O presidente da Academia Chinesa de Ciências Bai Chunli, sucessor de Jacob Palis na presidência da TWAS, deu início ao seu mandato detalhando o papel da Academia na promoção da ciência para a sustentabilidade num mundo em transformação.
Químico e nano tecnologista de destaque internacional, Bai Chunli (ver currículo) assumiu o cargo de presidente da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS) em 1º de janeiro deste ano. Ele deu a partida com uma aprofundada análise do papel da TWAS no contexto global, que pode ser lida na íntegra aqui.
O novo presidente relatou os grandes passos dados pela TWAS desde a sua fundação, no ano de 1938, em Trieste, voltados para o incentivo à cooperação entre pesquisadores do hemisfério Sul para alcançar excelência científica e formar recursos humanos qualificados na região. “A TWAS evoluiu de uma associação de cientistas para ser a voz da ciência do mundo em desenvolvimento”, destacou.
Em sua análise, Chunli avalia que neste momento o mundo em desenvolvimento, especialmente, está enfrentando desafios sem precedentes – como a pobreza, a fome, as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a poluição ambiental -, que requerem grandes passos e soluções inovadoras. “Ainda existe mais de um bilhão de pessoas vivendo com menos de um dólar por dia, um bilhão sem acesso à água potável, um bilhão e meio sem acesso à eletricidade e dois bilhões de pessoas enfrentando insegurança alimentar – incluindo 300 milhões de crianças que vão dormir com fome todas as noites”, ressaltou Chunli. Ele afirmou que a TWAS precisa estar pronta para apoiar governos e populações na busca por alternativas fundamentadas na ciência para apoiar o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade global.
O presidente da TWAS levou em conta a previsão de que o planeta terá que incorporar mais 700 milhões de pessoas nos próximos dez anos e que teremos um bilhão de novos consumidores de classe média, dado que o crescimento econômico global deverá ser de 50% neste período. Ele referiu-se ao documento O Futuro que Queremos, resultante da Conferência Rio+20, no qual a importância da contribuição da comunidade científica e tecnológica foi reconhecida, assim como a necessária interação entre suas partes – do Sul e do Norte – para o fortalecimento da cooperação internacional em prol do desenvolvimento sustentável. Citou também a mudança no cenário global, com a emergência de economias como a China, Índia, Brasil e África do Sul, assim como, mais recentemente, o salto dado em CT&I pela Turquia e pela Tunísia.
Para Chunli, a TWAS precisa se adaptar às novas demandas dos países em desenvolvimento e liderar o redesenho da agenda da ciência na região. “Não só temos mais de 1000 membros em diferentes países e de diferentes áreas da ciência, como temos habilidade e potencial para influenciar as políticas de CT&I nesses países.” Os “clientes” da TWAS além da comunidade científica, segundo o presidente, são os ministros de CT&I, ministros das finanças, do planejamento e do desenvolvimento; parlamentares; agências e fundações bilaterais e multilaterais voltadas para o desenvolvimento e a conservação; organizações intergovernamentais, como o sistema das Nações Unidas; e o setor privado.
Resumindo, Bai Chunli comprometeu-se a investir nos três pilares que identificou no nicho que cabe à TWAS contribuir: desenhar a agenda da ciência no mundo em desenvolvimento; promover a ciência para a sustentabilidade e formar recursos humanos de qualidade na região. Agradeceu ao governo da Itália pelo apoio dado à TWAS desde a sua criação, às Nações Unidas e a todos os membros da Academia e especialmente ao seu fundador, Abdus Salam, Prêmio Nobel do Paquistão, e seus sucessores – os Acadêmicos José Israel Vargas, C.N.R. Rao e Jacob Palis -, além do diretor-executivo Mohamed H.A. Hassan.