O climatologista e Acadêmico Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), pegou o microfone depois do cético do clima Luiz Carlos Molion, da Universidade Federal de Alagoas. A sala para ver “o debate sobre o clima”, realizado nesta quinta-feira em Manaus, durante a reunião da SBPC, estava lotada.

A explicação de Nobre sobre o efeito estufa serviu para mostrar por que o gás carbônico é importante nos estudos sobre aquecimento global. “Bons físicos atmosféricos não duvidam da física do efeito estufa”, disse.

Antes, o também climatologista e físico Molion chegara a arrancar risadas da plateia quando disse que os cientistas que fazem modelos matemáticos sobre o clima chegam a “torturar” esses modelos para que mostrem o que eles querem.

Ao mostrar que os modelos climatológicos têm falhas, Molion acerta, concordou Nobre. Mas, a tese central do pesquisador da Universidade Federal de Alagoas passa longe de dar importância para o carbono e os gases de efeito estufa.

Para Molion, o clima é regulado pelos ciclos de 11 anos do Sol e pela temperatura do oceano Pacífico, que, nas contas dele, representa 35% da superfície terrestre.

E, como o Sol está em um período de baixa atividade, o que significa menos energia sendo irradiada para a Terra, e as águas do Pacífico devem ficar um pouco mais frias nos próximos anos, o problema das mudanças climáticas estaria resolvido, diz Molion.

“O gás carbônico não é o vilão”, defendeu. Mas, mesmo depois, ele abriu mão de debater quando lhe foi dada a palavra pelo mediador.

Se o debate entre um cético e um membro do IPCC, o painel do clima da ONU, foi civilizado e mostrou que é bastante difícil duvidar da física do efeito estufa, ele surpreendeu por um outro motivo. O de muitas concordâncias entre as duas partes envolvidas na discussão.

Tanto Molion quanto Nobre acreditam que algumas áreas do planeta serão afetadas pelas mudanças climáticas, sejam elas naturais ou antrópicas. É o caso da Amazônia. Mesmo para Molion, é preciso combater a poluição e desenvolver políticas de adaptação à nova realidade climática do século 21.