No dia 28 de abril foi realizado simpósio científico e a cerimônia de diplomação dos novos membros afiliados da ABC da Regional MG&CO, eleitos para o período 2015-2019. A mesa de abertura foi composta pelo vice-presidente regional da ABC da região MG&CO Mauro Teixeira, o presidente da ABC Jacob Palis, a pró-reitora de Pesquisa Adelina Reis e o presidente da Fapemig e Acadêmico Evaldo Vilela.
 
Teixeira abriu o evento falando da importância da juventude e novas ideias que os membros afiliados trazem para a Academia. “No ano passado o encontro regional teve como tema a Importância da ciência. É fundamental que nós cientistas demonstremos isto claramente à sociedade, quem financia nosso trabalho e se beneficia do mesmo. Ciência de qualidade não é um luxo, mas base fundamental para o desenvolvimento equitativo de nosso país”. O vice-presidente regional agradeceu especialmente à UFMG e à Afiliada Vanessa Pinho, que vem colaborando muito na organização dos eventos. Agradeceu ainda a presença do presidente da ABC, destacando seu empenho em comparecer ao maior número de cerimônias de diplomação por todo o país.
 
A pró-reitora Adelina Reis, representando o reitor da UFMG Jaime Arturo Ramírez, que não pôde comparecer, afirmou que a Universidade estava honrada por hospedar mais um evento da ABC e de ter mais três de seus professores ingressando como Membros Afiliados dessa instituição tão prestigiosa da ciência brasileira. Cumprimentou o presidente da Fapemig por mantê-la viva e atuante apesar das dificuldades e deu boas vindas aos membros da mesa e a todos os presentes.
 
Evaldo Vilela cumprimentou a todos e destacou que a Fapemig conjuga, junto com o MCTI, a ABC, a SBPC e as outras FAPs, esforços em prol da CT&I no Brasil. Ressaltou que tem sido uma luta dura porque, infelizmente, quando escasseiam os recursos essa é uma área que sai imediatamente prejudicada já que, como disse o ministro Aldo Rebelo em sua posse, “não enchemos estádios nem fazemos entretenimento”. Felizmente, segundo Vilela, o excelente trabalho do Prof. Jacob Palis à frente da ABC tem contribuído muito pra mudar esse quadro, o que vem se refletindo numa melhora da visibilidade da ciência brasileira e numa ampliação do diálogo entre o cientista e a sociedade. “Ainda sonho com o dia em que teremos reconhecimento público do trabalho que fazemos. Não é fácil, mas é possível”, concluiu Vilela.
 
O presidente da ABC compartilhou de certo otimismo com relação ao reconhecimento da ciência. “É difícil, porque a ciência tem realmente um traço de sofisticação que não chega fácil à sociedade, mas está sendo muito mais compreendida e reconhecida do que já foi. “Um sinal disso, aos olhos de Palis, é o fato de que a presença de Acadêmicos muito ativos na linha de frente em órgãos como os Ministérios de Ciência, Tecnologia e Inovação e o de Educação (MCTI e MEC) e agências como CNPq e Finep nunca foi tão grande. “Isso já é um passo grande em boa direção. Estamos navegando, passando por dificuldades, mas já passamos por isso antes. Vamos sobreviver – e bem.” Palis destacou ser aquele o oitavo ano consecutivo em que a ABC promove reuniões como aquela em todo o país para incorporar jovens cientistas de excelente qualidade à ABC. “Gostaria de cumprimentar todos os novos membros afiliados da UFMG, que são um orgulho para nós.”
 
Vilela apresentou uma palestra intitulada “Do conhecimento novo à inovação: o caso da fábrica de insulina de Marcos Mares Guia e o Quadrante de Pasteur”. O quadrante de Pasteur se refere a uma classificação das atividades de pesquisa e inovação criada pelo cientista político Donald Stokes, da Universidade de Princeton, que as insere entre duas coordenadas. A primeira dimensiona o avanço do conhecimento e a segunda, a sua aplicação.
 
Projetadas num gráfico, a pesquisa básica sem nenhuma aplicação imediata – que tem seu melhor exemplo nas investigações do físico Niels Bohr sobre a estrutura do átomo – ocupa o quadrante superior esquerdo. A pesquisa aplicada visando ao desenvolvimento tecnológico – como a do sistema de iluminação elétrica de Thomas Edison – se insere no quadrante inferior esquerdo. No quadrante superior direito têm lugar as pesquisas que podem contribuir para o avanço do conhecimento – qualidade inerente da pesquisa básica – ao mesmo tempo em que têm grandes perspectivas de aplicações práticas. As investigações de Pasteur na área de microbiologia – que fizeram avançar o conhecimento e beneficiaram os produtores de álcool de beterraba – são o seu exemplo mais notório.1
 
Segundo Vilela, o trabalho de Marcos Luiz dos Mares Guia se situa no quadrante de Pasteur, dado que fundou um novo conhecimento e criou uma nova aplicabilidade. Professor emérito do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG e um dos mais importantes pesquisadores da área de biotecnologia do país, Mares Guia foi um dos responsáveis pela descoberta da insulina humana recombinante e pela fundação da Biobras, empresa pioneira na fabricação de insulina no Brasil. Mares Guia também foi um dos idealizadores da Fapemig, instituição fundada em 1986.
 
Além dos já citados, participaram do encontro os Afiliados e ex-Afiliados da ABC Bernardo Borges de Lima (2008-2012), Cristiano Fantini Leite (2013-2017), Danielle da Glória de Souza (2012-2016), Fabiana S. Machado (2010-2014), Fabíola Mara Ribeiro (2014-2018), Helton da Costa Santiago (2014-2018), Luiz Gustavo Farah Dias (2011-2015), Marcelo Terra Cunha (2009-2013), Maurício Corrêa Junior (2013-2017), Ricardo Fujiwara (2012-2016) e Vanessa Pinho da Silva (2013-2017), além dos membros titularesIsrael Vaisencher, Paulo Sergio Lacerda Beirão e Virgínia Ciminelli.
 
Adriano Nesi, Gustavo Menezes, Viviane Ribeiro, Jacob Palis,
Leandro Malard e Mauro Teixeira
Seguiu-se a cerimônia de diplomação dos novos membros afiliados da ABC. Saiba mais sobre eles nas matérias abaixo.
 
O agrônomo Adriano Nunes Nesi desenvolve pesquisa na UFV que identifica fatores envolvidos na regulação do metabolismo primário em tecidos autotróficos e heterotróficos.
 
O físico da UFMG Leandro Malard Moreira desenvolve pesquisa na área de propriedades óticas de materiais que possam ser usados em uma nova geração de processadores de computador, células solares e baterias, assim como em novas técnicas de diagnóstico médico.
 
Gustavo Batista de Menezes desenvolve pesquisa na área de imunologia na UFMG, buscando alternativas para o tratamento de doenças hepáticas e, nas horas vagas, toca em uma banda de rock.
 
A pesquisa da matemática da UFMG Viviane Ribeiro Tomaz da Silva envolve o conjunto das matrizes 2×2, área da álgebra com aplicações em diversos ramos da ciência.