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Ciência colaborativa é tema de Mentoria da ABC

A tendência para a ciência no século XXI é se tornar cada vez mais colaborativa, interdisciplinar e orientada a grandes temas da sociedade. Ao mesmo tempo, a cultura entre pesquisadores, sobretudo no Brasil, ainda preza muito por projetos individuais e menos para gestão e divulgação como qualidades concorrentes ao esforço principal de fazer ciência. Para discutir como fazer pesquisa colaborativa de excelência, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) organizou mais uma edição da série Mentorias da ABC, dessa vez com o tema “Desafios na elaboração de projetos colaborativos e de espaços multiusuários de pesquisa”.

Foram convidados para compartilhar suas experiências a afiliada Marcia Mesko, professora de Química e chefe do Núcleo de Planejamento e Infraestrutura em Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel); os ex-afiliados Daniel Martins-de-Souza, professor de Bioquímica da Unicamp e coordenador de Biologia da Fapesp, e Mirco Solé, professor de Biologia na Universidade Estadual de Santa Cruz-BA (UESC).

Também participaram da discussão os afiliados José Rafael Bordin e Nara Quintão, que coordenam a série de Mentorias da ABC, e o vice-presidente regional da Academia para São Paulo, Glaucius Oliva.

Ciência colaborativa no Brasil

A pesquisa brasileira está gradativamente se transformando para se tornar cada vez mais coletiva e com infraestruturas compartilhadas. Conforme recordou Daniel Martins-de-Souza em sua apresentação, o crescimento da comunidade científica nas últimas décadas transformou um ecossistema que era composto principalmente por poucos especialistas ilhados em seus laboratórios e grupos de pesquisa próprios.

As primeiras experiências robustas com ciência colaborativa vieram apenas com a virada do milênio. A partir dos anos 2000 a Fapesp lançou os Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepid), que unem pesquisa básica e aplicada em grandes temas interdisciplinares de interesse nacional como câncer, urbanização, produção de alimentos e computação.

Já em 2005, o CNPq e o então Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lançaram o programa Institutos do Milênio, cujo objetivo também era concatenar a pesquisa em grandes temas, dessa vez a nível nacional. Em 2008, o programa evoluiu para o que são hoje os bem-sucedidos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs), mais de cem institutos espalhados pelo Brasil com a função de realizar pesquisa de ponta em temas estratégicos, formando pessoal especializado e difundido e internacionalizando a ciência brasileira.

Bate-papo na mentoria reuniu os afiliados Márcia Mesko, Nara Quintão e José Rafael Bordin, os ex-afiliados Daniel Martins-de-Souza e Mirco Solé e o vice-presidente regional da Academia para SP, Glaucius Oliva.

Os pilares da ciência colaborativa

  • Diversidade racial e de gênero: Grandes questões são por definição multifatoriais e com efeitos diferentes nos diferentes grupos populacionais. Analisar um problema como a violência no Brasil sem a presença de mulheres ou negros não faz o menor sentido. O mesmo pode ser dito para temas como mudanças climáticas, pandemias e educação básica.
  • Diversidade institucional: Diferentes universidades e institutos de pesquisa naturalmente possuem culturas e correntes de pensamento dominantes que influenciam na formação de seus alunos. Embora a relação entre instituições possa ser difícil na hora de colaborar, devido à diferenças na burocracia e regimentação, essa troca de visões é fundamental.
  • Interdisciplinaridade: Embora a ciência tenha se tornado cada vez mais especializada, manter pontes com outras áreas é crucial para não perder de vista os pontos principais de sua pesquisa. Nas palavras de Martins-de-Souza, “apresentar meu trabalho em congressos de outras áreas é sempre fantástico, pois é de lá que vem as perguntas elementares e fora da caixa”.
  • Interação com o setor privado: Alguns cientistas defendem que só é inovação quando chega na sociedade. Embora isso possa ser debatido, é fato que um dos papéis fundamentais da ciência é criar novos produtos, métodos e processos que contribuam com o bem-estar da população. Os palestrantes foram unânimes em defender que grandes centros compartilhados devem ser incentivados a parcerias e prestação de serviços junto ao setor privado.
  • Divulgação científica: Grandes pesquisas colaborativas devem contar com setores profissionais e especializados na comunicação de ciência. Não basta criar sites e redes sociais e dizer que divulga ciência, é preciso investir em produção contínua de conteúdo e diálogo constante com a mídia. “A sociedade tem o direito de entender o que está financiando”, resumiu Mirco Solé.

Direitos e deveres no compartilhamento de espaços

Um dos maiores desafios da colaboração científica surge na hora de compartilhar espaços. Laboratórios são ambientes controlados por definição, demandando que cada usuário compreenda seus direitos e deveres para evitar uma situação de “tragédia dos comuns”. Para Márcia Mesko, os grandes entraves para esse compartilhamento no Brasil são a falta de regras claras e de um corpo técnico especializado que dê suporte aos cientistas.

“A maior parte dos pesquisadores tem aversão a cargos de gestão desses espaços compartilhados justamente por falta de uma contrapartida institucional para a sobrecarga de trabalho que uma função dessas exige”, afirmou.

Márcia defendeu a elaboração de estatutos e regras de boas práticas mais robustas na hora de compartilhar bancadas. Ela também alertou para a necessidade de novos editais, inclusive para a manutenção de infraestruturas já existentes. “Manter, qualificar e ampliar um centro de pesquisa requer dedicação de seus usuários, mas também previsibilidade e investimento contínuo em CT&I”.

Submeter e gerir projetos coletivos

Mirco Solé trouxe sua experiência como avaliador de projetos para mostrar erros comuns que pesquisadores incorrem na hora de submeter propostas. “Não adianta ficar meses destrinchando a parte teórica da sua ciência e gastar 5 minutos escrevendo seu plano de gestão e comunicação. A concorrência por grants é alta, é preciso garantir que todos os requisitos foram satisfatoriamente cobertos”, afirmou.

O ex-afiliado sugeriu que os proponentes sintam-se livres na hora de submeter uma ideia para financiamento, incorporando uma narrativa por cima de seu projeto e não se prendendo a formalidades exageradas. “Os avaliadores já estão cansados de ler os projetos sempre no mesmo formato. Desde que cumpra os requisitos e explique bem sua ideia, podemos sempre ousar e inovar”, sugeriu.

Nesse ponto, o VP Regional da ABC Glaucius Oliva alertou que a colaboração não pode acabar na submissão. “Ganhar um projeto é muito diferente de gerir. Acontece muito de grupos se juntarem na hora de tentar um edital e depois vai cada um para o seu canto, assim o individualismo acaba vencendo”, alertou.

Para Oliva, os grupos pequenos de pesquisa devem agir como uma célula, interagindo com outras células para garantir o funcionamento do organismo. Ele defendeu também que a definição sobre grandes temas não pode ser uma decisão de cima para baixo, como aconteceu muito no governo anterior. “Precisamos urgentemente fazer uma nova Conferência Nacional de CT&I, a última foi em 2010, é de lá que saem as prioridades”.

Assista ao evento completo:

Mentorias da ABC: Desafios na elaboração de projetos colaborativos

É crescente a demanda da ciência brasileira por projetos que sejam planejados e executados de maneira colaborativa e multidisciplinar, utilizando plataformas de última geração, que estejam disponíveis para o maior número possível de cientistas. Claramente existe uma tendência de desenvolvimento nesse sentido, envolvendo grupos com diferentes expertises, que necessitam acesso assegurado a diversas plataformas de trabalho.

Dentro deste contexto, nesta atividade de mentoria serão evidenciados os principais elementos necessários para a construção de projetos colaborativos, bem como serão discutidas estratégias de planejamento e ampliação de acesso a plataformas multiusuários, visando o atendimento com qualidade e celeridade à comunidade científica. Serão também elencados e debatidos aspectos relevantes para a elaboração de propostas qualificadas e competitivas, do ponto de vista dos consultores de importantes agências de fomento à pesquisa do país.

Os apresentadores serão os professores Daniel Martins de Souza da (Unicamp, SP), Márcia Mesko (UFPel, RS), e Mirco Solé (Uesc, BA).

  • Daniel Martins-de-Souza foi membro afiliado da ABC entre 2017-2021. É biólogo, doutor pela Unicamp e realizou pós-doutorados no Instituto Max Planck de Psiquiatria, na Alemanha, e na Universidade de Cambridge, na Inglaterra. Foi líder de grupo na Universidade de Munique (LMU) e desde 2014 é professor de bioquímica na Unicamp. É membro do comitê de assessoramento do CNPq e coordenador da Área de Biologia da Fapesp. É bolsista produtividade 1B do CNPq.
  • Márcia Foster Mesko é membro afiliada da ABC desde 2020. É doutora em química pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), atuando na área de química analítica. É professora da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) desde 2009. Atualmente é chefe do Núcleo de Planejamento e Infraestrutura em Pesquisa junto à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação. É membro do Comite de Assessoramento da Fapergs desde 2013 e, atualmente, coordena o Comitê Interdisciplinar. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1C (Comitê de Química).
  • Mirco Solé foi membro afiliado da ABC entre 2012-2017. É biólogo, doutor em ciências naturais pela Universidade de Tubinga (Alemanha) e realizou pós-doutorado no Museu de Zoologia Alexander Koenig em Bona (Alemanha). É professor da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) desde 2006. Integra o Comitê de Seleção do Programa Capes/Humboldt e o Comitê Especial da chamada dos INCTs do CNPq 2022. É bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq nível 1A (Comitê Ecologia e Limnologia).

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Polêmicas em torno do Open Access são tema de 18ª Mentoria da ABC

Em novembro de 2020, trinta e três periódicos do grupo Nature anunciaram um novo modelo de publicação em Open Access (OA) que elevou as taxas de processamento de artigos (APCs) – valor pago exclusivamente pelos autores – para inacreditáveis US$11.390, algo em torno de R$60.000 na cotação atual. Esse valor equivale a mais de dois anos do valor médio pago pela Capes em bolsas de doutorado, e torna inviável a publicação de trabalhos brasileiros na mais prestigiosa revista científica do mundo.

A transição para o acesso aberto é uma tendência global, e suas consequências podem ser graves se não nos adaptarmos a tempo. Pensando nisso, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) convidou para sua 18ª mentoria, intitulada “Acesso Aberto: Impactos na Pesquisa Brasileira”, as Acadêmicas Alicia Kowaltowski e Márcia Barbosa, duas vozes ativas no alerta para os efeitos que as elevadas APCs têm na ciência brasileira.  

Open Access: uma transição problemática

Alicia Kowaltowski, titular da ABC

A ideia por trás do acesso aberto é tornar o conhecimento científico mais universal e inclusivo, e a pressão por sua adoção é cada vez mais forte nos países do Norte Global. Lançado em 2018, o Plano S é uma iniciativa de órgãos de fomento de 17 países, em sua maioria europeus, e demanda que seus pesquisadores publiquem exclusivamente em acesso aberto até o fim de 2024. Na mesma linha, a Secretaria de Políticas para Ciência e Tecnologia (OSTP) dos EUA anunciou recentemente que exigirá o mesmo de seus cientistas até 2026.

O Plano S até prevê isenções na cobrança das APCs para países de renda baixa, e descontos para países de renda média-baixa. O problema é que o plano utiliza as definições do Banco Mundial para essas classificações, englobando uma parte ínfima das nações que produzem ciência. Para se ter uma ideia, por essa definição nenhum país da América Latina é isento de cobranças, e apenas Honduras, El Salvador, Nicarágua e Bolívia têm direito a descontos. “Somos ricos o suficiente para ter pesquisa de ponta, mas pobres demais para arcar com o acesso aberto”, resumiu Kowaltowski.

A Acadêmica estimulou que os pesquisadores negociem com as revistas para reduzir as APCs. “A Fapesp estabelece um limite de R$12.000 para auxílio publicação, é preciso levar isso aos periódicos e se recusar a pagar além” sugeriu, “estudos recentes mostraram que o valor máximo gasto por revistas de ponta, como a Nature, para colocar artigos no ar é US$1.000, existe uma taxa de lucro alta no mercado editorial, se assemelha a um mercado de grife, então é possível barganhar”.

Kowaltowski reforçou que os pesquisadores dos países em desenvolvimento precisam se fazer ouvir pelas grandes editoras. Em março deste ano, a pesquisadora conseguiu espaço na própria Nature para publicar uma nota em que denunciava a falta de isenções e descontos para a ciência brasileira. Mas só a ação individual não basta, é preciso que as agências de fomento desses países tomem a dianteira, e tirem a responsabilidade da negociação das costas dos cientistas.

A situação do Brasil

Márcia Barbosa, titular da ABC

Uma das regiões mais afetadas pela tendência atual do OA, a América Latina, curiosamente, já possui um ecossistema de publicações em acesso aberto bastante acessível – através de plataformas como SciElo, Latindex e CLACSO. “Até pouco tempo atrás, a Scielo respondia pela maior parte das OA brasileiras, mas num ciclo de financiamento muito nacional”, explicou Márcia Barbosa, “para fora da região, a maior parte das publicações brasileiras são nos chamados megajournals, como a PLOS One e o Scientific Reports, revistas transversais com muito mais áreas e artigos, cujos custos são acessíveis”.

Outra característica importante do ecossistema científico brasileiro é a plataforma Periódicos Capes, que permite a nossos pesquisadores acesso a diversas revistas internacionais com assinatura. “É preciso remodelar a plataforma para quando a transição para o acesso aberto se completar, senão corremos o risco dessa verba ser redirecionada para outras áreas”, afirmou Barbosa, “precisaremos gradativamente passar do pagamento de assinaturas para o pagamento de APCs”.

Assim como Kowaltowski, Márcia Barbosa também defendeu que as instituições precisam tomar a dianteira nas negociações, e destacou o papel da Academia Mundial de Ciências para o avanço da ciência nos países em desenvolvimento (TWAS). “A TWAS tem bastante força nos países do BRICS, que são os mais afetados pela transição ao OA, trazê-los para perto, sobretudo a China, nesse momento é crucial”.

Mudança de filosofia

A forma como as políticas para ciência são pensadas no Brasil ainda é muito quantitativa e pouco qualitativa, e isso contribui para manter nossos pesquisadores reféns de altas APCs e até de publicações predatórias. Kowaltowski defendeu que os princípios da Declaration on Research Assessment (DORA) deveriam ser mais seguidos. Em particular, a DORA defende que as métricas de impacto baseadas nos periódicos tem uma série de limitações, e por isso não deveriam ter um peso tão grande na hora de avaliar pesquisas individuais.

Para Márcia Barbosa, o fator de impacto das publicações tem um peso grande por conta do volume enorme de submissões e do tempo restrito que as agências tem para avaliar os pesquisadores. Ela defendeu que uma nova metodologia seja adotada, na qual os cientistas façam um recorte de seus principais trabalhos e expliquem suas contribuições principais, mas para isso é preciso uma mudança de filosofia da própria comunidade científica. “Na última avaliação da Capes, houve uma tentativa nesse sentido que foi fracassada porque os próprios pesquisadores não se dispuseram a fazer essa seleção”, contou.

Pre-prints e pos-prints

Uma tendência recente no mundo das publicações científicas são os repositórios de pre-prints. Plataformas como a ArXiv, bioRxiv e medRxiv permitem que cientistas depositem seus artigos antes da etapa de revisão por pares, com vistas a já iniciar discussões e salvaguardar autoria de ideias. Apesar de existir alguma curadoria nesses arquivos, o que evita que materiais abertamente não-científico ou falsificado sejam publicados, a falta de revisão por pares mais profunda é ponto de controvérsia.

A discussão em torno dos pre-prints ganhou força durante a pandemia. Para se ter uma ideia, o volume de artigos depositados por dia no MedRxiv cresceu mais de oito vezes no início da Covid-19, o que permitiu um intercâmbio mais rápido de conhecimento científico numa situação de emergência. Entretanto, esse modelo acabou por oferecer uma plataforma para que estudos chegassem à mídia antes de passarem pelos controles de qualidade tradicionais da ciência, o que é um risco para o debate público.

Também existem repositórios de pos-prints, ou seja, artigos que já foram aceitos e passaram pela revisão por pares. Nesse modelo, trabalhos podem ser disponibilizados imediatamente ou após algum tempo de publicados, dependendo de como fica acordada a questão de copyright junto aos periódicos. As Acadêmicas defenderam o papel que esses repositórios cumprem no acesso aberto, e que devem ser, pelo menos, considerados na elaboração de políticas sobre o tema.

Assista a mentoria completa:

Mentoria da ABC debate o enfrentamento da desinformação científica

A Acadêmica Thaiane Oliveira junto de Glaucius Oliva, vice-presidente para a região de São Paulo e coordenador da séries de mentorias, e os organizadores do encontro, os membros afiliados  José Rafael Bordin e Nara Quintão.

O mundo passa por uma crise informacional muito grave. Em todo o planeta, a desconfiança nas fontes tradicionais de conhecimento é fomentada por interesses políticos e econômicos explícitos, e nem a ciência está a salvo. Pensando nisso, a Academia Brasileira de Ciências realizou nesta terça-feira, 25 de outubro, a mentoria “Enfrentando a Desinformação Científica”, com a nova afiliada Thaiane Oliveira.

Thaiane é professora do programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF); coordenadora do Laboratório de Investigação em Ciência, Inovação, Tecnologia e Educação (Cite-Lab) da UFF; pesquisadora do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Estudos Comparados em Administração de Conflitos (INCT-InEAC); pesquisadora da Cátedra Unesco de Políticas para o Multilinguismo; e membra afiliada da ABC eleita pela Regional Rio para o período 2022-2026.

A desinformação científica e o Brasil

De acordo com uma pesquisa de 2019 do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), 39% dos brasileiros são céticos em relação à ciência e 50% só acreditam quando a evidência científica corrobora suas crenças pessoais. Esses resultados estão acima da média mundial, e refletem uma sociedade que já estava impregnada em desinformação mesmo antes da pandemia. “É uma crise de descrédito das instituições epistêmicas, as pessoas começam a questionar autoridades que estavam estabelecidas, como médicos, cientistas, a mídia, o judiciário, e por aí vai”, explicou a Acadêmica.

Esse caos informacional não se dá de forma desinteressada. Pelo contrário, é semeado de forma coordenada e visando sustentar novas narrativas políticas. Para estudá-lo é preciso método e capacidade de compreender separadamente fenômenos que são semelhantes, mas não idênticos. Por exemplo, teses que simulam o rigor científico para fazer alegações inverificáveis e até metafísicas, como é o caso da astrologia, são chamadas de pseudociência. Mais graves são as posturas anticiência, que rejeitam completamente o método científico, e negacionistas, que se amparam no contraditório, natural do método, para constantemente fabricar incertezas onde existiam consensos.

Assim surgem as Fake Sciences, as notícias falsas científicas, que se apropriam de signos e estéticas da ciência tradicional para criar narrativas mentirosas e novas autoridades. Uma das formas de fazer isso é cooptando pessoas do próprio meio com alinhamentos ideológicos e agendas políticas, que acabam servindo de contraponto à imensa maioria da comunidade científica, tratada como corrompida através de teorias da conspiração. “O Brasil é o único país onde a história da cloroquina ainda circula. Isso ocorre porque aqui o tema foi impulsionado por pressão política e encontraram várias ‘autoridades’ para disputar a simbologia científica”, afirmou Oliveira.

Outro método de desinformação muito utilizado é a valorização da experiência individual como parâmetro de análise. Pessoas que supostamente haviam usado cloroquina e se curado foram tratadas como evidências sólidas, algo sem qualquer rigor metodológico – afinal de contas, a imensa maioria dos que contraíam covid-19 se recuperava, independente da medicação. Esse falseamento também foi utilizado contra as vacinas, e relatos inverificáveis pipocaram sobre supostos efeitos colaterais dos imunizantes.

Esse problema não está restrito às redes sociais, pois acabam englobando também os chamados veículos tradicionais. Para Thaiane Oliveira, a cobertura da pandemia pecou muito por não compreender o processo científico e privilegiar a controvérsia pura e simples, ao invés de explicar de forma cuidadosa e crítica o complexo trabalho dos cientistas. “A dúvida faz parte da ciência, o que não significa que essa dúvida deva ser midiatizada numa busca incessante pelo ‘outro lado’, sobretudo num momento de instrumentalização política. Isso não ajudou a compreensão pública”, avaliou.

Enfrentando o problema

Mas como combater a desinformação científica? Essa pergunta não tem uma resposta final, mas existem algumas alternativas.

A mais óbvia é a checagem dos fatos, e muitas agências voltadas apenas para esse fim surgiram nos últimos anos. Entretanto, é notório que a checagem tem alcance menor do que a mentira, que pode permanecer circulando mesmo após verificada. Pesquisas apontam que a checagem, para ser efetiva, deve trazer explicações detalhadas sem ancorar-se apenas no argumento de autoridade, enfatizando a correção e não o erro em si. As etiquetas de checagem e notificações nas redes têm contribuído para melhorar a comunicação nas plataformas, que estão lidando muito melhor com o problema do que há alguns anos.

Mas se o argumento de autoridade sozinho não é suficiente, continua sendo crucial estabelecer credibilidade, principalmente de divulgadores científicos que atuem para difundir informação de qualidade no debate público. Esses atores terão de enfrentar um ecossistema desigual, onde as mediações algorítmicas tendem a privilegiar a contradição e o engajamento, mesmo quando sem embasamento. “Cabe aos cientistas privilegiar abordagens multidisciplinares, levando em conta que as pessoas são influenciadas por todo um sistema de crenças e têm vontade de participar ativamente da construção do conhecimento”, enfatizou Oliveira.

Por último, Thaiane Oliveira destacou também um debate urgente que o Brasil terá de fazer: a regulamentação da informação e o papel da mídia. A legislação brasileira é anterior à internet e não previu muito de seus fenômenos. “Quando lideranças importantes apoiam a desinformação, fica muito difícil para o cidadão diferenciar. Esse é um debate delicado, mas que teremos que fazer alguma hora”, finalizou.

Combatendo a desinformação de dentro para fora da academia

“Sou de uma geração onde pensávamos que a educação era o mote de transformação do mundo. Esses tempos mais recentes têm me mostrado que não há uma correlação direta entre informação e racionalidade, já que houve um enfraquecimento desses laços”, comentou Glaucius Oliva (IFSC-USP), vice-presidente da ABC para a Região São Paulo e coordenador do evento.

O Acadêmico Paulo Murilo Castro Oliveira (UFF) trouxe para o debate uma outra questão preocupante: a desinformação vinda de membros da universidade. Referindo-se  principalmente aos casos de médicos que apoiaram o “tratamento precoce” contra a covid-19, o cientista afirmou que esse tipo de desinformação é ainda pior do que a que vem de fora, pois “desacredita a universidade e o todo o conteúdo produzido internamente”.

Complementando o tópico, Priscila Oliveira Silva Bomfim (UFF) apontou a existência de uma lacuna na formação dos cientistas em geral, que deveria ser prevista no plano pedagógico das universidades, abordando questões éticas e a comunicação cientifica para jornalistas. Ela destacou a necessidade de instauração de um movimento de debates em prol da inclusão de estudos de ética na formação acadêmica, com vistas à melhor formação profissional.

Para a a Acadêmica, apesar das ocorrências recentes a ciência brasileira teve mais acertos do que erros em relação propagação de conteúdo verdadeiro durante a pandemia. Para aprimorar a comunicação em pandemias e crises sanitárias futuras, Oliveira propôs a criação de um plano institucional de media training, capaz de criar uma ponte entre a informação científica e jornalistas. “Isso é muito importante para exercemos de fato nosso papel de transformação social”, explicou Oliveira. “Nossos cientistas precisam saber como comunicar suas descobertas de uma forma clara e acessível, para que os jornalistas não repassem informações equivocadas.”

Ciência como ferramenta política

O Acadêmico Marcelo Knobel (Unicamp) alertou para a guerra de narrativas que se instaurou nas redes sociais, independente de comprovação sobre a falsidade do conteúdo veiculado.

O ex-reitor da Unicamp defendeu a regulação das redes e das mídias sociais, com intuito de controlar o frequente assédio de que os cientistas têm sido vítimas. “O que temos vivido nos últimos tempos não é apenas desinformação, mas também ataques, acusações, discursos de ódio. Esses ataques precisam ser tratados de maneira correta, inclusive enquadrados dentro de uma legislação já existente.”

Para Knobel, não podemos continuar dando voz a esses ataques como se fosse algo natural ou fruto de uma falta de conhecimento científico. “Não podemos deixar a mentira tomar conta dentro dessa disputa de narrativas”, alertou Knobel, sinalizando o ataque reiterado às instituições científicas.

De acordo com Oliveira, esses fatos acentuam a necessidade de repensar o sistema educacional atual. “A partir do momento em que um sujeito acredita que a água com limão pode, de fato, curar o câncer ou que vacina é uma forma de controle em massa da população, é um sinal de que estamos pecando na educação em algum momento.” Ela propôs a inclusão da sociedade enquanto parte do processo de produção de conhecimento, para que equívocos como este sejam esclarecidos.

Combate ao ceticismo

Na opinião do Acadêmico Jorge Almeida Guimarães, ex-presidente da Capes e da Embrapii, há um jogo de interesses na relação governo e ciência. “Esse jogo é composto por múltiplas camadas, incluindo ceticismo, crenças, conservadorismo, além de razões politico-econômicas”, apontou. Em uma reflexão sobre o descaso com a ciência brasileira nos últimos anos, Thaiane Oliveira ressaltou que “o ceticismo enquanto um sistema de dúvida é comum, mas não pode ser utilizado como uma máscara para disfarçar o interesse politico e econômico relativo à produção de conhecimento.” 

Esse conflito de interesses, causado pelo desencontro entre conhecimento científico e os interesses dos governantes, precisa ser esclarecido para a população brasileira. Segundo Oliveira, o cinismo é um fenômeno complexo que precisa ser desvendado. “A pandemia permitiu que recuperássemos o entendimento e a percepção pública daquilo que desenvolvemos em nossos institutos. No entanto, o ceticismo também avançou”, explicou. “Esta é mais uma oportunidade para repensarmos nossos processos e formas de produção, de formação e de comunicação. O quão, afinal, estamos sendo efetivos?”

Saiba como foi a mentoria da ABC com Paulo Artaxo

Nesta terça-feira, 23 de agosto, a Academia Brasileira de Ciências retomou a série Mentorias da ABC, cujo objetivo é reunir pesquisadores de todas as áreas para debater temas comuns e atuais da prática científica. O tema desta edição foi “Ciência para Todos… Como comunicar?” e o convidado foi o climatologista e membro titular da ABC Paulo Artaxo, que compartilhou sua experiência de anos no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, sigla em inglês) e outros fóruns mundiais sobre mudanças climáticas. A mediação ficou por conta dos membros afiliados da ABC José Rafael Bordin e Nara Quintão.

Profissionalização da comunicação

“Sucesso profissional não é mais só publicar bem, mas conseguir se comunicar com a sociedade”. Foi com essa frase que Paulo Artaxo abriu a mentoria, ressaltando que, a seu ver, as universidades e instituições científicas brasileiras estão atrasadas no tema. Poucas possuem equipes especializadas em jornalismo e divulgação de ciência, capazes de fazer o meio campo entre o pesquisador e a sociedade. Um exemplo é a Diretoria de Divulgação Científica da UFMG, criada em 2010, que visa coordenar e dar suporte às várias iniciativas de divulgação existentes na universidade e também contribuir para o desenvolvimento da capacidade de comunicação de pesquisadores interessados através do curso de especialização profissional em Comunicação Pública da Ciência Amerek. Em setembro de 2021, o coordenador do Amerek, Yurij Castelfranchi, participou do 45º Webinário da ABC.

O suporte institucional e profissional à divulgação é fundamental, mas não basta. Artaxo destacou repetidamente a necessidade de os próprios cientistas internalizarem a comunicação na sua rotina de trabalho. “Publicou algo interessante? Divulgue, envie para a assessoria de comunicação da sua instituição, para as agências de fomento e sociedades científicas, para jornalistas especializados”, exemplificou. “Se eu soubesse como minha carreira ficaria mais interessante depois que passei a me comunicar, já teria feito há muito tempo”, acrescentou.

Os Acadêmicos José Rafael Bordin, Paulo Artaxo e Nara Quintão

Tão simples quanto possível, mas não mais que isso

O mundo hiperconectado caminha cada vez mais para uma ciência aberta feita com dados compartilhados. Artaxo defendeu esse processo, que torna as pesquisas mais dinâmicas e colaborativas. Nesse cenário, entretanto, a preocupação com uma boa comunicação aumenta, uma vez que o conteúdo passa a ser mais visto pelo público não-especializado. “É preciso explicar de forma tão simples quanto for possível – mas não mais simples que o possível!”, refletiu. “Como cientista, eu preciso saber explicar meu trabalho para minha mãe ou para minha filha”.

O IPCC, entidade internacional da qual o Acadêmico faz parte, passou quatro anos investindo em media training para seus membros, o que resultou na publicação Princípios para comunicação efetiva e engajamento público sobre mudanças climáticas, um manual para os pesquisadores do Painel. Esse preparo resultou em mudanças concretas no último relatório climático publicado pelo grupo. “Até o quinto relatório, de 2013, os efeitos dos gases de efeito estufa eram expressos em ‘watts por metro quadrado’. Já no sexto, de 2022, passamos a traduzir esses efeitos para ‘aumentos efetivos de temperatura’”, exemplificou. “É preciso simplificar a mensagem com conceitos do dia-a-dia”.

Artaxo trouxe algumas sugestões de ações efetivas que melhoram o a compreensão do público:

“Destacar as mensagens principais”

Além de simplificar a linguagem, os relatórios mais recentes sobre clima e meio ambiente passaram a dar bastante ênfase a recomendações concretas para os tomadores de decisão. Por exemplo, o Painel Científico para a Amazônia (SPA, em inglês), em seu relatório de 2021, destacou quatro medidas urgentes a serem realizadas: (I) Moratória do Desmatamento; (II) Zerar a destruição da Amazônia até 2030; (III) Restauração das áreas já degradadas; (IV) Promoção de uma bioeconomia que desenvolva a região com a floresta em pé. “São mensagens rápidas, simples e que vão direto ao ponto”, resumiu Artaxo.

Assim como o IPCC, o SPA também disponibiliza um manual de media training para seus colaboradores.

“Imagens são mais fortes que gráficos e tabelas”  

Gráficos e tabelas são partes cruciais de artigos e apresentações científicas, condensando informações e tornando mais fácil a visualização de tendências e conclusões. Entretanto, dependendo da plataforma e do público que se quer engajar, uma simples foto pode ser muito mais impactante. “Por exemplo, uma foto da enchente de 2021 em Manaus, com uma legenda de duas linhas dizendo quando e onde, mostra muito melhor os impactos desse evento na vida local que um gráfico da série histórica”, afirmou.

Cheia recorde do Rio Negro em 2021: imagem tem mais impacto que gráfico com série histórica (Foto: Serviço Geológico do Brasil)

“Utilize resumos gráficos [infográficos]”

Se a maioria dos gráficos feitos para artigos não serve para o público geral, existem formas de melhorá-los para a própria comunicação entre cientistas. Um recurso que vem sendo cada vez mais utilizado no estudo de ecossistemas é o Graphical Abstract, ou Resumo Gráfico, que acompanha o resumo do paper na primeira página, facilitando a visualização dos processos descritos. Para funcionar, um resumo gráfico precisa passar por um profissional de design, que deve ser parte integrante de qualquer equipe ou departamento de comunicação científica.

Exemplo de Resumo Gráfico sobre rios voadores (Ilustração de Julia Lima, com dados de MapBiomas e Luciana Gatti – Inpe)

Mudança de cultura

Para o Acadêmico, o ponto principal é que a ciência brasileira precisa de uma mudança cultural, que valorize a divulgação e o contato com o resto da sociedade. A extensão continua sendo o elo mais fraco no tripé das universidades brasileiras (ensino, pesquisa e extensão), cujos currículos ainda dão pouca atenção à comunicação. Essa falta de interesse se reflete até mesmo na busca por bolsas. “Os Projetos Temáticos da Fapesp oferecem bolsas para jornalismo científico, mas só 5% dos aplicantes as utilizam”, afirmou Artaxo. Para além da mudança no papel, é preciso transformar a mentalidade dos próprios cientistas, e enriquecer a formação dos alunos. “Somos financiados pela sociedade, prestar contas é nossa obrigação”, finalizou o palestrante.

CIÊNCIA PARA TODOS… COMO COMUNICAR?

Comunicar ciência é essencial nos dias de hoje. Como fazer isso da maneira mais efetiva?

No dia 23 de agosto, 3ª feira, às 16h30, o Acadêmico Paulo Artaxo, integrante do Painel Intergovernamental para Mudanças Climática (IPCC), vai fazer uma apresentação sobre diretrizes internacionais utilizadas para comunicação de ciência por meio de fantásticos relatos de experiências.

Atenção: A Mentoria da ABC do dia 23/8 não será para físicos ou climatologistas apenas, mas para todos os cientistas, jornalistas e pessoas interessadas em comunicação de ciência. Não perca!!

 


SOBRE O PALESTRANTE

Paulo Artaxo é professor titular sênior da Universidade de São Paulo. Trabalha com física aplicada a problemas ambientais, atuando principalmente nas questões de mudanças climáticas globais, meio ambiente na Amazônia, física de aerossóis atmosféricos, poluição do ar urbana e outros temas.

É membro da equipe do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) que foi agraciada com o Prêmio Nobel da Paz de 2007 e de vários outros painéis científicos internacionais e nacionais.

É membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da World Academy of Sciences (TWAS) e da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp). É vice-presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Entre diversos prêmios e homenagens, recebeu em 2016 o Prêmio Almirante Álvaro Alberto outorgado pelo CNPq, Marinha, MCTI e Fundação Conrad Wessel. É pesquisador emérito do CNPq. Em 2017 recebeu o Prêmio Globo Faz a Diferença e, em 2021, o prêmio Confap de Ciência e Tecnologia. Foi incluído na lista da Clarivate Analytics como pertencente ao 1% top dos pesquisadores mais citados no mundo em 2014, 2015, 2018, 2019 e 2020.

 

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Mentoria da ABC debate as oportunidades de estudo no exterior

A série de Mentorias da ABC em 2021 chegou ao fim no dia 8/12, quarta-feira, com um debate sobre o tema “Funding and Opportunities for Collaboration in USA and United Kingdom” (Financiamento e Oportunidades de Colaboração nos Estados Unidos e Reino Unido). Para debater esse tema, a moderadora Jaqueline Mesquita (membro afiliado da ABC) conversou com representantes das principais instituições de financiamento de estudos em ambos países: Luiz Loureiro apresentou a metodologia da norteamericana Fulbright, onde atua como diretor executivo; e Ryan Ahmed, gerente de International Grants da The Royal Society, contou um pouco mais sobre o processo seletivo da britânica.

 

Por dentro dos processos seletivos da Fulbright

O Programa de Intercâmbio Educacional e Cultural do Governo dos Estados Unidos da América foi criado em 1946, por lei do Senador J. William Fulbright. Atualmente chamado apenas de Fulbright, a organização tem como objetivo proporcionar um mútuo entendimento entre Estados Unidos e Brasil, através da troca de conhecimento, da diplomacia e do diálogo. Seu foco é atuar em qualquer discussão relevante sobre cooperação bilateral e acadêmica entre as duas nações.

Com uma política de governança binacional balanceada, composta por 6 representantes de cada país, o programa é custeado por meio de incentivos do governo e das embaixadas, uma vez que há uma forte parceria entre os três pilares.

A Fulbright incentiva o surgimento de novas lideranças científicas em diferentes níveis e áreas, fornecendo cerca de 230 novas bolsas para estudantes por ano. Esses incentivos são distribuídos entre diferentes níveis de estudo, incluindo doutorado sanduíche, professor sênior, desenvolvimento profissional. O processo para concorrer a uma vaga é longo, mas vale a pena: a primeira fase é aplicar o projeto na chamada disponibilizada pelo programa. Depois basta prestar atenção às fases seguintes, que incluem peer review e entrevista. É necessário residir no Brasil durante todo o processo seletivo. Para saber quais editais estão abertos e quais virão a abrir futuramente, visite o site da Fulbright.

Do montante de 387.416 bolsas concedidas ao redor do mundo desde seu surgimento, 4.923 foram concedidas para brasileiros estudarem nos EUA.

 

As oportunidades para estudar no Reino Unido

Ahmed expôs os três principais braços do plano estratégico da The Royal Society para 2017-2022, sendo eles: promover excelência em ciência, apoiar colaborações científicas internacionais e demonstrar a importância da ciência. Suas principais modalidades de financiamento duram entre 3 meses e 2 anos, sendo oferecidas bolsas de até 12 mil euros.

O processo seletivo é constituído por 5 fases: aplicação, critérios de elegibilidade, peer review, debate, decisão. Já os quesitos mais analisados pelos avaliadores são o mérito científico, validade das hipóteses e criatividade. Para saber quais chamadas estão abertas, visite o site da Royal Society.

 

Após a apresentação dos programas, os afiliados tiveram aproximadamente uma hora para solucionar dúvidas com Loureiro e Ahmed. As principais questões foram sobre a competitividade das bolsas (se brasileiros competem entre si, apenas, ou com estrangeiros também), que tipo de experiências prévias são mais valorizadas pelas instituições e, claro, oportunidades para jovens cientistas – o público-alvo das Mentorias da ABC. Apesar de a maioria das bolsas da Fulbright serem para pesquisadores com pelo menos 7 anos pós-término do doutorado, Loureiro afirma que há sim, oportunidade de crescimento para jovens cientistas, que ainda estão cursando o doutorado ou iniciando-o agora. Quanto à competitividade, a maioria dos programas de ambas instituições não são abertos para todos os países, sendo direcionados para um país específico.

O tão esperado workshop de Comunicação Científica! Não perca!

No dia dia 26/11, próxima sexta-feira, das 14:30 às 17h, será realizado um workshop de comunicação científica, com Catarina Chagas e Herton Escobar (USP). Cada um deles orientará uma atividade prática.

Este workshop havia sido idealizado para acontecer junto com as apresentações dos palestrantes, em mentoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC) realizada no dia 30 de julho. No entanto, o público foi grande e os debates se estenderam e, para não interromper, decidiu-se ao vivo organizar as atividades práticas – a melhor parte – em outra data exclusiva. 

As apresentações foram feitas pela jornalista Catarina Chagas, uma das autoras do livro “Manual de sobrevivência para divulgar ciência e saúde”; e pelo jornalista Herton Escobar, atualmente no Jornal da USP, tendo trabalhado com cobertura científica por 20 anos no jornal O Estado de São Paulo. Saiba mais aqui

Assim, estão todos convidados para o workshop – tanto quem participou da mentoria de 30/7 como novos interessados. 

Fiquem atentos! Não percam!

INSCREVAM-SE AQUI!

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