Com o tema Amazônia: Ciência e Cultura, a 61a Reunião Anual da SBPC foi aberta numa cerimônia em praça pública, ao lado do Teatro Amazonas, com um público em torno de oito mil pessoas, em avaliação da Polícia Militar de Manaus.

Estiveram presentes na abertura da reunião, entre outros, o ministro da Ciência e Tecnologia, o Acadêmico Sergio Rezende; o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis; o governador do Amazonas, Eduardo Braga; o vice-governador do Amazonas, Omar Aziz; a reitora da Universidade Federal do Amazonas, Marcia Perales; o secretário-executivo do MCT, Luiz Antonio Rodrigues Elias; o Acadêmico Jorge Guimarães, presidente da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes); a reitora da Universidade Estadual do Amazonas (UEA), Marilene Corrêa; o secretário de C&T, José Aldemir de Oliveira; o diretor do Inpa e vice-presidente regional da ABC para a região Norte, Adalberto Val; o senador amazonense João Pedro Gonçalves; o diretor-presidente da Fapeam, Odenildo Sena; a vice-presidente do CNPq, Wrana Panizzi; o diretor da Finep e Acadêmico Eugenius Kaszkurewicz.


Marcia Perales, Omar Aziz, Sergio Rezende, Eduardo Braga, Marco AntonioRaupp, Jorge Guimarães, José Aldemir de Oliveira, Marilene Corrêa, Adalberto Val

A abertura foi realizada pelo secretário geral da SBPC e mestre de cerimônias do evento, o professor da USP Aldo Malavasi, que iniciou cumprimentando a comunidade de membros da entidade, que chamou de amigos da ciência e, conseqüentemente, amigos do Brasil. “Quem trabalha fazendo pela Ciência está fazendo pelo país.”

A reitora Marcia Perales destacou que esse é um ano especial para a Ufam, pois é o ano de seu centenário. “É uma grande satisfação ser a anfitriã deste evento, que é fruto de um esforço coletivo que uniu o governo federal e o governo estadual”. Valorizou o momento de fortalecimento de parcerias institucionais. “Esta é uma grande oportunidade de fazer novas alianças que visem contribuir para o desenvolvimento da Amazônia, tanto no âmbito científico e tecnológico quanto no âmbito humano e social.”

Malavasi convidou ao palanque, em nome do presidente Raupp, três jovens representantes de entidades estudantis, que ressaltaram a necessidade de reforçar a ciência e a pesquisa na escola básica, pois é nessa fase que se deve começar a formar novos cientistas. ” Por uma Amazônia desenvolvida de forma justa e democrática – este é um objetivo comum que hoje une todos os segmentos da sociedade brasileira. Temos que ocupar essa Amazônia com pesquisa e desenvolvimento para manter nossa soberania”, afirmou Ismael Cardoso, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

O secretário de C&T agradeceu a todas as entidades públicas e privadas que se envolveram na organização do grandioso evento e destacou o empenho do governo do Estado no incentivo ao crescimento da área.”Em pouco mais de seis anos, foram investidos R$1,12 bilhão em desenvolvimento de C,T&I no Amazonas, na criação de cursos de nível universitário e profissionalizante”. José Aldemir ressaltou também a ampliação do compromisso de prioridade na alocação de recursos dada à região pelo governo federal. O secretário assinalou que “só serão alcançados modelos adequados de desenvolvimento para a Amazônia com justiça social e preservação da natureza se baseados na matriz do conhecimento, de forma a aliar o saber científico com o saber milenar de nossos povos.”

Jorge Guimarães, presidente da Capes, representando o ministro Fernando Haddad, considerou que a Amazônia tem um significado especial e destacou a atuação do governador Eduardo Braga por seu empenho em interagir com o governo federal em todas as ações relacionadas à Educação. Guimarães ressaltou o entusiasmo da comunidade científica e dos jovens estudantes da região. “A força motriz desse país é esta grande vantagem comparativa que temos em ser um país rico em jovens. Acreditamos que esta é a força que irá garantir nosso poderio sobre a Amazônia.”

O ministro Sergio Rezende declarou que jamais esquecerá aquele momento magnífico, de estar numa abertura da Reunião Anual da SBPC em praça pública, com milhares de pessoas assistindo, ao lado de um teatro centenário. Afirmou estar muito satisfeito com a cooperação entre o MCT, MEC, o governo estadual do Amazonas, suas secretarias, as universidades públicas locais e a Fapeam. Destacou que uma das áreas em foco no Plano de Ação em C,T&I do governo é o desenvolvimento de áreas estratégicas e uma delas é exatamente a Amazônia. Rezende resumiu as metas atingidas até então pelo PAC da C,T&I e reforçou a política de destinar em todos os editais e programas do MCT 30% das oportunidades para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, contando também com o apoio das Faps. “A Fapeam é hoje a quarta fundação de apoio à pesquisa do país em aporte de recursos para C,T&I, atrás apenas da Fapesp, Faperj e Fapemig”.

O ministro observou também que havia apenas um instituto do milênio anteriormente na Amazônia e que agora, com os novos Institutos Nacionais de Tecnologia, foram dez aprovados na região dentre os 120 implantados em todo o país. A burocracia do setor, reconhecida pelo ministro como o grande motivo que emperra o avanço da ciência, será foco crucial de empenho nos seus dois anos restantes de mandato, baseado em documento apresentado pela SBPC com o apoio de dezenas de sociedades científicas. Rezende afirmou que percebe “que estamos avançando e, enfim, articulando todos os setores da sociedade. Estamos conseguindo que a política de ciência, tecnologia e inovação se torne uma política não de governo, mas de Estado.”

O homenageado pela SBPC este ano foi o geneticista, engenheiro agrônomo, entomologista e Acadêmico Warwick Kerr, por serviços relevantes prestados à entidade, à Amazônia e ao país. Impedido de comparecer por problemas de saúde, o Professor Emérito da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) foi representado por uma ex-aluna e docente da UFU, Ana Bonetti, que apresentou um perfil do cientista. Kerr foi presidente do Inpa, diretor científico da Fapesp e presidente da SBPC, além de membro da Academia Norte-Americana de Ciência e da Academia de Ciências do Mundo em Desenvlvimento (TWAS). Através de um vídeo projetado nos telões do evento, o Acadêmico agradeceu a homenagem e declarou seu fascínio pela biodiversidade amazônica.


Prof. Antônio Carlos Pavão recebe Prêmio José Reis das mãos
da vice-presidente do CNPq, Wrana Panizzi, e do ministro Sergio Rezende

A cerimônia incluiu também a indicação dos classificados para o Concurso Cientistas do Amanhã, a assinatura de um convênio entre o MCT, a UEA e o Governo do Estado do Amazonas para o financiamento das atividades do Museu da Amazônia (Musa), em Manaus, e a entrega do Prêmio José Reis de Divulgação Científica ao Espaço Ciência, museu interativo de ciência de Pernambuco, representado por seu diretor Antônio Carlos Pavão.

O governador Eduardo Braga procedeu a entrega ao ministro Sergio Rezende de uma placa em agradecimento pelo empenho em apoiar o desenvolvimento humano, científico e tecnológico da Amazônia. O presidente da SBPC entregou ao governador uma medalha de Governador Amigo da Ciência, criada especialmente em função da excelente parceria obtida com o Estado do Amazonas. “Essa medalha está instituída oficialmente e será dada todos os anos, sendo Eduardo Braga o primeiro a recebê-la.” Braga agradeceu a iniciativa e a coragem da SBPC em fazer essa reunião no Amazonas, fato que certamente, em sua visão será um divisor de águas para a região. Destacou que a questão do Amazonas vai além das plantas e animais, é uma questão humana e uma questão de futuro. E afirmou que desde 2003 se dedica a desenvolver um plano de futuro para o Amazonas. “Saímos do estereótipo de fazer parte do Brasil pobre, somos brasileiros persistentes, resistentes, que acreditamos num Brasil único e que queremos ajudar a desenvolver e fazer crescer como uma das grandes nações do mundo”.

Encerrando o evento, o presidente da SBPC Marco Antonio Raupp, afirmou que esse é um momento especial para a ciência brasileira e espera que também o seja para os povos da Amazônia, na busca de suas formações culturais, de suas conquistas econômicas e na construção de sua cidadania. Ele disse que a chegada da SBPC na região Norte começou há cinco anos atrás, com a realização de reuniões regionais em 2004 e 2005 nas cidades de Belém (PA), Macapá (AP), Altamira (PA), Cruzeiro do Sul (AC), Oriximiná (PA), Tabatinga (AM), além da 59a Reunião Anual ocorrida em Belém, em 2007.

Raupp esclareceu os propósitos da presença da SBPC na região: se unir aos esforços por uma Amazônia desenvolvida, mas conservada; colaborar para que os povos da Amazônia tenham sua independência econômica sem causar prejuízos ao meio ambiente e que, com um apoio à cidadania, possam construir seus próprios destinos. “A SBPC quer ser mais uma cabeça para pensar e mais um par de mãos para trabalhar pela Amazônia. O que a SBPC se propõe a fazer é reforçar o papel da ciência como elemento importante para o desenvolvimento sustentável da Amazônia nos aspectos econômico, ambiental, social e cultural.”

O presidente da SBPC não considera que a ciência tenha a resposta para todas as questões nem a solução para todos os problemas, “mas é um instrumento com o qual a razão se manifesta, com o qual a racionalidade se impõe sobre problemas reais, de modo a oferecer um conjunto de informações e reflexões que contribuam para sua melhor solução.”