No dia 14 de outubro, foram realizados o Simpósio e a Diplomação dos Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC) eleitos para o período 2016-2020, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. O evento contou com a participação do reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, do diretor do Departamento de Projetos da Pró-Reitoria de Pesquisa, Armando Albertazzi, e do secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o Acadêmico Alvaro Prata.

O vice-presidente da Regional Sul da ABC, João Batista Calixto, deu as boas-vindas aos novos membros afiliados e falou sobre a importância desses jovens cientistas para a Academia. “Temos uma preocupação muito grande de estimular, cada vez mais, a participação dos jovens pesquisadores na renovação da ABC.”

Os afiliados eleitos em 2016 Félix Soares, Rogério Riffel, Márcia Kauer Santanna, João Batista Calixto
(vice-presidente da Regional Sul), Jociane de Carvalho Myskiw e Rui Prediger

O reitor da UFSC demonstrou uma visão muito positiva em relação à iniciativa da ABC de levar para seus quadros jovens cientistas de até 40 anos, para serem membros da Academia por um período de cinco anos. Em seu primeiro ano na reitoria da universidade, Cancellier afirmou dar todo o apoio ao projeto de membros afiliados. “Diante da crise, a ciência precisa ser estimulada”, comentou.

Alvaro Prata, que é membro titular da ABC, fez uma apresentação sobre as diretrizes do MCTIC no cenário atual de dificuldades e reforçou o compromisso de lutar diariamente para recompor os recursos do Ministério. “A Academia tem uma importância na execução de ações conjuntas para estimular a ciência e tecnologia.”

Prata destacou que este é um momento em que deve haver muita criatividade, apesar da dificuldade de manter os mesmos níveis de investimento na área em comparação com cerca de três anos atrás. Reforçou, ainda, que a comunidade científica vem fazendo um trabalho com bastante foco para que se incentive, da melhor maneira possível, a inovação tecnológica.

Em seguida, os afiliados diplomados fizeram uma apresentação sobre suas pesquisas. No evento, foram diplomados não apenas os membros afiliados do período 2016-2020, mas também quatro afiliados eleitos para o período anterior. Isso porque, na diplomação de 2015, devido ao mau tempo em Porto Alegre, os afiliados desta cidade tiveram o voo cancelado e não puderam comparecer à cerimônia, que também aconteceu em Florianópolis. Assim, apenas o afiliado Marcelo Farina, que já estava na cidade, pôde ser diplomado na ocasião.

Os afiliados eleitos em 2015 e o vice-presidente da Regional Sul: Marcelo Farina, Andre Quincozes, Raquel Giulian,
João Batista Calixto, Jairo Savian, Jackson Damiani

A diplomação dos afiliados de 2015 – 2019 também foi organizada pelo vice-presidente regional da ABC-Sul, João Batista Calixto, na UFSC. Além dele, estavam presentes na cerimônia a então reitora, Roselane Neckel, o então presidente da ABC, Jacob Palis, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc), Sergio Luiz Gargioni, e o então pró-reitor de Pesquisa da UFSC, Jamil Assreuy.

Sergio Luiz Gargioni, Roselane Neckel, Jacob Palis, João Batista Calixto, Jorge Guimarães e Jamil Assreuy

Apesar do imprevisto, Roselane disse, na ocasião, ser um orgulho a universidade sediar, pela primeira vez, a diplomação de membros afiliados da ABC, e comemorou o fato de um pesquisador de lá ter sido eleito. Jacob Palis elogiou a qualidade do ensino e pesquisa da UFSC, que completou 50 anos em 2015, e falou que a categoria de membros afiliados é um espaço criado para a participação de jovens cientistas na Academia.

Em seguida, o Acadêmico Jorge Guimarães, pesquisador da UFRGS que presidiu a Capes por 11 anos, fez uma palestra sobre o passado, presente e futuro da pesquisa e pós-graduação no Brasil. Ele ressaltou que a atividade científica avançou muito no país, informando que, entre os 226 países do mundo, 24 deles produzem 84% da ciência mundial, e estamos entre eles em 13º lugar. No entanto, temos diversos desfalques que atrasam nosso desenvolvimento, como a falta de planejamento. Guimarães defendeu, ainda, que os investimentos em CT&I correspondam a 2% do PIB.

Confira, a seguir, os perfis dos afiliados dos períodos 2015-2019 e 2016-2020 e conheça um pouco mais sobre o trabalho que levou estes jovens pesquisadores a se tornarem membros da ABC:

2015-2019

Curioso nato
Filho de uma professora e de um jornalista, o bioquímico André Quincozes desenvolveu o gosto pela leitura desde cedo, hábito que considera decisivo para sua carreira.

Estudos sobre a nanotecnologia
Pesquisa desenvolvida pelo membro afiliado da ABC Jackson Scholten busca formar nanopartículas metálicas, visando resultados práticos como o refinamento do petróleo.

Entendendo as mudanças climáticas

Gaúcho de São Pedro do Sul, Jairo Savian realiza pesquisas com sedimentos terrestres cujas propriedades podem dizer muito sobre as mudanças climáticas do planeta.

Cientista tardio
Com formação em farmácia, Marcelo Farina trabalhou em análise clínica após a primeira graduação, mas foi na pesquisa científica que ele se realizou como profissional.

Do contra
Quando ingressou na faculdade de física, Raquel Giulian mal sabia do que se tratava a disciplina. Hoje ela é pós-doutora na área e membro afiliado da ABC.

2016-2020

Cuidando do cérebro humano
Atualmente, o bioquímico Félix Soares se dedica a duas linhas de pesquisa, uma desenvolvendo tratamento para doenças neurológicas, outra voltada para aprimorar o ensino de ciências no Rio Grande do Sul e em todo o Brasil.

Como funciona a memória
Jociane de Carvalho Myskiw não fez iniciação científica na graduação, mas se apaixonou pela pesquisa durante o mestrado em bioquímica toxicológica, estudando os mecanismos da memória, área à qual se dedica até hoje.

Alterações biológicas do transtorno bipolar
Interessada por ciência desde o colégio, a médica Marcia Kouer especializou-se em psiquiatria e atualmente estuda o transtorno bipolar, revelando características da doença como a progressão com o passar do tempo e a vulnerabilidade dos pacientes ao estresse.

Caminho duro
Filho de pequenos agricultores, Rogerio Riffel trabalhou na lavoura e andava quilômetros para ir à escola, durante a infância. Hoje ele estuda galáxias de núcleo ativo, que possuem um buraco negro em seu centro.

Desvendando as doenças neurodegenerativas

O interesse de Rui Prediger pela pesquisa surgiu durante a graduação em farmácia na UFSC. Hoje ele coordena o Laboratório Experimental de Doenças Neurodegenerativas na mesma universidade.