O livro “Limnologia”, do casal de pesquisadores José Galizia Tundisi e Takako Matsumura Tundisi (na foto abaixo), ambos do Instituto Internacional de Ecologia de São Carlos (iie), acaba de ser traduzido para o inglês para mais de 60 países. Primeiramente publicado no Brasil em 2008, o Acadêmico conta, em entrevista exclusiva ao Notícias da ABC, que a obra congrega 40 anos de pesquisa e longos estudos, tendo demorado dois anos para ser finalizada. “Na época, nós recebemos todo o apoio editorial do grupo Oficina de Textos, que nos ajudou com as revisões”, diz.

Segundo o ecólogo, o livro consegue reunir informações importantes sobre o avanço proporcionado pela pesquisa das regiões neotropicais, bem como conhecimentos já existentes dentro da área da Limnologia. “A maioria das publicações do exterior são excelentes, mas focam mais nas regiões temperadas e polares”, afirma. “Uma editora da Inglaterra se interessou em fazer a tradução justamente pelos estudos abordarem áreas geográficas com problemas diferentes daqueles já conhecidos e amplamente retratados”.

A iniciativa também contou com o apoio da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que financiou a tradução e contratou uma ecóloga americana para auxiliar no processo. “Agora a comunidade científica mundial terá acesso a estudos que tratam de países Africanos, regiões chinesas e indianas, além da América da Sul. É um livro voltado para as áreas de biologia, geografia, engenharia ambiental, entre outras, podendo ser usado por estudantes de graduação e pós, incluindo especialistas”, explica Tundisi.

Pesquisa e gestão de recursos hídricos

Tundisi e Matsumura contextualizam, nos primeiros dez capítulos, alguns aspectos fundamentais dos sistemas aquáticos continentais, tratando de temas como a composição química da água, os ciclos biogeoquímicos, entre outros. “Damos um enfoque, principalmente, nos processos existentes das águas de regiões neotropicais, abordando a fauna, a biodiversidade e as características únicas destes sistemas”, relata.

Além disso, a obra também destaca como é possível fazer a gestão de ambientes aquáticos com fatores tão ímpares, uma vez que as regiões abordadas apresentam condições bem peculiares em relação aos ambientes
temperados. “A experiência de gestão vem muito das áreas temperadas, portanto a intenção era mostrar como que a nossa experiência científica podia contribuir para a gestão de ambientes tão especiais e diferentes”, pondera.

Por fim, Tundisi observa que o último capítulo aponta as perspectivas, mostrando como a Limnologia, que é uma ciência com um pouco mais de cem anos, pode se relacionar com outros campos do conhecimento. “A integração com outras ciências pode e deve servir de base para uma evolução mais adequada da gestão dos recursos hídricos”, acrescenta. “A Limnologia é uma ciência totalmente inclusiva”.