O evento que reuniu os cinco novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências da Região São Paulo ocorreu na Universidade Presbiteriana Mackenzie, na tarde de 18 de agosto. Na mesa de abertura estavam o vice-presidente da ABC Hernan Chaimovich, e o vice-presidente da Regional São Paulo, Adolpho Melfi.
 

Hernan Chaimovich e Adolpho Melfi
Melfi abriu a cerimônia destacando que o Programa de Membros Afiliados da ABC é um programa vitorioso. “Estas cerimônias, que demarcam a renovação dos quadros da ABC com jovens pesquisadores de excelência de todas as regiões do Brasil, são muito importantes para a Academia”, ressaltou.
 
A categoria de membro afiliado é temporária: os eleitos ficam vinculados à ABC por um período de cinco anos, no qual os afiliados participam dos eventos da Academia e tem a oportunidade de conviver com pesquisadores seniores de excelência de todas as áreas, de todo o país. “Isso dá uma abertura e uma perspectiva muito positiva e promissora para a carreira desses jovens no meio científico”, apontou Melfi, cumprimentando os cinco selecionados para o período de 2014 a 2018, que foram diplomados em seguida.
 
O vice-presidente regional esclareceu que a seleção dos membros afiliados é feita por uma comissão de membros titulares da região, que considera não só a quantidade de publicações mas, principalmente, a qualidade da produção cientifica dos candidatos. “Quero destacar que essa categoria é temporária, mas é um passo para que mais à frente vocês venham a ser eleitos como membros titulares da ABC, como já aconteceu com dois ex-afiliados – o matemático do IMPA [Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada] Fernando Codá e o físico da UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] Ado Jório de Vasconcelos – empossados como titulares em 2014.”
 
Hernan Chaimovich abriu sua fala declarando seu grande prazer e a honra de estar ali e buscou responder a duas perguntas que lhe foram feitas antes da cerimônia, pelos novos afiliados. “Primeiro, quero explicar o que é um membro afiliado. A ABC, em 2007, julgou importante não só ampliar seus quadros com cientistas seniores de excelência, mas também renová-los, reconhecendo jovens talentos científicos em todas as áreas, que se destaquem em todas as regiões do país.”
 
Chaimovich ressaltou que esta eleição, além de um reconhecimento, representa também uma transferência de responsabilidade. “Não é só uma estrelinha no currículo, esperamos alguma coisa de vocês: que participem”, reforçou o vice-presidente da ABC. E contextualizou essa participação: frequentar os eventos da ABC, envolver-se na organização dos eventos de afiliados, contribuir para dar visibilidade a ABC em nível nacional e internacional, enfim, oxigenar a academia. “Por exemplo, em vez de se queixar que a ABC não faz isso ou aquilo, perceber que vocês, membros afiliados, são a Academia. Então, significa ter iniciativas, colaborar para que a ABC tome a direção que vocês acham que ela deve tomar”, reforçou o químico da USP.
 
Ele ressaltou que, infelizmente, estamos num momento critico para o financiamento de ciência e tecnologia no cenário nacional. “Não temos a estrutura de outras academias com grandes edifícios, segurança financeira e centenas de funcionários. Somos um núcleo com poucos funcionários extremamente dedicados e um número relativamente pequeno de acadêmicos que dão seu coração e seu empenho para fazer ciência de alto nível e para mostrá-la ao Brasil e ao mundo”, relatou Chaimovich.
 
Ele observou que o cientista é uma pessoa que não aceita verdades absolutas, que quer demonstrações e não aceita imposições sem explicações, o que os torna indivíduos intelectualmente independentes, com um nível de análise crítica do país e do mundo que não se encontra em outras associações. “As ações da ABC estão muito bem descritas no site da ABC. A ABC tenta influir na política nacional e internacional para criar uma estrutura no país que permita, em suma, que um brasileiro ganhe a Medalha Fields e, possivelmente, um Prêmio Nobel. E contamos com vocês para ampliar essas ações e contribuir para que o Brasil ocupe um lugar de maior impacto no cenário da ciência internacional.”
Lázaro Padilha (Unicamp), Eduardo Büchele (Unifesp),
Monica Andersen (Unifesp), Max Langer (USP) e Gustavo Frigieri (USP)
Seguiu-se então a cerimônia de diplomação e as apresentações científicas dos novos membros afiliados da ABC. Conheça-os um pouco melhor nos perfis abaixo.
 
Pesquisador e professor da Unifesp, Eduardo Büchele Rodrigues também trabalha como médico oftalmologista numa clínica, atividade que, somada às outras, permite que ele ajude muitas pessoas com problemas oculares.
 
Gustavo Henrique Frigieri Vilela trabalha na área de instrumentação médica e neurociências, buscando oferecer aos pacientes novos métodos, mais seguros e acessíveis aos sistemas públicos de saúde.
 
Lázaro Aurélio Padilha usa uma luz invisível ao olho humano para estudar materiais também invisíveis, em escala de tempo que não podemos perceber, gerando um grande leque de aprendizado em ciência básica e novas aplicações.
 
Depois de considerar várias possibilidades, Max Cardoso Langer escolheu coletar fósseis de dinossauros, descrever sua anatomia, investigar suas relações de parentesco e padrões evolutivos.
 
Monica Levy Andersen tem contribuído para o entendimento do controle da função erétil relacionada à privação de sono, bem como para o desenvolvimento de possíveis evidências neuro-hormonais envolvidas nesse processo.