recorda que quando começou a graduação em ciências da computação na Universidade Salvador (Unifacs) logo se interessou pelas disciplinas de programação. “A possibilidade de programar computadores e criar diferentes softwares era algo muito especial”, conta ele, que lembra que essa era a época em que a internet começava a chegar nas universidades. Um mundo de possibilidades para aplicações e novos negócios estava surgindo.
Almeida conta que alguns professores foram muito importantes para seu ingresso no mestrado, realizado na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Entre os principais, ele destaca Gorgonio Araujo, Antonio Atta, Isaac Moreira, Vicente Moreira e Cesar Teixeira. “Esses docentes sempre me incentivaram com conversas e desafios sobre a carreira acadêmica”, afirma Almeida, que diz ter tido, efetivamente, contato com a pesquisa científica através dos orientadores Antonio Prado e Luis Trevelin. “Os dois, com perfis complementares, foram muito importantes para o meu desenvolvimento e entendimento da dinâmica de publicações, escrita de projetos, participação em congressos científicos e atuação em um grupo de pesquisa. No mestrado foi onde apresentei o meu primeiro artigo em um congresso internacional de ponta e jamais esquecerei aquele momento. Em contato com cientistas de diferentes partes do mundo, eu tinha cada vez mais interesse em continuar os meus estudos”, lembra Eduardo Almeida.
Do mestrado para o doutorado foram apenas alguns passos. O pesquisador seguiu essa nova etapa de sua vida na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) na área de engenharia de software. “A convite do professor Silvio Meira, que eu considero meu grande mentor, eu tive a oportunidade de trabalhar na criação de um grupo de pesquisa conectado com um instituto de inovação, o C.E.S.A.R. Ter a oportunidade de experimentar as minhas ideias no C.E.S.A.R, além da interação com a variedade de empresas do Porto Digital foi marcante”, diz ele.
Segundo o pesquisador, o que mais marcou o neste período foram as inúmeras discussões com o orientador sobre ciência e inovação. “Também geramos uma startup na nossa área de pesquisa para fazer a ponte entre academia e mercado”, destaca ele, que cita o doutorado sanduíche na Universidade de Mannheim, na Alemanha, como uma outra experiência que muito contribuiu com a sua formação.
O jovem afiliado à ABC também carrega na bagagem uma outra vivência internacional, nos Estados Unidos. Lá, ele iniciou o pós-doutorado no Virginia Tech. “Tive a chance de trabalhar com um dos principais pesquisadores do mundo na minha área. A experiência adquirida, a interação com outros cientistas da universidade e as visitas a outros grupos americanos foram aspectos marcantes desse período”, ressalta.
Para Eduardo Almeida, fazer parte da Academia Brasileira de Ciências é o reconhecimento do seu trabalho. O pesquisador faz questão de agradecer o suporte que sempre teve de toda a família, em especial, do irmão Marcelo, que custeou boa parte dos seus estudos. “Agradeço aos meus professores, orientadores, alunos e colaboradores do Brasil e do exterior. Esse reconhecimento é fruto de trabalho e ações em conjunto”, diz ele.
Fascinado pelas transformações rápidas da ciência, Almeida ressalta que os diferentes e variados caminhos que são abertos em decorrência das perguntas feitas a um objeto de investigação é o que o mantém fascinado pelo mundo da pesquisa. “Na minha área, como as coisas evoluem muito depressa, esse desenvolvimento e a necessidade de estudar sempre para enfrentar os novos desafios é o que mais me encanta e motiva”, conclui.