O ministro da Ciência e Tecnologia, o Acadêmico Sergio Machado Rezende, presidiu no dia 21/9 a 5ª Reunião do Conselho Científico Brasil-Índia na Academia Brasileira de Ciências (ABC), no Rio de Janeiro. Este foi o quinto encontro no âmbito do acordo de cooperação bilateral entre os dois países.


Jacob Palis, Sergio Rezende, C.N.R. Rao

Entre os itens da pauta esteve a discussão em torno da aplicação de R$ 1,5 milhão em uma encomenda para desenvolvimento em pesquisas nas ciências de materiais e engenharia, biomédicas e biotecnologia, físicas e matemática, computação, oceanografia e bioenergia. Além disso, debateram-se detalhes para a realização de cinco workshops nos dois países.

O Conselho foi criado com o objetivo de se estabelecer canal de comunicação de alto nível, com vistas a subsidiar os respectivos ministros de Ciência e Tecnologia, de Brasil e Índia, sobre programas bilaterais que promovam maior benefício mútuo.

O andamento dos entendimentos entre Brasil e Índia, que foram debatidos ontem mostra que ambos países, pela similaridade, pelos interesses e prioridades, reúnem todas as condições para construir uma cooperação ainda mais produtiva e com mais resultados.

À Índia interessa muito o avanço e o conhecimento alcançado pelo Brasil na área da saúde, principalmente nas pesquisas desenvolvidas em doenças endêmicas e contagiosas como tuberculose, Aids e malária, por exemplo, enquanto que o Brasil pretende agregar os conhecimentos já acumulados pela Índia no campo da computação, segmento cujo incremento está contemplado no Plano de Ação de Ciência, Tecnologia e Inovação (2007-2010), coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Em 1985, foi assinado o Acordo sobre Cooperação nos Campos da Ciência e Tecnologia entre os dois países. Porém, a medida só entrou em vigor em 1990. Seis anos depois, foi assinada a Declaração Conjunta sobre a Agenda Brasil-Índia para Cooperação Científica e Tecnológica. Em junho de 2006, também no Rio de Janeiro, foram estabelecidas as áreas temáticas para cooperação que são: química, pesquisas climáticas, ciências marítimas, matemática, física, energias renováveis e sustentáveis, espacial e parceria em pesquisa industrial.

Em janeiro de 2008 houve reunião de cientistas indianos e brasileiros, na qual se elaborou três grandes projetos binacionais, com duração prevista de três anos e alocação de recursos da ordem de US$ 630 mil para cada lado, sobre o tema de Doenças Infecciosas. Já foi aprovado o apoio de R$ 400 mil para este ano e, a princípio, o mesmo valor para 2010.

Também participaram da reunião, por parte do Brasil, o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; os Acadêmicos Eloi Souza Garcia, do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro); Virgilio Augusto Fernandes, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); Luiz Davidovich, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ); Carlos Pereira de Lucena, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e Henrique Eisi Toma, da Universidade de São Paulo (USP). Também participaram o cientista Paulo Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe); e o chefe da assessoria internacional da ABC Paulo de Góes.

Pelo lado indiano estiveram, entre outros, o membro correspondente da ABC C.N.R.Rao, do Centro de Excelência em Química, e A.K. Sood, do Instituto de Ciência da Índia.

Visita ao Inmetro

No dia seguinte, alguns dos participantes do evento – B.K. Jain, consultor do Department of Science and Technology of India, e B.R. Subramanian, diretor do Integrated Coastal and Marine Area Management Project Directorate (ICMAM-PD) – visitaram o Instituto de Metrologia, dirigido pelo Acadêmico João Jornada.

O diretor do Inmetro acertou com o pesquisador indiano A.K.Sood um programa na área de nanomateriais de carbono, tendo o Acadêmico Ado Jório de Vasconcelos como representante brasileiro. O próximo passo será um contato com o representante indiano da área de bioenergia, aguardado por Jornada, para iniciar as discussões.