A partir de fevereiro de 2024, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) farão um webinário mensal, sempre na última terça-feira do mês, às 16h, convidando dois especialistas para discutir aspectos variados no âmbito da educação superior. Os Acadêmicos Aldo Zarbin e Sylvio Canutocoordenam a iniciativa.
Nesta próxima terça, dia 27 de fevereiro, às 16h, a série do Fórum da Educação Superior ABC/SBPC terá início, com o Acadêmico Simon Schwartzman e o médico Naomar Monteiro de Almeida Filho fazendo suas apresentações sobre o tema “Um resgate histórico sobre o ensino superior no Brasil”.
Simon Schwartzman Doutorado em Ciência Política pela Universidade da Califórnia, Berkeley, Estados Unidos. Pesquisador associado do Instituto de Estudos de Política Econômica do Rio de Janeiro (Casa das Garças). É professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), membro titular da Academia Brasileira de Ciências, grão-mestre da Ordem Nacional do Mérito Científico e comendador da Ordem do Mérito Educacional.
Naomar Monteiro de Almeida Filho Médico, mestre em Saúde Comunitária, Ph.D. em Epidemiologia. Professor aposentado de Epidemiologia no Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde coordena o INCTI Inovação, Tecnologia e Equidade em Saúde (Inteq-Saúde). Professor visitante no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP), onde ocupa a Cátedra Alfredo Bosi de Educação Básica, desenvolvendo estudos sobre a relação entre universidade, educação, história e sociedade.
O webinário teve como objetivo apresentar uma visão geral do movimento de Ciência Aberta (Open Science), comentando alguns dos desafios associados e oferecendo um conjunto de recomendações sobre o tema para a comunidade científica brasileira. A atividade pretende abordar algumas das facetas da Ciência Aberta, estimulando debates e iniciativas, bem como analisando seus diferentes aspectos e aplicações em diversas áreas.
Os palestrantes foram Claudia Bauzer Medeiros (Unicamp/ABC), coordenadora do webinário e do grupo de trabalho responsável pela publicação, Carlos Henrique de Brito Cruz (Elsevier/ABC), Fabio Kon (USP), Iscia Lopes-Cendes (Unicamp/ABC) e Ulisses Barres de Almeida (CBPF), que foi membro afiliado da ABC entre 2018 e 2022. Glaucius Oliva (USP), membro da Diretoria da ABC, foi o moderador.
O dia 5 de outubro de 2023 marca o aniversário de 35 anos da Constituição de 1988, a Carta Magna que fundou a Nova República sob a égide de valores democráticos. A data foi escolhida por uma mobilização de entidades científicas, lideradas pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (ABC), para comemorar o Dia Nacional de Defesa da Democracia. O objetivo é nunca esquecermos, ou de novo anistiarmos, atentados contra o regime democrático e o Estado de Direito em nosso país.
Em comemoração, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) organizou um webinário e convidou o antropólogo Ruben Oliven, vice-presidente da ABC para a regional Sul; o professor de filosofia na Universidade Federal da Bahia (UFBA) Wilson Gomes, especialista em comunicação política e democracia digital; e a presidente da ABC, Helena Nader, professora emérita da Escola Paulista de Medicina e que teve forte atuação em defesa da ciência e da democracia quando estas estiveram sob ataque.
Ruben Oliven – Mais do que institucional, democracia é uma prática de todos
A democracia não é um produto acabado, é um processo construído diariamente, não só nas instituições mas na própria célula da sociedade, o indivíduo. Ela envolve princípios e práticas cotidianas, ao que se reivindica direitos para si sem esquecer o dos outros. Ela envolve também a relação com as próprias instituições. “Democracia envolve, por exemplo, ser tratado com respeito pelo Estado, seja pelos hospitais, seja pela polícia, seja pela Justiça”, afirmou Ruben Oliven.
O cientista político e membro titular da ABC José Murilo de Carvalho, falecido em agosto de 2023, nos lembrava que no Brasil os diferentes tipos de cidadania foram conquistados de forma muito peculiar, e ainda está em construção. As conquistas sociais vieram primeiro, com os direitos trabalhistas, por exemplo, quando não havia ainda acesso universal aos direitos políticos. Estes vieram só depois, apenas em 1988, quando pela primeira vez o voto se tornou realmente universal – até então analfabetos não podiam eleger representantes, por exemplo. Mas existe uma terceira dimensão de cidadania que ainda não alcançamos, uma dimensão cívica, de práticas que atentem realmente para o fato de que somos todos iguais perante a Lei, o que ainda não é uma realidade brasileira. “Apenas este ano acabamos com o direito à cela especial, algo que instituía que brasileiros seriam diferenciados, por sua escolaridade, mesmo na hora da prisão”, exemplificou Oliven.
Ainda existem dois Brasis, completamente diferentes. Um Brasil não branco, que está pior em qualquer índice social e econômico, que ainda precisa lutar para ter reconhecida sua própria existência particular. Democracia passa também por diversidade. O Brasil construído desde 1930 criou um modelo de brasilidade hegemônico, que deveria funcionar do Oiapoque ao Chuí, sendo naturalmente excludente. “É por isso que, quando a democracia voltou, o que se viu foi o surgimento de muitos grupos que queriam ser vistos como brasileiros sem deixar de afirmar suas diferenças, é o caso de grupos feministas, negros, LGBTQIA+, movimentos religiosos como os neopentecostais, movimentos tradicionalistas regionais e por aí vai”, disse.
Num país viciado em desigualdade, é preciso perceber que essa característica é um freio para o desenvolvimento. Nesse sentido, uma política de amplo sucesso foram as ações afirmativas nas universidades, que democratizou o acesso ao ensino. “Nossas elites precisam perceber que não podemos ser tão desiguais. A economia poderia ser maior, os mercados poderiam ser mais amplos. Precisamos pensar em como reformar nossa polícia, nosso sistema judiciário, nosso sistema tributário, nosso sistema penitenciário, com base nos mesmos valores”.
Wilson Gomes– As muitas ideias de democracia
Por ser um processo em construção, não teremos um conceito único para democracia, o que abre margem para interpretações inclusive sabotadoras. Uma grande contradição, fortuita ou não, que temos no Brasil é que até mesmo aqueles que a atacam dizem defendê-la. “Todos dizem amar, mas quando perguntamos ‘Que democracia?’ as coisas divergem. A perspectiva de momento é otimista porque resistimos, graças à reação da sociedade civil organizada, mas foi por pouco”, lembrou Wilson Gomes.
Um dos grandes temas dentro de uma democracia é o da igualdade versus liberdade política, debate em alta no país. Isso se dá pois a própria democracia dá armas para seus oponentes, permitindo que autoritários sejam eleitos e instituições capturadas e desviadas de seu propósito fundador. “Parte dos atores políticos brasileiros ainda acredita que a outra metade irá sair. Isso se manifestou com força na direita mas também está presente em setores de esquerda. É preciso aceitar logo que todos temos o direito legítimo de estar na sala”, disse.
Isso é uma distorção do conceito de democracia. A ideia de que ao ganhar uma eleição, antidemocrático é tudo que não ganhou. Governos são eleitos para servir o Estado, mas o Estado ainda existe e é ele quem institui as “regras do jogo”. “O grande problema conceitual do bolsonarismo foi esse, achar que vencer uma eleição era um salvo conduto para passar por cima de outras instituições igualmente legítimas”, avaliou Gomes.
Wilson Gomes se descreve como um cientista da democracia, pois esta é seu objeto de estudo. Por isso ele se inquieta com o fato de que logo a primeira geração brasileira a crescer em um regime de liberdade quase cometeu uma espécie de “liberticídio”. “Essa foi uma decisão tomada de forma racional ao avaliar que a democracia estava abaixo de outras prioridades, no caso o combate à corrupção, à esquerda e à política institucional”.
Helena Nader – Compreensão histórica pela defesa da democracia
O Dia Nacional de Defesa da Democracia deve ser visto como uma comemoração da sociedade e não só do Estado, esse é o objetivo das associações que o sustentam na visão da presidente da ABC, Helena Nader. A cientista, que viveu a ditadura, se questiona enquanto cidadã onde foi que a sociedade brasileira errou, e chega à conclusão de que foi na educação histórica.
“Quando conseguimos recuperar a democracia, pensamos ‘vamos olhar pra frente’. Deveríamos ter insistido em punições. Não podemos esquecer o que foi 1968, a Batalha da Maria Antônia, a Passeata dos Cem Mil, o congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) organizado em Ibiúna na clandestinidade. O jovem precisa conhecer essas histórias. Não podemos esquecer os mortos e torturados.”
A falta de compreensão histórica acaba por trazer o passado de volta. “Enquanto ensinarmos que o Brasil foi descoberto, continuamos negando os povos originários, por exemplo. É preciso ensinar também à respeitar a Constituição de 1988 e o Brasil que foi fundado a partir dela”, afirmou Nader.
A presidente da ABC criticou o Projeto de Emenda Constitucional que tramita no Congresso para que o legislativo tenha o poder de não respeitar decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). “É um absurdo que algo dessa magnitude tenha sido aprovado em comissão no Senado em menos de um minuto”. Em outro ponto, Nader lembrou que defender a democracia passa também por denunciar autoritarismos externos. “Precisamos estar atentos ao que acontece na Nicarágua, por exemplo”.
Debate
Ao final, os participantes tiveram a oportunidade de conversar entre si e com Acadêmicos que acompanhavam o webinário. A questão da educação democrática foi apontada como necessária em todos os níveis. “O debate sobre polícia não deveria ser um sobre se é militar o civil, a questão é que tanto o policial militar como civil não aprende sobre democracia. O servidor que tem monopólio sobre a violência é o que mais precisa entender o que é uma democracia, e a soberania que o povo tem nela”, criticou Wilson Gomes.
Sobre democracia no ambiente universitário, Helena Nader abordou a mobilização grevista que vem se instalando na Universidade de São Paulo. “É algo legítimo, mas sinto falta de mais diálogo e pautas concretas. É preciso sempre deixar claro pelo que estão lutando”, disse.
A Global Young Academy convida seus parceiros ao redor do mundo para o evento de lançamento do relatório “De volta ao básico: a percepção dos cientistas sobre o estado global do financiamento para pesquisa fundamental“, que ocorrerá na terça-feira, 11/10/2022, das 7h às 8h30 (GMT-3).
Esse documento relata os resultados de um levantamento com cientistas de todo o mundo sobre o sistema de pesquisa, especificamente sobre o financiamento para ciência básica e aplicada. A ciência básica é aquela conduzida sem um foco em produto ou problema aplicado em mente e transformou a sociedade em inúmeras ocasiões. No entanto, recentemente, muitos cientistas de países de renda alta e baixa/média notaram que o financiamento para esse tipo de pesquisa se tornou menos acessível, necessitando mudar o rumo de seus trabalhos para campos com resultados mais imediatos e aplicados.
O objetivo central deste relatório é convocar os cientistas para uma grande ação coletiva, visando garantir que o valor desta fonte crucial de inovação seja reconhecido e preservado.
No dia 21 de junho, terça-feira, aconteceu a quarta e última edição da série de webinários “A Contribuição dos INCTs para a Sociedade”, organizada pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A segunda mesa desta edição abordou os INCTs que realizam pesquisa de fronteira, ou seja, aquela focada em tecnologias inovadoras de última geração, com potencial de revolucionar setores inteiros da economia e da sociedade.
Participaram os Acadêmicos Virgílio Almeida, ex-coordenador do INCT de Pesquisa na Web; Mayana Zatz, coordenadora do INCT Envelhecimento e Doenças Genéticas: Genômica e Metagenômica; e Marcos Pimenta, coordenador do INCT de Nanomateriais de Carbono. Também participou o geneticista Gonçalo Pereira, ex-diretor do Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE). As apresentações foram mediadas pelo vice-presidente da ABC, Jailson Bittencourt de Andrade.
INCTs e o Futuro Digital
“A segunda revolução industrial vai desvalorizar o cérebro humano como a primeira desvalorizou o braço”, afirmou o fundador da cibernética, Norbert Wiener, na década de 50. Naquela época, o mais potente computador pesava dez toneladas e tinha memória de 4 mil palavras. Desde então, o investimento contínuo em computação, robótica, softwares e neurociência trouxe inovações que revolucionaram o presente e nos permitiram vislumbrar futuros antes inimagináveis.
Mas para ter voz ativa nesse futuro é preciso investir na pesquisa nacional. Atualmente, o Brasil adota uma filosofia de importação de tecnologia que o relega a uma posição de dependência externa. Comprar os frutos da pesquisa de ponta do exterior significa pagar mais caro para ter apenas o resultado final, sem obter o conhecimento associado que é desenvolvido no processo. “Essa é a importância dos INCTs, não só na geração de inovação, mas de pessoal qualificado”, enfatizou.
Como exemplo, Virgílio Almeida trouxe o exemplo do INCT de Pesquisa na Web, que coordenou em 2009. Esse instituto foi responsável pela formação de 58 doutores, 311 mestres, além da criação de 3 start-ups nas áreas de inteligência artificial, big data e redes sociais. Outro destaque foi o Centro de Inovação em Inteligência Artificial e Saúde, que se utiliza de tecnologias de última geração para atuar em diagnóstico, prevenção, gestão de sistemas de saúde, medicina personalizada e modelagem de crises sanitárias.
“Grandes projetos geram conhecimento, resultados e retorno para a sociedade”, sumarizou o palestrante, que enfatizou a vantagem da criação de redes com objetivos ambiciosos, englobando os setores públicos e privados, e instituições nacionais e do exterior. “Precisamos trazer esses parceiros não apenas para o financiamento, mas para a definição de problemas a serem abordados, e também para o compartilhamento de bases de dados”.
Bases genéticas do envelhecimento
O Brasil hoje encontra-se num processo de transição demográfica com muitos paralelos no resto do mundo. Os avanços da urbanização e da medicina fizeram com que as pessoas tivessem cada vez menos filhos ao mesmo tempo em que vivem cada vez mais. Atualmente, já são mais brasileiros acima dos 60 anos do que abaixo dos 9, e a tendência é de que até 2060 mais de um quarto da população seja de idosos. Esse fenômeno desperta muitas questões sobre organização social e do trabalho, mas, acima de tudo, reacende a velha pergunta: como envelhecer com saúde e qualidade de vida?
O campo da genética tem muito a contribuir nessa questão, e avanços recentes só tornaram essas respostas mais promissoras. Para se ter uma ideia, o primeiro sequenciamento completo do genoma humano custou 3 bilhões de dólares e demorou 13 anos. Hoje, com as novas tecnologias em genômica, já é possível conhecer todo o material genético de um indivíduo em menos de duas horas e com um custo de 500 dólares. “Isso permite uma abordagem personalizada da medicina, estimando risco de doenças hereditárias e identificando mutações de interesse”, explicou Mayana Zatz.
Outra possibilidade é a criação de bancos de dados genéticos específicos para diferentes coortes da população. “Atualmente existe uma discrepância nos bancos genômicos internacionais, que tendem a super-representação de populações europeias”, afirmou Zatz, “nesse cenário, a diversidade étnica do Brasil é uma vantagem inestimável”. Como exemplo, a palestrante trouxe uma genotipagem feita de idosos brasileiros que revelou mais de 2 milhões de variantes genéticas desconhecidas. “Inclusive, identificamos algumas mutações cancerígenas em pessoas que nunca chegaram a desenvolver a doença. Talvez a diversidade possa ser um fator de proteção”, conjecturou.
Apesar desses dados serem promissores, o segredo da longevidade não está somente nos genes. “Diria que é 20% genética e 80% ambiente”, afirmou Zatz, lembrando que não existe uma única receita para se tornar um centenário. Entretanto, no que a genética pode contribuir as possibilidades são imensas, e a medicina do futuro tenderá a ser cada vez mais personalizada e preventiva. Além de conhecer nosso DNA, a pesquisa de fronteira possibilitou técnicas como a do CRISPR-Cas9 para edição gênica fina. “Combinando identificação de genótipos de interesse com edição gênica, podemos corrigir elementos deletérios e adicionar sequências protetoras para os mais diversos malefícios”, defendeu Zatz.
Potencial bioenergético brasileiro
A geração de energia é tema central para a economia e uma questão urgente para a ecologia. O petróleo hoje movimenta não apenas automóveis e máquinas, mas o próprio mercado financeiro. A dependência que a humanidade tem desse recurso é um dos maiores entraves para uma economia sustentável e ainda estamos distantes de uma solução. Mesmo o crescimento no uso de energias renováveis nos últimos anos não diminuiu a procura por petróleo, e isso nos obriga a considerar todas as alternativas. “Siga a energia e entenda a dinâmica da sociedade”, resumiu Gonçalo Pereira.
O palestrante fez uma enfática defesa dos biocombustíveis como a alternativa mais viável para substituir o petróleo, e também como uma área de potencial liderança brasileira. “O etanol é uma jabuticaba, por assim dizer, é uma grande oportunidade para o Brasil”, afirmou. Ele acredita que não existe um dilema de comida versus energia no país, como ocorria nos EUA na década de 80. “Temos imensas áreas de pasto improdutivas que poderiam facilmente ser adaptadas ao cultivo de biomassa”, defendeu.
O avanço brasileiro em biocombustíveis vai depender de investimento contínuo em pesquisa e inovação. O melhoramento genético pode aumentar ainda mais a produtividade da cana de açúcar. Outra possibilidade é o cultivo de agave, planta de semiárido que poderia ter muito sucesso no sertão brasileiro. “O sertão pode se tornar um pólo de biorrefinarias capaz de dobrar a produção de etanol brasileira”, sugeriu.
Para o palestrante, o fascínio atual com carros elétricos não se justifica pela sustentabilidade, uma vez que 85% da energia elétrica no mundo é produzida pela queima de combustíveis fósseis. “Emissões de carbono são um problema global e não local, não adianta nada reduzir em um lado para aumentar em outro”, explicou. Por fim, Pereira admitiu que motores elétricos tem maior eficiência energética que motores a combustão, mas defendeu que baterias movidas a etanol são mais eficazes e com menor risco ambiental e geopolítico do que bateriais de lítio. “A solução é bioeletrificar o etanol. Não é futuro, a tecnologia já existe”, finalizou.
Nanomateriais e aplicações
Nanomateriais são aqueles que estão na ordem de grandeza dos nanômetros, isto é, estão entre o tamanho de um vírus e o de uma molécula de DNA. São vários os exemplos de biomateriais utilizados hoje em dia, como transistrores (elemento mais básico de um chip), grafeno e nanotubos de carbono. O leque de aplicações desses compostos é imenso, e abrange a maioria dos setores econômicos, entre eles a indústria farmacêutica e eletrônica, o setor energético, telecomunicações e diversas engenharias.
Atualmente são cinco os INCTs trabalhando diretamente com nanomateriais. Pela própria diversidade de aplicações, esses institutos tendem a ser multidisciplinares e interagir fortemente com o setor privado. O Acadêmico Marcos Pimenta apresentou um pouco do INCT Nanomateriais de Carbono, que coordena. “A ideia central é que os compostos da eletrônica moderna, como os semicondutores, são majoritariamente a base de silício. Precisamos de alternativas para suceder o silício, e os nanomateriais de carbono tem propriedades muito promissoras”, explicou.
Conhecido como INCT NanoCarbono, o instituto aborda temas que vão desde problemas teóricos básicos, até soluções em sustentabilidade e aplicações industriais. “Participamos do desenvolvimento de cimentos mais resistentes com nanotubos, polímeros mais adaptados à extração mineral e de petróleo, e também de pesquisas com monitoramento e nanotoxicologia”, exemplificou Pimenta. Desde que foi fundado, o INCT se faz presente em 12 estados brasileiros, e auxiliou na formação de mais de 900 mestres e 500 doutores, e na publicação de mais de 1.200 artigos com impacto internacional. “Os recursos mais valiosos de qualquer país são as pessoas”, finalizou.
¶O Programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCTs) se caracteriza por grandes projetos de pesquisa de longo prazo, de alto impacto científico e de formação de recursos humanos, em redes nacionais e ou internacionais de cooperação científica, envolvendo pesquisadores e bolsistas das mais diversas áreas.
Como forma de promover o acompanhamento das realizações dessa rede pela sociedade, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) estão organizando uma série de quatro eventos, os “Webinários ABC/CNPq: a Contribuição dos INCTs para a Sociedade”.
Começamos com a Sessão de Abertura, em 31 de maio, com falas de autoridades, seguidas por apresentação do vice-presidente da ABC, Jailson Bittencourt de Andrade, sobre “Os INCTs e o Futuro do Brasil“. Em 7 de junho, o webinário tratou de “Desigualdade e Democracia” e “Sustentabilidade do Planeta“. Já em 14 de junho, os temas foram “INCTs e Saúde Única (One Health)” e “INCTs – Segurança Energética, Alimentar e na Saúde”
Veja abaixo a programação do último webinário da série, no dia 21 de junho, das 16h às 18h.
Os participantes da primeira mesa do evento de 14/6
No dia 14/6, ocorreu o 3º encontro da série “Webinários ABC/CNPq: a contribuição dos INCTs para a sociedade”, que trouxe para o centro da discussão dois temas: INCTs e Saúde Única (One Health) e INCTs – Segurança Energética, Alimentar e na Saúde.
O Programa Institutos Nacionais de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCTs) é caracterizado por grandes projetos de pesquisa de longo prazo, de alto impacto científico e de formação de recursos humanos, atuando em redes nacionais e/ou internacionais de cooperação científica e integrando pesquisadores das mais diversas áreas. A Academia Brasileira de Ciências (ABC) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPq) se uniram para promover uma série de quatro eventos para visibilizar as mais realizações dessa rede. No total, serão realizados quatro encontros. O último será realizado em 21/6 – veja aqui mais informações.
Para debater o primeiro tema do dia, foram convidados os cientistas Adalberto Val (Inpa, vice-presidente da ABC para a Região Norte); Afonso Luís Barth (HC-UFRGS); e os representantes da Fiocruz Carlos Morel (membro titular da ABC) e Thiago Moreno (membro afiliado da ABC no período de 2017-2021).
INCTs da região Amazônica
“Não tem como pensar em ciência sem que ela esteja toda interligada. Ainda mais num país com as dimensões e os desafios que temos”, avaliou Adalberto Val, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa). “Não dá mais para falarmos sobre mudança climática e geração de renda sem falarmos de todo o conjunto de ecossistemas que acabam sendo afetados.”
Ele deu destaque para o Centro de Estudos de Adaptações Aquáticas da Amazônia (INCT-Adapta), que coordena. Segundo ele, no início o Adapta era um pequeno grupo de pesquisadores que se reuniu em torno da ideia e, hoje, são mais de 100. Os estudos realizados no Adapta têm como objetivo contribuir para avanços no entendimento de como organismos da biota aquática se adaptam às mudanças ambientais, expandindo também seu escopo para as mudanças naturais e aquelas causadas pelo homem, incluindo as mudanças climáticas. A diversidade de mecanismos em todos os níveis da organização biológica é o alvo das várias linhas de pesquisas. O Adapta conta com um grande herbário virtual, com mais de 11 milhões de registros de algas e plantas que, no último ano, recebeu cerca de 140 milhões de consultas diárias.
Além da grande biodiversidade, a Amazônia também possui um histórico diferenciado de movimentos tectônicos e mudanças climáticas – características destacadas por Val, que alerta sobre a escassez INCTs na região. “Temos uma grande mistura de organismos vivendo nesses locais, uma imensa quantidade de informações em papel muito importante. Há um conjunto imenso de ecossistemas espalhados pela Amazônia e poucos INCTs para estudá-los.”
Ele percebe que as questões relacionadas às mudanças climáticas na Amazônia têm um grande impacto em toda a região Norte. ‘O aumento da acidez e da temperatura das águas dos rios, por exemplo, influencia na qualidade da vida dos peixes – a principal fonte de proteína dos nortistas. O Rio Negro, por exemplo, já possui suas águas naturalmente ácidas e têm seus níveis de acidez ascendendo constantemente. Atualmente, a temperatura máxima de suas águas é de 33ºC – quase o limite da tolerância térmica crítica dos peixes caracídeos, principal família existente na Amazônia, que resistem à até 38ºC”, observou.
O vice-presidente da ABC para a região Norte destacou também a atuação de outros INCTs que estudam a biodiversidade de diversas regiões do país, como o baiano In-Tree, que realiza investigações inter e transdisciplinares na área de ecologia e evolução; o paulista INCT-Bionat que estuda a química de produtos naturais escondidos na biodiversidade brasileira; e o Inau, do Mato Grosso, que estuda o uso sustentável das áreas úmidas.
De acordo com o palestrante, é fundamental usar as informações que os INCTs vêm produzindo para elaborar novas estratégias de saúde pública. “Os INCTs têm contribuído muito com a descoberta de novas zoonoses que representam ameaça, por exemplo. É muito provável que essa interação próxima que temos com a mata e com a diversidade biológica nos traga problemas no futuro”, afirmou.
Val encerrou sua participação afirmando que os INCTs que estudam a biodiversidade amazônica já capacitaram inúmeros profissionais, além de estarem contribuindo de forma efetiva com dados, informações e novas tecnologias, mas falta apoio político. “É por isso que eu prego a união dos INCTs”, justifica o pesquisador. “Somos apenas dois em toda a Amazônia, que representa cerca de 60% do território brasileiro. Não temos braços para colaborar com os outros 100 INCTs que existem.”
Novos fármacos e doenças negligenciadas
Carlos Morel e Thiago Moreno trabalham na Fiocruz, especialmente no INCT em Inovação em Doenças de Populações Negligenciadas (INCT-IDPN), que existe desde 2020 e se dedica à pesquisa translacional – ou seja, pesquisas que tentam “cruzar o vale da morte”.
Um dos novos focos que o grupo destaca é a mudança do conceito de “doença negligenciada” para “população negligenciada”. Um exemplo disso são os pacientes com câncer, que não é uma doença negligenciada, mas que exige que o paciente se desloque quilômetros para obter tratamento em um bom hospital.
Morel destacou a precariedade dos laboratórios dos INCT, que foi destacada pela pandemia de covid-19: os laboratórios de nível de segurança 2 eram maioria na Fiocruz e a pesquisa sobre covid-19 requer laboratórios de nível 3. Estes, que eistiam, mas em menor número, ficaram congestionados. “Esse é um exemplo clássico de como o Brasil está despreparado no espectro da biossegurança”, apontou Morel.
O Acadêmico destacou a importância das parcerias acadêmicas para o desenvolvimento de novos projetos. Mencionou o Sistema Único de Saúde (SUS) e instituições internacionais, como a Universidade de Liverpool e os Institutos Nacionais da Saúde (NIH, na sigla em inglês), assim como a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan). “Temos novas urgências para demandas não atendidas”, disse Morel.
Segundo Thiago Moreno, as doenças endêmicas que mais têm preocupado brasileiros ao longo da última década – zika, chikungunya, dengue e até mesmo covid-19 – derivam de um processo de degradação ambiental que faz com que alguns patógenos rompam a barreira animal e cheguem até os humanos. Em parceria com o Instituto Oswaldo Cruz, está sendo desenvolvida uma nova linha de pesquisa com este foco.
A integração entre profissionais de diversos setores é fundamental para o estudo dessas doenças ainda pouco ocnhecidas. Nesse sentido, o atual momento nos laboratórios da Fiocruz é de otimismo: com grandes parcerias, trabalhos de alto impacto estão sendo selecionados. A Coalizão Covid-19 tem facilitado a progressão no desenvolvimento pragmático de novos medicamentos antivirais e até mesmo na elaboração de possíveis imunizantes nacionais. “Estamos nos empenhando para caracterizar as ondas genéticas de Sars-Cov-2 no Brasil em função do perfil do fenotípico viral. Dessa forma, é possível perceber como as ondas de covid se comportaram no Brasil de 2020-21 e como as variantes impactam no aumento global de casos.”
Transdisciplinaridade nos laboratórios
“Saúde única exige transdisciplinaridade, apoio às pesquisas colaborativas”, apontou Afonso Luis Barth, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (HC-UFRGS). O cientista destacou a atuação dos INCTs da área da saúde que, mesmo não especializados em covid-19, estão atuando ativamente há dois anos no desenvolvimento de ferramentas de diagnóstico e de fármacos para o tratamento. “Os INCTs desenvolveram um kit nacional para diagnóstico da covid-19 e, atualmente, trabalham na produção de um imunizante 100% nacional”, conta Barth, destacando o trabalho dos INCTs de Investigação em Imunologia (iii-INCT) na produção de uma vacina nasal brasileira. Barth destaca uma questão ainda mais atual, que preocupa toda a população: os casos de varíola de macacos. Ele garante, de antemão, que a doença não terá as mesmas proporções que a covid-19.
Barth destaca a excelência de outro INCT: o Instituto Nacional de Pesquisas em Resistência a Antimicrobianos (INCT-Inpra), que atua na detecção rápida de mecanismo de resistência aos antibióticos. Este INCT estima que cerca de 25% das prescrições de antibióticos são desnecessárias. Dado que cerca de 80% das vendas de antibiótico são para uso veterinário, conclui-se que há uma grande quantidade de conteúdo tóxico escoando diretamente para os lençóis freáticos e influenciando a qualidade dos vegetais. De acordo com Barth, isto resulta nas superbactérias, com alta resistência aos antimicrobianos. “A resistência a antibióticos é um dos tópicos que a Organização Mundial da Saúde (OMS) coloca como prioridade”, relatou o palestrante.
No dia 14 de junho aconteceu o terceiro webinário da série “A Contribuição dos INCTs para a Sociedade”, organizado pela Acadamia Brasileira de Ciências (ABC) e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Esta edição foi mediada pela presidente da ABC, Helena Bonciani Nader, e pelo presidente do CNPq, Evaldo Ferreira Vilela.
A segunda mesa do evento teve como tema “Segurança Energética, Alimentar e na Saúde”, e contou com a participação de Marcel Bursztyn, coordenador do INCT Observatório das Dinâmicas Socioambientais (INCT Odisséia); e dos Acadêmicos Mariangela Hungria, coordenadora do INCT em Microrganismos Promotores de Crescimento de Plantas (INCT MicroAgro) e João Batista Calixto, coordenador do INCT-INOVAMED.
Produtividade e sustentabilidade
O Brasil é o quarto maior produtor de grãos do mundo e o segundo maior exportador. Enquanto a participação da agricultura no PIB global gira em torno de 4%, no Brasil ela é de 27%, o que leva o país a ser considerado “celeiro do mundo”. Mas ao contrário do que prega uma visão ultrapassada de desenvolvimento, o avanço da fronteira agrícola por sobre biomas naturais não explica esse cenário. Pelo contrário, apenas 8% do território nacional é lavoura, cuja produtividade é dependente de contínuos investimentos em pesquisa e inovação. “O nosso desafio atual é aumentar a oferta de alimentos de forma sustentável”, resumiu Mariangela Hungria.
Mas agricultura sustentável não significa apenas manter os biomas em pé. O Brasil é atualmente o primeiro país em uso de agrotóxicos por área cultivada, o que traz consequências graves não só para o meio ambiente, mas para o consumidor final. Apesar desse uso intensivo, o país é completamente dependente do mercado externo para adquirir esses defensivos, importando cerca de 85% do utilizado. Essa dependência externa já foi abordada em recente webinário da ABC, e urge ao país que desenvolva alternativas nacionais e sustentáveis para esses compostos. Para a palestrante, o objetivo final nessa área tem de ser a substituição total ou parcial dos compostos químicos importados por bioinsumos nacionais.
Já na pecuária, o Brasil é atualmente o terceiro maior produtor de carne do mundo e o primeiro em exportações. O país possui o maior rebanho bovino do planeta, o que traz dilemas sérios quanto ao uso da terra e emissões de metano, que contribuem para as mudanças climáticas. Outro problema é a mortandade, e cerca de 8% do rebanho nacional, algo em torno de 16 milhões de cabeças de gado, é perdido todo ano.
“Temos inúmeros desafios, mas graças aos INCTs nós possuímos a competência necessária em tecnologia e inovação para superá-los”, afirmou Hungria, que listou diversos exemplos de institutos que estão atuando no desenvolvimento do agro brasileiro. Ela frisou que não se trata apenas de criar novos produtos, mas fortalecer toda a cadeia de pesquisa e auxiliar os produtores na implementação. Por fim, a palestrante refletiu sobre uma contradição no destino final da produção: “a agropecuária brasileira tem capacidade de alimentar até 800 milhões de pessoas, mas temos 33 milhões passando fome”.
Segurança em medicamentos
Se o Brasil é fortemente dependente na área de fertilizantes, o cenário é ainda pior quando falamos de medicamentos. Atualmente o país importa 90% dos remédios que consome, o que impõe uma pressão imensa no orçamento do SUS. Nosso parque industrial da saúde deixou de focar em inovação para se dedicar quase que exclusivamente à produção de genéricos, e os efeitos disso ficaram cruelmente expostos durante a pandemia da covid-19. Com o envelhecimento da população e o surgimento de novas doenças, a tendência é que esse cenário se agrave. “Precisamos urgentemente de um plano de Estado para reduzir essa dependência”, alertou João Batista Calixto.
A indústria farmacêutica é a que mais investe em inovação no mundo, dedicando cerca de 20% de seu faturamento à pesquisa e desenvolvimento. Investimentos nessa área são naturalmente de alto risco, pois os valores necessários estão na casa dos milhões de dólares. O processo completo, desde a identificação de um possível alvo terapêutico até a disponibilização de um medicamento, leva em média uma década e tem taxas de sucesso extremamente baixas. Com isso em mente, se o Brasil pretende se tornar autossuficiente nessa área, a participação do Estado é indispensável.
Atualmente, são 40 INCTs que atuam na saúde, área com maior representação no programa. Esses institutos atuam em todos as etapas do desenvolvimento de terapias, desde a ciência básica até os últimos testes clínicos. Entretanto, alguns gargalos ainda persistem. “Até 2014 o Brasil não tinha nenhuma instituição capaz de ligar pesquisa básica até testes pré-clínicos, o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP) foi o primeiro”, conta Calixto, “mas o maior entrave continua sendo a fase 1 de testes clínicos, que ainda conta com poucos centros no país”.
No momento, o projeto dos INCTs em saúde se encaminha para a terceira fase, e superar esses gargalos deve ser prioridade no planejamento. Para Calixto, essa nova fase deve incentivar a pesquisa translacional, ou seja, a pesquisa que perpassa as diferentes etapas do desenvolvimento de medicamentos (que foi tema do Webinário 47 da ABC). Além disso, deve estimular a interação entre INCTs e a indústria. “Sobretudo, precisamos focar nos pesquisadores, que precisam receber cursos sobre aspectos regulatórios e, principalmente, serem incentivados a criarem start-ups a partir de seus projetos de pós-graduação e pós-doutorado”, finalizou.
Em busca de novos nexos
Marcel Bursztyn começou sua apresentação trazendo um breve histórico da ciência orientada a desafios brasileiros. Desde os anos 70 o CNPq já era pioneiro no financiamento de programas integrados, como no combate a doenças tropicais, na adaptação do solo brasileiro à agricultura e no desenvolvimento da genética. Essas primeiras experiências foram fundamentais para a criação de redes e para consolidar a ideia de uma pesquisa voltada ao mundo fora da academia. “A criação dos INCTs em 2008 é fruto de uma série de esforços para o fortalecimento de comunidades científicas de excelência”, resumiu o palestrante.
Em seguida, Bursztyn apresentou a abordagem “Nexus”, desenvolvida pela ONU na década de 80, que tratava da demanda concorrente por terras para cultivo de alimentos e de biomassa para geração de energia. O choque do petróleo na década de 70 fomentou uma corrida por formas alternativas de combustível, o que gerou um debate sobre os riscos de se retirar áreas cultiváveis da produção alimentícia. “O Nexus do século XXI está na relação entre a produção alimentícia, hídrica e energética e a vulnerabilidade do planeta às mudanças climáticas”, afirmou.
Utilizar essa abordagem para enfrentar os problemas atuais significa, essencialmente, integrar áreas do conhecimento, políticas públicas e atores sociais. “Quando desenvolvemos políticas para o clima, por exemplo, elas necessariamente terão impactos no setor agrícola e energético. Por isso, chamar para o diálogo representantes dessas áreas é crucial”, explicou Bursztyn, que destacou o papel fundamental que os INCTs cumprem nessa integração. “Existe uma predisposição à colaboração dentro dos institutos, falta um arranjo institucional que a incentive”.