pt_BR

L’Oréal, Unesco e ABC divulgam as sete vencedoras do prêmio “Para Mulheres na Ciência” 2019

Procurar soluções para doenças que afetam a produção de laranja no Brasil, investigar por que as estrelas param de ser produzidas em algumas galáxias e estimular a comercialização de plantas alimentícias são alguns objetivos dos trabalhos vencedores da 14ª edição do “Para Mulheres na Ciência”. Desenvolvido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Unesco no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências (ABC), o programa tem o objetivo de transformar o cenário científico, contribuindo para o equilíbrio de gêneros na área.

Todo ano, sete jovens pesquisadoras das áreas de Ciências da Vida, Ciências Físicas, Ciências Químicas e Matemática são contempladas com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil, cada, para darem prosseguimento aos seus estudos.

Patricia de Medeiros, Josiane Budni,  Adriana Folador, Aline Miranda, Marina Trevisan, Jaqueline Mesquita e Taícia Fill

É o caso da fisioterapeuta Aline Miranda, da UFMG, que pesquisa as consequências em longo prazo do traumatismo cranioencefálico. “Minha intenção com meu trabalho é fazer com que políticas de saúde sejam revistas, aumentando o período de acompanhamento dos pacientes com trauma”, explica a pesquisadora.

Também da categoria Ciências da Vida, a biomédica Adriana Folador, da UFPA, levou o prêmio por sua pesquisa sobre a genética da resistência a antibióticos em pacientes e no meio-ambiente da Amazônia. Já a neurocientista Josiane Budni, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, foi escolhida pelo seu estudo sobre as relações entre a doença de Alzheimer e os distúrbios do sono. Também da região Sul, a outra contemplada é a astrofísica Marina Trevisan, da UFRGS, que investiga a evolução das galáxias e, em particular, como e por que elas param de produzir estrelas.

Ganhadora na categoria Matemática, Jaqueline Mesquita, da UnB, luta para vencer os estereótipos que cercam sua profissão e deseja incentivar jovens a buscar a carreira na área. “As meninas nunca são estimuladas a ir para as áreas exatas. Quando uma menina diz que quer estudar matemática, todo mundo acha estranho. Eu ouvi: ‘você não parece matemática, você nem usa óculos’. Na minha turma da graduação, éramos 36 alunos, mas apenas sete mulheres”, conta a matemática, que estuda problemas que envolvem equações diferenciais funcionais em medida e equações dinâmicas funcionais em escalas temporais.

A cada ano, o júri formado por renomados cientistas da Academia Brasileira de Ciências escolhe trabalhos com potencial de encontrar soluções para importantes questões ambientais, econômicas e de saúde, como é o caso do trabalho da química Taícia Fill, da Unicamp, que procura soluções para doenças que afetam a produção de laranjas no Brasil e que acabam gerando um prejuízo de cerca de R$ 1,5 bilhão. Por fim, ainda no campo alimentício, uma pesquisa que também ganhou destaque nesta edição do prêmio foi a da etnobotância Patrícia de Medeiros, da UFAL, que se dedica ao uso de plantas alimentícias não convencionais (PANC) na alimentação humana.

Há 14 anos, o “Para Mulheres na Ciência” premia cientistas de diversos lugares do Brasil. Nesse período, o programa já reconheceu e incentivou cerca de 90 pesquisadoras, premiando a relevância dos seus trabalhos, com a distribuição de aproximadamente R$ 4 milhões em bolsas-auxílio.

Vencedoras do L’Oréal-UNESCO-ABC “Para Mulheres na Ciência” 2019

CIÊNCIAS DA VIDA:
Adriana Folador (UFPA)
Aline Miranda (UFMG)
Josiane Budni (Uesc)
Patrícia de Medeiros (Ufal)

QUÍMICA: Taícia Fill (Unicamp)

MATEMÁTICA: Jaqueline Mesquita (UnB)

FÍSICA: Marina Trevisan (UFRGS)

Quer saber mais sobre cada pesquisadora? VEJA AQUI OS VÍDEOS!

Saiba mais sobre o programa:
Facebook: www.facebook.com.br/paramulheresnaciencia
Twitter: @mulhernaciencia
Site oficial: www.paramulheresnaciencia.com.br

Contatos para a imprensa:

L’Oréal Brasil
Igor Ribeiro – igor.ribeiro@loreal.com.br
FSB – Assessoria de Imprensa L’Oréal – (21) 3206-5050
Sheila Albuquerque – sheila.albuquerque@fsb.com.br
Nina Mansur – nina.mansur@fsb.com.br

UNESCO no Brasil
Ana Lúcia Guimarães – a.guimaraes@unesco.org – (61)2106-3536 ou (61) 99966-3287
Fabiana Pullen – f.sousa@unesco.org – (61)2106-3596

ABC
Elisa Oswaldo Cruz – ascom@abc.org.br (21) 3907-8129
Manuella Caputo – mcaputo@abc.org.br (21) 3907 8129

 

Mulheres cientistas devem servir de modelo para estudantes desde o ensino fundamental

O incentivo ao envolvimento das mulheres nas Ciências deve começar ainda no ensino fundamental, sobretudo por meio de atividades práticas e lúdicas e encontros diretos com mulheres cientistas. Esse será um dos temas do Educação 360 STEAM — sigla que, em inglês, junta as palavras Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática —, que será realizado no dia 27 de agosto, no Museu do Amanhã, com mais de uma mesa dedicada à inclusão feminina na produção científica. O encontro é uma realização dos jornais O GLOBO e Extra, com patrocínio do Colégio pH e da Fundação Telefônica Vivo, e o apoio institucional da Revista Galileu, do site Techtudo, TV Globo, Canal Futura, Unicef e Unesco.
Professora de Química da Universidade Federal de Goiás (UFG), Anita Canavarro vai falar no evento sobre seu projeto Investiga Menina, que incentiva alunas negras de periferia a serem cientistas, ensinando o conteúdo do currículo escolar a partir de temas presentes na vida das estudantes. A química envolvida nos processos de alisamento capilar, por exemplo, é debatida em sala de aula. As professoras estimulam que as alunas permaneçam com seus cachos naturais e façam mudanças estéticas pelas cores, e não pela forma do cabelo. Para isso, ensinam a produzir corantes menos agressivos aos fios.
Anita conta que só teve uma professora negra na vida e que, entre as poucas mulheres na graduação, no mestrado e no doutorado, não havia nenhuma negra.

Mulheres matemáticas são ‘afastadas’ da academia com o tempo. É preciso discutir o porquê, diz pesquisadora

RIO – Carolina Araújo, 42 anos, sempre gostou de matemática. Quando tirava dez em uma prova, a família dizia que ela era igual à mãe, uma engenheira com muita habilidade com os números. Incentivada pelos pais desde a infância, Carolina escolheu seguir carreira nas Ciências Exatas e, hoje, é a única mulher no quadro de pesquisadores permanentes do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). A partir de janeiro de 2020, a matemática Luciana Lomonaco vai passar a integrar o quadro.

Arte sobre foto de Carla Russo

Ela se considera privilegiada por ter tido a mãe como modelo desde pequena, por sempre ter recebido o incentivo da família e, posteriormente, de seus professores e colegas para seguir a carreira na Matemática. Mas reconhece que, para a maioria das mulheres que escolhem as Ciências Exatas, essa não é a realidade.

— Eu só despertei para as questões de gênero muito recentemente, porque muitas barreiras pelas quais as mulheres passam, eu não passei. Acho que o fato de eu ter tido uma mãe engenheira, que era muito boa em Matemática, já construiu um modelo de mulher de Exatas para mim. Sempre foi natural que eu pudesse ocupar esse lugar, mas tenho consciência que isso é uma exceção — afirma.

Além de serem minoria, as mulheres que decidem se dedicar à pesquisa científica na Matemática acabam abandonando a academia ao longo da carreira, afirma Carolina Araújo. Ela cita um levantamento feito pela pesquisadora Christina Brech, que demonstra que as mulheres representam 42% dos ingressantes nos cursos de graduação em Matemática do Brasil. Na pós-graduação esse percentual cai para 27% entre os egressos de cursos de mestrado e 24% entre os de doutorado.

Entre os pesquisadores, o desequilíbrio é ainda maior. Atualmente, entre os bolsistas de produtividade em pesquisa do CNPq em Matemática, Probabilidade e Estatística, as mulheres não chegam a 12%. No nível 1A, o mais alto em reconhecimento e valor de bolsa, elas são menos de 10%.

— A gente precisa entender por que essas mulheres estão abandonando a carreira — afirma Carolina, explicando que este é um dos objetivos do primeiro Encontro Brasileiro de Mulheres Matemáticas, coordenado por ela, que acontece nos dias 27 e 28 de julho na sede do Impa, no Rio de Janeiro. — É uma equação super complexa. São muitos os fatores que influenciam isso. Nesse encontro, a nossa ideia é tentar pontuar alguns deles.

‘Encontro é fruto da mobilização das mulheres’

A pesquisadora conta que a realização do primeiro encontro nacional de mulheres matemáticas é o resultado de uma mobilização que tem se fortalecido nos últimos anos. Desde 2016, uma rede de cientistas interessadas em debater a desigualdade de gênero tem se articulado no país, através da realização de debates, mesas redondas e encontros regionais.

No ano passado, o país também recebeu o primeiro Encontro Mundial de Mulheres Matemáticas (World Meeting for Women in Mathematics – WM2), um evento satélite do Congresso Internacional dos Matemáticos (ICM). Carolina Araújo foi uma das palestrantes convidadas.

Entre os destaques do evento deste final de semana estão as palestras de Ragni Piene, matemática norueguesa referência na área, Yoshiko Wakabayashi, pesquisadora da USP recentemente eleita para a Academia Brasileira de Ciências, e Valéria de Paiva, brasileira que atua no Vale do Silício.

A programação também inclui a apresentação da pesquisa de dez jovens matemáticas que concluíram o doutorado a partir de 2010, uma sessão de tutoria para as iniciantes e mesas redondas sobre diversidade, maternidade e iniciativas de inclusão.

Em conversa com CELINA na sede do Impa esta semana, Carolina Araújo falou sobre a importância deste encontro, os fatores que afastam as mulheres da matemática e sobre o que elas têm conquistado desde que iniciaram a sua mobilização.

CELINA: A senhora sempre foi estimulada a estudar matemática, mas acredita que, de modo geral, ainda falta incentivo para as meninas se dedicarem a isso na escola?

Carolina Araújo: Infelizmente sim. Ainda há muito viés inconsciente entre os próprios professores do ensino médio e fundamental. Eu não conheço muitos estudos no Brasil sobre isso, mas no encontro latino-americano de mulheres matemáticas no Chile, no ano passado, apresentaram um experimento feito com estudantes de licenciatura que dariam aula no ensino fundamental. Eles tinham que estudar o caso de uma criança que estava enfrentando dificuldades nas aulas de matemática e dar um diagnóstico sobre a possível recuperação dela. O caso era o mesmo, só mudavam o nome. Os que receberam o caso com o nome de uma menina eram muito mais pessimistas em relação ao sucesso da aluna. É algo que está, de alguma forma, no nosso inconsciente. E eu falo “nosso” porque sei que também tenho viés inconsciente. Eu tento ficar alerta, mas sei que ele está aqui e isso acaba passando para as meninas.

Isso tem impacto na sub-representação de mulheres na Matemática?

É uma equação super complexa. São muitos os fatores que influenciam isso. Nesse encontro [brasileiro de mulheres matemáticas], a nossa ideia é tentar pontuar alguns desses fatores. Um deles, pensando de forma cronológica, começa dentro de casa e na escola. A gente vai abordar essa questão no evento. Outro ponto é a falta de modelos. Quando você pensa num cientista, é muito difícil que a primeira ideia que você vai ter é de uma mulher fazendo ciência. Nesse encontro, a gente quer dar grande visibilidade para as matemáticas brasileiras. Vamos ter dez palestras de jovens pesquisadoras, que concluíram o doutorado a partir de 2010. São mulheres promissoras, de várias regiões do Brasil, que estão fazendo matemática de boa qualidade, para que as mais jovens possam vê-las como modelos, para aumentar a sensação de pertencimento.

Depois de as mulheres tomarem a decisão de ir para as Exatas, como é essa vivência num ambiente majoritariamente masculino?

Cada uma traz a sua singularidade e sua personalidade. Eu, na graduação, vivi um ambiente muito particular na PUC [Rio]. Comecei a fazer iniciação científica já no primeiro ano e tive um professor que me incentivou muito e foi fundamental na minha formação. Eu tive uma experiência muito positiva. Mas, infelizmente, as mulheres muitas vezes encontram em sala de aula professores que são machistas e que vão ter um impacto na carreira delas. Nessa época, o que a gente ouve de um professor tem muito impacto. E aí a gente precisa entender porque essas mulheres estão abandonando a carreira. Quando você olha na graduação de matemática, 42% dos alunos são mulheres, mas quando você vai para os diplomas de doutorado em matemática concedidos a mulheres, não chegam a 25%. Então as mulheres estão saindo da academia.

E isso tem a ver com o ambiente? Com pouco incentivo?

Tem a ver com o ambiente, com a sensação de não pertencimento. Quando você está num ambiente em que é minoria, a sensação é muito diferente. Eu lembro que, no meu doutorado, eu não usava saia, eu só usava calças. Não foi uma escolha consciente não, mas foi uma forma de me proteger.

A maternidade também influencia na permanência e no caminho que essas mulheres trilham na Matemática?

A maternidade com certeza é um momento muito impactante na carreira científica das mulheres. Vamos ter uma mesa redonda sobre isso no encontro e a gente espera sair dela com algumas ideias de ações e iniciativas. Eu fui mãe há três anos, aos 39, e sinto que fez muita diferença eu já estar estabelecida na minha carreira. O impacto foi menor. Eu já tinha doutorado e pós-doc. Houve impacto na minha pesquisa, mas não foi tão forte quanto para uma mulher que tem filhos no início da carreira. Eu tive filho aos 39 anos, mas outra mulher pode querer ter filhos antes. Adiar a maternidade não deveria ser uma exigência para seguir a carreira científica.

Acha que existe uma pressão para que uma mulher na academia demonstre muito mais resultado que um homem para ser reconhecida?

A gente chama isso de efeito Matilda. É algo que é subjetivo, difícil de medir, mas existem vários estudos que mostram que o mesmo trabalho ganha avaliações diferentes se ele é assinado por uma mulher ou por um homem. Tem um estudo em que pesquisadores de várias universidades receberam dossiês de candidatura de um estudante que foi designado aleatoriamente com um nome feminino e masculino e foi avaliado para um cargo em um laboratório de pesquisa nos EUA. O currículo era o mesmo, só com o nome diferente. O candidato com o nome masculino foi consistentemente avaliado como mais competente do que a candidata idêntica, e o salário inicial sugerido para ele foi consistentemente mais alto. Eu tenho certeza que essas pessoas acham que estão fazendo uma avaliação meritocrática, mas não é isso que está acontecendo. E isso eu só comecei a perceber depois de estudar muito.

Houve alguma mudança nos últimos anos? Considera que o cenário está melhorando?

A gente tem conquistas importantes. Acho que a gente está conseguindo romper com um silêncio. Não se falava sobre isso até um tempo atrás. Em 2016, o Encontro Paulista de Mulheres Matemáticas foi um marco. O evento lotou e mostrou que havia uma demanda pública para falar sobre isso. Desde então, a gente tem realizado vários debates e mesas redondas por todo o país. Entre 2017 e 2018, aconteceu um ciclo de debates chamado ‘Matemática: substantivo feminino’. A partir dele foram se construindo redes locais e uma rede nacional de mulheres matemáticas. A gente hoje não tem uma rede formal, institucionalizada, mas tem uma rede de mulheres matemáticas que estão pensando a questão de gênero . Esse encontro é fruto da construção dessa rede. Outra conquista importante desse movimento é que, recentemente, a SBM [Sociedade Brasileira de Matemática] e a SBMAC [Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional] criaram uma comissão conjunta de gênero. Essa comissão já está dando seus primeiros passos. Fizeram um documento de sugestões para garantir diversidade quando você organiza seu evento. No ano passado, tivemos eventos que todos os painelistas eram homens. E a maioria dos homens nem tinha reparado. O fato de a gente estar em rede trouxe força para gente questionar isso dentro da nossa própria comunidade.

Como tem sido esse diálogo com os homens da matemática? Eles estão abertos?

Muitos deles estão percebendo essas coisas. Acho que ninguém faz isso de maldade ou porque quer excluir as mulheres. Tem um trabalho de sensibilização a ser feito. Os meus colegas aqui no IMPA me apoiam muito. Mas imagina o efeito que isso tem para uma aluna de doutorado que está querendo fazer pesquisa. Ela vai a um congresso importante que tem 30 palestrantes homens. Como vai se sentir ali? Aquele é o lugar dela? É importante esse documento da comissão de gênero, dando dicas para garantir essa diversidade. Estamos falando aqui de mulheres, mas também tem a questão racial, onde tudo isso se repete, mas acredito que de forma ainda mais forte. Em uma mesa aqui em 2017, a primeira manifestação da plateia foi de uma mulher negra, que colocou que, por um lado estava feliz que a gente estava fazendo aquela discussão, mas, por outro, pontuou que, na mesa redonda, todas as mulheres eram brancas. E as mulheres negras? Isso foi algo que aprendi com essa experiência e acho muito importante que dentro desse movimento, em que lutamos para aumentar a participação feminina, sensibilizando para a questão de gênero, a gente abraça a questão racial também.

Considera que essa discussão que está acontecendo no campo das Ciências e da Matemática de 2016 para cá tem influência da popularização do debate feminista?

Com certeza. Ela faz parte dessa agenda social que estamos vivendo. Estamos todas conectadas. A questão [da desigualdade de gênero] está aí, inclusive na matemática, e precisamos olhar para ela. Eu não tenho problema nenhum em falar que sou feminista, mas talvez algumas pessoas tenham. Nossa rede é muito diversa. Tem mulheres mais ativas na política, mulheres religiosas. É um espaço muito democrático. O encontro não tem uma bandeira. Ele é um momento de diálogo, de acolhimento da diversidade. O protagonismo do encontro é das mulheres, vamos tratar de assuntos que nos tocam, mas ele também é aberto aos homens. E os homens precisam participar dessa discussão, porque isso não é um problema de mulheres, é um problema da sociedade.

Algumas pesquisas indicam que empresas que têm equipes mais diversas têm um desempenho melhor, que a diversidade se reflete em lucro. Isso se reflete na produção científica da matemática também?

Isso é difícil de medir, mas tenho convicção que sim. Por que o que faz um matemático faz? Existe um problema que você quer resolver, ninguém sabe a resposta e você tem que pensar numa solução. Eu tenho convicção que cada um traz o seu olhar singular para o problema. Se você tem uma diversidade de olhares, você tem mais chances de encontrar a solução. Vejo isso nas minhas colaborações. As mais ricas são as que têm um ponto de vista bem diferente do bem. O ponto de vista científico traz, de alguma forma, o que a pessoa é, então a diversidade para a ciência é importantíssima.

Acadêmica Débora Foguel participa do ‘De Frente com Cientistas’ no Museu Ciência e Vida, no Rio de Janeiro

Devido à instabilidade na segurança vivida no município, o evento “De frente com cientistas”, previsto para o dia 29 de março, foi adiado. Nova data será divulgada em breve.

Conforme nós humanos vamos vivendo por mais tempo, aumentam os casos de doenças como a de Parkinson e o mal de Alzheimer, entre outras. Esses males têm algo em comum: proteínas com estruturas defeituosas e que formam agregados nocivos. Entender como isso acontece para, no futuro, desenvolver tratamentos é o trabalho da bioquímica Débora Foguel. Ela chefia o Laboratório de Agregação de Proteínas e Amiloidoses (Lapa), na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Débora estará no De Frente com Cientistas, no Museu Ciência e Vida.

O que levou Débora a se tornar uma bioquímica? Como ela se interessou pelas proteínas? E como ela se tornou bióloga? Seu trabalho já levou a alguma avanço no tratamento dessas doenças? Saiba as respostas para essas perguntas e conheça um pouco mais sobre Débora e seu trabalho. As inscrições para o De Frente com Cientistas são gratuitas e podem ser feitas pelo telefone 2671-7797. A atividade oferece certificado.

Sobre o programa – O “De Frente com Cientistas” acontece mensalmente no Museu Ciência e Vida. A ideia do evento é mostrar a trajetória do cientista, aproximando a plateia da carreira e seus estudos. Sempre gratuito e com direito a certificado, o evento busca apresentar a vida de cientistas, desfazendo a imagem distanciada que, em geral, se tem dessas carreiras. O programa já recebeu importantes nomes nacionais e internacionais, a exemplo do Nobel de química Kurt Wüthrich e do Nobel de física Serge Haroche.

Serviço:

De Frente com Cientistas – Débora Foguel

Data: A ser divulgada

Local: Museu Ciência e Vida

Rua Ailton da Costa, s/n – Jardim Vinte e Cinco de Agosto, Duque de Caxias, RJ, 25071-160

Telefone: (21) 2671-7797

Gratuito com emissão de certificado

GenderInSITE lança relatório sobre igualdade de gênero na liderança científica

Criado para promover o papel das mulheres na ciência, inovação, tecnologia e engenharia, o Gender In Science, Innovation, Technology and Engineering (SITE) demonstra como a aplicação de uma lente de gênero a estes campos pode fornecer resultados mais sustentáveis no contexto do desenvolvimento. Alinhada com sua missão, em 11 de março, a iniciativa internacional lançou, na sede da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o relatório “Pathways to Success: bringing a gender lens to scientific leadership of global challenges”.

O documento explora a questão da liderança das mulheres na ciência e traz à discussão algumas questões relacionadas que geralmente não são levadas em consideração.  Por meio de entrevistas com mulheres e homens que lideram projetos internacionais de ciência e tecnologia, destacam-se diferentes caminhos para o sucesso e como a mudança institucional é tão furtiva e difícil de alcançar.

Como descrito pelo Conselho Consultivo de Gênero da Comissão de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas (ONU), é importante que se tenha uma perspectiva de gênero que assegure “oportunidades iguais e avanço em ciência, tecnologia, engenharia, disciplinas de matemática (STEM, na sigla em inglês) e inovação em larga escala”.

Elaborada por um grupo de especialistas, incluindo a brasileira Alice Abreu, professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a publicação também está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Os ODS propõem que a igualdade de gênero seja reconhecida como uma força para mudanças transformadoras na busca de desenvolvimento sustentável nos níveis social, ambiental e econômico e apelam especificamente à promoção das “vozes das mulheres, liderança e organização” na ciência, reconhecendo isto como crucial para enfrentar os desafios globais.

Membro da diretoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a física Márcia Barbosa lembra ainda os dados apresentados pela empresa de consultoria McKinsey & Company, que mostrou como a diversidade alavanca a performance das empresas. “Quanto mais mulheres, quanto mais diversidade, maior é a eficiência do sistema”, ela afirma.

O relatório está disponível em inglês neste link.

Cientistas brasileiras participam de conferência internacional sobre mulheres na ciência, no Egito

As participantes da 3ª Conferência de Mulheres na Ciência sem Fronteiras.

A Global Young Academy (GYA), em parceria com a Fundação Árabe de Ciência e Tecnologia (ASTF, na sigla em inglês), promoveu entre os dias 12 e 14 de março de 2019, no Egito, a 3ª Conferência de Mulheres na Ciência sem Fronteiras. Com o tema “Diplomacia Científica para o Desenvolvimento Sustentável”, o encontro teve como objetivo a colaboração entre cientistas, homens e mulheres, na base da pesquisa científica de excelência. O evento realizou ainda um programa de treinamento em “Diplomacia e Conselho Científico”, nos dias 10 e 11 de março, para jovens cientistas de países em desenvolvimento.

Representando o Brasil, participaram da conferência a física e diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC) Márcia Barbosa, a engenheira mecânica Carolina Cotta (membro afiliado da ABC de 2015 a 2019), a farmacêutica e bioquímica Fabiola Ribeiro (membro afiliado da ABC de 2014 a 2018), a química Andréa de Camargo (membro afiliado da ABC de 2008 a 2013) e a farmacêutica e bioquímica Leiliane Coelho André. Participou do evento também o engenheiro mecânico e Acadêmico Renato Cotta.

As cientistas e o cientista: Carolina Cotta, Renato Cotta, Leiliane Coelho André, Fabiola Ribeiro, Márcia Barbosa e Andréa de Camargo.

A Acadêmica Márcia Barbosa aponta que “apesar de ser um evento sobre mulheres na ciência, houve a participação de alguns homens, o que fortalece a noção de que a ciência precisa de mulheres, mas não somente de mulheres”. Com um público formado por pesquisadoras e pesquisadores de múltiplas áreas, como medicina, tecnologia, matemática e estudos sociais, o evento teve dois focos principais: a necessidade de diversidade para uma ciência mais eficiente e a apresentação das participantes sobre a ciência que fazem.

As palestras sobre gênero mostraram que, apesar do crescimento da participação feminina no meio acadêmico, as mulheres ainda são raridade nas posições de comando e liderança. As apresentações sobre ciência trataram sobre sustentabilidade, passando pelas áreas da saúde, meio ambiente e materiais.

A quarta edição da Conferência de Mulheres na Ciência sem Fronteiras será realizada em março de 2020, no Brasil. A diretora da ABC Márcia Barbosa e as demais participantes brasileiras da última edição estarão na organização do evento.

Acadêmica Márcia Barbosa participa de seminário online sobre mulheres na ciência

Por que as mulheres precisam fazer ciência? Por que a ciência precisa de mulheres? Por que a sociedade precisa de mais mulheres na ciência? Por que tão poucas mulheres se interessam por ciências exatas? Por que tão poucas mulheres estão em postos de destaque na ciência? São as perguntas que instigam o webinário (seminário baseado em rede) “Mulheres na Ciência: Uma Verdade Inconveniente”.

Promovido pela Rede de Pesquisadores (RdP), a conferência com a Acadêmica Márcia Barbosa será transmitida no dia 19 de março, às 19h. Para fazer sua inscrição, clique aqui.

A RdP é uma plataforma integrativa e interativa para comunicação e divulgação científica. A proposta da rede é compartilhar conhecimento utilizando uma linguagem acessível, a fim de contribuir para o esclarecimento de temas científicos e sua aplicação pela sociedade.

Por meio dos webinários, a plataforma permite que convidados compartilhem seus conhecimentos através de apresentações e interajam com os participantes em tempo real. Essa conversa, ou webconferências, possibilitam que pessoas tenham acesso aos convidados e os temas apresentados independentemente de barreiras geográficas.

E no mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher (8 de março), a plataforma elaborou uma programação especial de webinários com o tema “Mulheres na Ciência”. Confira:

Dia das Meninas no MAST – Passado, Presente e Futuro

Ao longo dos anos, as mulheres foram protagonistas na construção do pensamento científico e importantes para o desenvolvimento e o avanço da ciência e da sociedade. Porém, hoje em dia ainda é preciso quebrar paradigmas para ampliar a pouca participação das mulheres nas áreas de exatas. Com esse pensamento, a Coordenação de Educação em Ciências do Museu de Astronomia e Ciências Afins criou o Dia das Meninas, idealizado para incentivar as jovens a se interessar pelas ciências.

O evento, que está em sua quinta edição, acontece no dia 13 de março e conta com uma programação repleta de atrações que contemplam debates com pesquisadoras e atividades práticas de divulgação da ciência. Com o tema “Passado, Presente e Futuro: Pesquisadoras em Ação”, a iniciativa objetiva sensibilizar participantes sobre a presença feminina nas ciências e suas conquistas. Uma das abordagens propostas foi convidar pesquisadoras de diversas áreas para rodas de conversa, onde elas compartilharão um pouco da sua história e conversarão com o público. Para maior imersão na temática também faz parte da programação oficinas de divulgação da ciência de temáticas diversas. Destaca-se ainda, a presença de estudantes do Colégio Estadual Olavo Bilac como participantes e convidados especiais, representando as sementes de possíveis futuros frutos.

A iniciativa é balizada pela agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU) e conta com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O evento também tem o apoio do Observatório Nacional e da L’Oréal Brasil.

A programação é aberta aos visitantes do MAST. Para participar deste dia tão especial, basta ligar para (21) 3514-5233 e realizar a sua inscrição. São 80 vagas disponíveis para o público.

 

V Dia das Meninas no MAST

Passado, Presente e Futuro: Pesquisadoras em Ação

 

Atividades para a edição 2019

  1. Abertura e Mesa-redonda ‘Passado, Presente e Futuro: Pesquisadoras em Ação’

Local: Auditório do prédio anexo do MAST

Na pauta de debates estarão a trajetória profissional das convidadas bem como seus campos de atuação.

Mesa-redonda da Manhã:

Katia Jasbinschek dos Reis Pinheiro (Observatório Nacional)

Conceição Firmina Seixas Silva (UERJ)

Flávia Pedroza Lima (Planetário da Gávea)

Mesa-redonda da Tarde:

Simone Daflon dos Santos (Observatório Nacional)

Bianca Ferrazzo Naspolini (Instituto Nacional de Tecnologia)

Fabiana Munhóz (Pesquisadora L’Oréal Brasil)

Bate-papo da noite:

Taysa Bassallo da Silva (MAST)

Cláudia Sá Matos (MAST)

Patrícia Spinelli (MAST)

Atividade – Observação do Sol

Local: Pátio externo do MAST

O Sol é a estrela mais próxima da Terra e um dos astros mais presentes em nossas vidas. Possui um papel importante em todas as culturas. Há registros chineses de observações solares que remontam desde a antiguidade. A partir do século XVI, com a invenção da luneta, Galileu projetou e ampliou a imagem do Sol, o que permitiu um registro periódico e seguro das manchas escuras que apareciam na frente do disco solar. Durante o V Dia das Meninas, as mediadoras do MAST promoverão as atividades de observação do Sol.

O público poderá ver o Sol através do aparato científico e visualizar as manchas solares, observadas pela primeira vez com uma luneta por Galileu Galilei, no século XVI. Estas manchas são regiões do Sol mais frias do que aquelas de seu entorno.

 

Oficina ‘As Cores do Sol’

Local: Pavilhão da Luneta Equatorial 46 cm

O que são as estrelas e do que as estrelas são compostas? Nesta atividade iremos descobrir como a luz das estrelas pode nos revelar sua composição e natureza. Também iremos falar sobre a tese de doutorado mais importante da história da astronomia, escrita pela cientista Cecilia Payne, que estou a composição das estrelas.

Oficina ‘Mistério das Caixinhas’

Local: Auditório Prédio Anexo

A proposta desta atividade é abordar as descobertas de diferentes cientistas ao longo da história, tendo como objetivo debater os estereótipos dos personagens da ciência. Para explorar essas personas serão fornecidas informações específicas sobre elas para que seja traçado um perfil. A partir das respostas, provocaremos uma discussão sobre o viés inconsciente.

Oficina ‘Entre Histórias e Barbantes’

Local: Sala de Atividades

A atividade terá inicio com a contextualização das diferenças de gênero na ciência, por meio da narração de histórias sobre três mulheres/meninas cientistas, de áreas e perfis diferentes, mostrando as suas trajetórias pessoais e profissionais. Na sequência, parte-se para a confecção de bonecas com materiais de baixo custo e de fácil acesso. O público poderá soltar a sua imaginação e, ao final da ação, levar a sua boneca cientista para casa. Com os textos sobre essas três cientistas, pretendemos produzir um livreto com as ilustrações dessas mulheres/meninas e com as instruções do passo a passo para a montagem das bonecas. O livreto também seria distribuído aos participantes da oficina, como forma de recordação e divulgação da história dessas mulheres.

teste