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Você sabia que a falta de cuidados parentais na primeira infância pode impactar na formação do cérebro de uma criança, com consequências que podem durar a vida toda? Já imaginou que, se uma pessoa com câncer não responde ao tratamento quimioterápico, o problema pode ser na produção de certa proteína em suas células? Esses são exemplos dos temas pesquisados pelas vencedoras da 12ª edição do “Para Mulheres na Ciência”, programa desenvolvido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), cujo objetivo é promover a participação das mulheres no ambiente científico e fomentar novas pesquisas. Entre as sete premiadas deste ano estão cientistas do Pará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Curitiba.
Seus trabalhos têm o potencial de encontrar soluções para problemas econômicos, ecológicos e de saúde. A mineira Fernanda Tonelli, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), por exemplo, propõe usar peixes como fábricas de hormônios humanos – uma estratégia que, se implementada no Brasil, pode gerar uma economia de mais de R$ 125 milhões por ano aos cofres públicos. Já a gaúcha Marilia Nunes, que hoje vive no Pará e atua na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), procura estratégias para evitar a extinção, no estado, do pirarucu, um peixe que pode chegar a 200 quilos e sofre com a pesca predatória. Em Minas Gerais, Rafaela Ferreira, da UFMG, cria moléculas sintéticas na busca de tratamentos mais eficazes contra zika e Doença de Chagas, duas enfermidades com grande importância epidemiológica no país.
Há 12 anos, o prêmio ajuda no prosseguimento de pesquisas e contribui para que a ciência brasileira ganhe destaque. Jenaina Ribeiro Soares, física da Universidade Federal de Lavras (Ufla), reforça que os recursos conseguidos vieram em ótima hora. “Eles vão nos tirar de um sufoco, a situação de ter equipamentos parados por falta de reagentes. Além disso, vamos poder comprar material para instrumentação científica barateada. Tudo isso vai permitir desenvolver projetos de ponta e inéditos no país”. A matemática Diana Nóbrega, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), concorda, afirmando que o aporte financeiro do prêmio também vai ajudar a atrair mais alunos e a melhorar a infraestrutura para pesquisa na Uerj, com a perspectiva de construir um minilaboratório.
O coro é engrossado por todas as vencedoras. Mas as cientistas veem, também, uma outra contribuição fundamental do prêmio: “Sinto-me pessoalmente reconhecida ao ser premiada: alguém leu meu trabalho e acreditou nele. Mas creio que o reconhecimento dado pelo prêmio vai além: é o reconhecimento à participação feminina na ciência – uma ciência que, desde sempre, tem muito mais rostos masculinos, não porque as mulheres não fazem ciência, mas sim porque não são apoiadas e reconhecidas”, comemora Pâmela Carpes.
Ao todo, 400 pesquisadoras se inscreveram nesta edição, que premia quatro categorias: ciências da vida, química, matemática e física. Cada uma das vencedoras receberá uma bolsa-auxílio no valor de R$ 50 mil, como uma forma de incentivo à continuidade dos estudos. Mais informações sobre a premiação em http://www.paramulheresnaciencia.com.br/.