Jairo Savian passou a infância em São Pedro do Sul (RS), município a 300 km de Porto Alegre. Durante a infância, ajudava os pais na lavoura de arroz e na criação do gado junto com seus cinco irmãos – ele é o penúltimo por ordem de nascimento. Hoje, é membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências na região Sul, eleito para o período 2015-2019.
Quando criança jogava futebol, o que se tornou uma paixão para toda a vida e, na escola, se interessava por todas as disciplinas. “Sempre achei que uma matéria complementava a outra. Tinha curiosidade e vontade de aprender coisas novas”, conta.
Aos 18 anos, mudou-se para estudar física na Universidade Federal de de Santa Maria (UFSM), tornando-se o primeiro de seus irmãos a ter nível superior. Seguindo seu exemplo, o caçula hoje cursa zootecnia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Seus irmãos mais velhos até hoje vivem no campo.
O interesse pela ciência surgiu durante o ensino médio, nas aulas de física, e estudando fenômenos terrestres como terremotos e variações climáticas. No segundo semestre da faculdade, conseguiu uma bolsa de iniciação científica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), unidade de Santa Maria.
“Interessei-me por um projeto do professor Nelson Jorge Schuch sobre as variações do campo magnético terrestre no hemisfério Sul”, conta Savian, que se dedica até hoje a essa área. “Quando estava finalizando o curso de física, prestei seleção para mestrado no Programa de Pós-Graduação em Geofísica Espacial do Inpe em São José dos Campos e no Instituto de Astronomia, Geofísica, e Ciências Atmosféricas (IAG) da Universidade de São Paulo (USP). Aprovado, optei pela USP, onde iria estudar o campo geomagnético do passado utilizando as rochas”, recorda.
Suas pesquisas e estudos na área da geofísica o levaram a sair do país para um estágio no Institute for Rock Magnetism, em Minnesota, nos Estados Unidos. Lá, conheceu um dos maiores expoentes da atualidade no estudo do magnetismo em sedimentos, o professor Andrew Roberts, com quem trabalha em projetos até hoje.
O mistério das mudanças climáticas
“Um dos grandes dilemas científicos da atualidade é descobrir quais as causas das mudanças climáticas da Terra”, conta Jairo Savian. “Os sedimentos depositados no fundo dos lagos e oceanos registram essas mudanças nas suas propriedades físico-químicas e magnéticas”, explica o pesquisador, que colhe esses sedimentos e os estuda para obter informações sobre a variação ambiental e do campo magnético no passado. “Conhecer o passado do clima é fundamental para sabermos como será o futuro do nosso planeta”, conclui.
Dentro e fora da ciência
Além da realização profissional, Savian diz que ser pesquisador lhe permitiu viajar pelo Brasil e pelo mundo, o que é um de seus maiores prazeres. “Através de viagens de campo, congressos, reuniões e expedições científicas, estive em muitos lugares incríveis ao redor do mundo. Conhecer novas culturas e lugares é o que mais gosto de fazer”, conta Savian que, gremista fanático, pratica futebol e tênis.