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Ciência para a defesa da vida

O presidente da ABC, Luiz Davidovich, divulgou posicionamento da Academia Brasileira de Ciências, em 25/3:

Neste momento de grave crise sanitária, econômica e social, a Academia Brasileira de Ciências vem afirmar a importância de políticas públicas baseadas na evidência científica, visando controlar a magnitude da epidemia Covid-19 e reduzir o sofrimento da população.

O primeiro caso de Covid-19 no mundo foi relatado na China no final de 2019. Em menos de três meses a doença se espalhou pelo mundo e virtualmente todos os países relatam casos dessa doença. Os números hoje (25/03/2020) são gigantescos, atingindo jovens e idosos, para uma doença que não existia há apenas três meses: 441 mil casos, mais de 19 mil mortes. Na Europa, atual foco da doença, sistemas de saúde estão sobrecarregados. Já nos Estados Unidos, casos aumentam exponencialmente e o sistema de saúde já começa a sentir os impactos da doença. Apenas em Nova Iorque, são mais de 15 mil casos e 192 mortes (25/03/2020), com número em franca expansão. Nesse ritmo, espera-se um aumento de casos de 10 vezes a cada semana, se nenhuma atitude for tomada.

Graças à ciência, conhecemos o agente causador e como ele provavelmente entrou na cadeia de infecção entre seres humanos; sabemos como diagnosticar de forma precisa quem está infectado; conhecemos as formas de contágio e conhecemos estratégias que impedem a sua transmissão na população, que tiveram sucesso na Coreia do Sul, Japão, Singapura e Hong Kong. Sabemos como tratar clinicamente (através de suporte ventilatório), e isso vem se aprimorando nos últimos dias. Conhecemos também alguns experimentos in vitro, que são promissores para algumas drogas, como a cloroquina. Mas esse fármaco nunca se mostrou benéfico em outras viroses em que também havia dados in vitro promissores. Por isso mesmo, é necessário fazer ensaios clínicos de forma controlada, com revisões independentes, para demonstrar o real benefício (ou não) do fármaco e investigar como eliminar efeitos secundários danosos, que podem levar à morte do paciente. Esses ensaios clínicos estão em andamento no Brasil e em todo mundo, na tentativa de demonstrar a eficácia desse e outros medicamentos.

Estratégias de isolamento social têm um papel extremamente importante no enfrentamento desta crise. Visam a organização dos serviços de saúde para lidar com esta infecção que, apesar de grave, pode ser bem tratada por um sistema de saúde organizado e bem dimensionado (como na Alemanha). O Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde de vários Estados da Federação estão agindo corretamente, ao seguirem as recomendações da ciência e os exemplos exitosos de outros países.

A Academia Brasileira de Ciências acompanha a presente crise com preocupação e também com a determinação de fazer valer a evidência científica. Membros da ABC estão empenhados, noite e dia, no enfrentamento dessa epidemia.

É importante que as autoridades governamentais demonstrem sua adesão aos preceitos e precauções recomendados pela ciência e pelo sistema de saúde, pelo bem da população brasileira. Este é um momento de solidariedade e de responsabilidade. Em defesa da Vida.

Luiz Davidovich
Presidente da Academia Brasileira de Ciências

Acesse o pdf da nota.

 


ABC na pandemia do coronavírus: conhecer para entender!
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Nota sobre atuação do Ministério da Saúde

Leia na íntegra a nota publicada no dia 24 de março e assinada por Lincoln Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), Mauro Ribeiro, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), e Rubens Belfort, Acadêmico e presidente da Academia Nacional de Medicina (ANM):

COVID-19: Nota sobre atuação do Ministério da Saúde

Crises são caracterizadas por constantes mudanças de cenário. De uma hora para a outra, as variáveis podem se modificar radicalmente, fazendo com que estratégias previamente traçadas possam, com grande volatilidade, se tornar ineficazes.

Assim, constitui erro capital, nas crises, sustentar opiniões ou posições que perderam a validade em decorrência da evolução dos fatos. Por isso, o enfrentamento da situação com total transparência torna-se fundamental.  É preciso que todos entendam o cenário, as mudanças que nele impactam e, por consequência, a busca de novas estratégias e ações.

Nesse sentido, o Ministério da Saúde, capitaneado por Luiz Henrique Mandetta, tem atuado de forma precisa e responsável. Os transparentes relatos com atualizações constantes sobre a pandemia da COVID-19 nos ajudam a entender o cenário atual, as perspectivas de soluções, e estimula nossa participação colaborativa. O respeito com o qual o Ministério vem tratando os médicos e demais profissionais de saúde, bem como o empenho para resolver questões relevantes à classe, como a disponibilização de EPIs, aumento de respiradores, leitos de UTI, estratégias e logística para o enfrentamento desta pandemia encoraja ainda mais a categoria para avançar na linha de frente e cumprir seu papel, resguardando a segurança de todos e a assistência à população.

A incansável luta contra outra praga desta crise, as fake news, também tem sido louvável. É necessária, uma vez que a propagação de notícias falsas e alarmistas pode criar danos enormes à saúde e ao bem-estar da população. A hora é de união e colaboração e de apoio ao Ministro Mandetta e toda sua equipe ministerial. Precisamos estar atentos, alertas, críticos quando necessário, propositivos na segurança dos médicos e demais profissionais de saúde, mas sempre seremos colaborativos.

Academia Nacional de Medicina (ANM)
Associação Médica Brasileira (AMB)
Conselho Federal de Medicina (CFM)

Comunicado da Academia Nacional de Medicina

Leia nota divulgada em 18/3 pelo presidente da ANM e membro titular da ABC, Rubens Belfort:

“A hora é de extrema gravidade e a Academia Nacional de Medicina vem elogiar e reafirmar o total apoio ao trabalho da equipe do Ministério da Saúde, reiterando a importância da condução do esforço nacional pelo Ministro, a maior autoridade sanitária do país. Reconhecendo a eficiência dos gestores na luta contra o COVID19, vem, no entanto, manifestar preocupações, apoiar e sugerir ações a serem energicamente implantadas.

São elas:

1. Intensificar, com ações imediatas (e de máxima eficiência), medidas de distanciamento social, incluindo praias, museus, bibliotecas, parques etc., para diminuir a proximidade entre as pessoas e conseguir menor mobilidade. A persistência de praias lotadas, bares com multidões, manifestações e aglomerações, bem como parte da imprensa seguir, com irresponsabilidade, glorificando festas e reuniões sociais são inadmissíveis.

2. Exigir maior coerência de ações e depoimentos de autoridades com as normas e orientações sanitárias, como não comparecer a atos, reuniões e manifestações públicas.

3. Não apenas diminuir, mas reorganizar o transporte público, por ser transporte de massa com grande e imediata dispersão de seus passageiros. Recomendar a ventilação de ambientes como a abertura das janelas em casas e nos transportes públicos e individuais e evitando elevadores e ambientes fechados.

4. Reforçar a importância de tentativa de rastreamento de contatos e testagem em larga escala com importação de testes diagnósticos e rápida regulamentação, registro e liberação.

5. Vigilância sobre os comunicantes infectados, seja colocando-os em hospitais, seja regulando e acompanhando a observação de regras de auto isolamento e de limitação de deslocamento espacial, usando tecnologia com base em telefones celulares.

6. Considerar a diminuição e mobilidade interna no país, tratando de poupar regiões ainda não tão acometidas. Proibir atracações de barcos de turismo internacional e nacional, diminuir o trânsito interestadual e preservar regiões, estados e cidades, ainda sem transmissão local, além de regular a entrada de estrangeiros, exceto em missões oficiais de saúde.

7. Promover a total integração dos sistemas público e privado com reorganização imediata do atendimento médico, colocando o sistema privado de maneira integrada ao sistema público (MS, estados e municípios), com sistema de redes, cancelando cirurgias eletivas e ambulatórios de doenças de tratamento não urgentes. Compra emergencial de equipamentos.

8. Fortalecer em caráter emergencial, a atenção básica (saúde da família, centros de saúde, policlínicas, Upas, etc), porta de entrada do sistema, com criação de centros pre-hospitalares para atendimento presencial e orientação.

9. Responder à necessidade de atenção especial, que inclua medidas econômicas, sociais e de saúde para as populações mais vulneráveis, comunidades indígenas, moradores de favelas e comunidades das periferias dos grandes centros urbanos.

10. Realizar intensamente o imediato preparo de médicos de todas as especialidades, estudantes e equipes de saúde e apoio para atividades onde serão provavelmente transferidos para atuar.

11. Organizar rapidamente sistemas de comunicação telefônica e eletrônica com a população para orientação adequada evitando corrida desnecessária aos hospitais.

12. Flexibilizar rapidamente o atendimento e orientação diagnóstica e terapêutica por telemedicina, inclusive com aceitação por farmácias de receitas enviadas por meios eletrônicos.

13. Reforçar campanhas de divulgação e publicidade dirigidas a setores economicamente mais vulneráveis e jovens.

14. Estabelecer mecanismo rápido e sem burocracia para autorização de pesquisas clínicas com drogas potencialmente de ação benéfica, após aprovação rápida pelos comitês de ética e pesquisa (CEP), capacitados a avaliar os riscos e características técnicas.

 


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