pt_BR

Abertura da 70ª Reunião Anual da SBPC destaca compromisso social dos pesquisadores brasileiros

A situação política atual do País e a falta de recursos para a área de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) foram duramente criticadas pelos participantes na sessão de abertura da 70ª Reunião Anual da SBPC, no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió (AL), neste domingo (22). O evento reuniu mais de 1000 pessoas no local e foi transmitido para cerca de 20 mil pessoas ao vivo, pelo Facebook e YouTube da SBPC.

A cerimônia, que teve transmissão direta ao vivo, iniciou com a apresentação cultural “Coisas de Alagoas”, com concepção e direção do maestro Almir Madeiros. O Hino Nacional Brasileiro foi executado por Mila do Acordeão e Chau do Pife. Com o tema “Ciência, Responsabilidade Social e Soberania”, a Reunião Anual, que é o maior festival de ciência e tecnologia da América Latina, acontece durante toda a semana, até o dia 28 de julho, no campus da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

Os participantes da mesa de abertura reconheceram a atuação dos cientistas na ciência e como atores sociais em períodos decisivos da história recente do País e ressaltaram a disposição de lutar contra os retrocessos políticos e pela defesa dos princípios constitucionais que garantem o Estado Democrático de Direito, a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, a livre iniciativa e a liberdade de pesquisa científica.

O presidente da SBPC, Ildeu de Castro Moreira, abriu seu discurso falando da história e do papel da SBPC durante esses 70 anos, uma entidade que participou da criação de instituições importantes do Sistema Nacional de Ciência e Tecnologia, como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), e que vem lutando ativamente, ao longo dessas sete décadas, pela democracia e pelo desenvolvimento científico e social do País.

Moreira também falou da necessidade de recuperação de recursos e priorização das áreas de educação, ciência e tecnologia no País. “Os cortes orçamentários na área de CT&I e educação são insustentáveis. Estamos vivendo um momento de crise, de redução drástica de recursos. O quadro é dramático”, lamentou.

O presidente da SBPC ressaltou que, particularmente neste ano de eleições, a SBPC organizou no primeiro semestre do ano uma série de seminários temáticos para discutir propostas de políticas públicas em diversas áreas, como CT&I, saúde, educação básica, ensino superior e pós-graduação,  meio ambiente, direitos humanos. Os debates foram reunidos em uma publicação, “Políticas Públicas para o Brasil que queremos” que será distribuída hoje, na cerimônia de comemoração dos 70 anos SBPC, e servirá de base para discussões a serem levadas aos candidatos ao Executivo e ao Legislativo. “Somos uma sociedade apartidária, mas não somos apolíticos”, afirmou, enfatizando que é necessário discutir e defender a construção de políticas públicas mais adequadas para o País.

Dirigindo-se aos pesquisadores, Moreira enfatizou a necessidade da comunidade refletir sobre sua colaboração e impacto na sociedade. “Temos feito algumas mobilizações, mas não temos uma grande adesão da comunidade cientifica. Nossos pesquisadores devem continuar fazendo pesquisa de qualidade. Mas também precisam ter responsabilidade social. E nesse momento é fundamental que a comunidade científica faça ouvir sua voz de maneira mais intensa”, disse.

O vice-reitor da Universidade Federal de Alagoas, José Vieira Cruz, coordenador local do evento saudou os participantes e agradeceu aos servidores e monitores que contribuíram para o evento científico. “Em particular, gostaria de lembrar o momento atual do País. Tempos de incertezas, indefinições e crises de valores. Tempos igualmente desafiadores para aqueles que se aventuram no fazer científico, pedagógico e cultural”, destacou Vieira.

A reitora da Ufal Valéria Correia também alertou em seu discurso sobre as ameaças à liberdade de cátedra e os riscos do avanço do conservadorismo. “Desde a chamada Escola Sem Partido, que expressa a tentativa de amordaçar o livre debate, a essência do processo de aprendizagem e retira o contraditório, extinguindo inclusive a possibilidade da Ciência quando não se problematiza o conhecimento estabelecido”, disse a reitora.

Valéria Correia lembrou os processos de criminalização da Ciência, expressos na acusação de apologia às drogas contra o professor Elisaldo Carlini [membro titular da ABC], professor emérito da Unifesp e um dos homenageados da noite. Carlini, de 87 anos, foi intimado a depor numa Delegacia de Polícia Civil em São Paulo, em fevereiro deste ano. Ela ainda citou as conduções coercitivas de dois reitores, em 2017, e destacou o caso ocorrido com Luiz Carlos Cancellier, reitor da UFSC. “Ele acabou sendo levado ao suicídio pela humilhação pública”, lamentou a reitora, mas destacou, que “apesar de tudo, a Ciência não se curva ao obscurantismo”.

Cortes orçamentários

Neste cenário atual de perdas de recursos, a comunidade científica tem tido que se esforçar para assegurar pequenas conquistas, como a inclusão de emendas na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para impedir novos cortes em Educação e Saúde em 2019. “Precisamos lutar para que essas emendas persistam”, alertou o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, criticando a prática dos contingenciamentos pelo Governo Federal, que tem bloqueado sucessivamente as verbas que fomentam a ciência. “Quem faz cortes lineares em todos os ministérios está confessando que não sabe definir o que é prioridade.”

O ministro da Educação, Rossieli Soares, defendeu a manutenção das emendas que, além de definirem que o orçamento da Educação em 2019 não pode ser menor do que o de 2018, impedem que os recursos obtidos pelas universidades em convênios classificados como ‘arrecadação própria’ sejam capturados pelo Tesouro Nacional. “Essa medida traz dinheiro para as universidades”, afirmou.

Soares lembrou que, a partir de 2020, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) passará a incluir provas para verificar a qualidade do ensino de ciência, além dos tradicionais testes em língua portuguesa e matemática. “Considero isso um grande avanço e convido a SBPC a participar disso junto ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira)”, comemorou o ministro, que acredita que o diagnóstico ajudará a combater a redução de verbas na Educação. “Se o Brasil quer fazer cortes, que faça em outras áreas. Não dá para cortar em Educação.”

Na área da Saúde, esses movimentos também dão uma pequena esperança de que os avanços obtidos pelo País até agora não serão perdidos pela falta de dinheiro. “Minha convicção é de que a ciência é um pilar do desenvolvimento do País”, declarou o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Marco Antônio de Araújo Fireman. “Basta ver que, com pouco recurso, com pouco investimento, (ainda assim) nós temos pesquisa que orgulha o mundo”, acrescentou. Para o secretário, além da recuperação dos investimentos, é necessário reduzir as disparidades no sistema de saúde e corrigir o modelo excessivamente burocrático existente no País.

Esta também é a opinião do presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mario Neto Borges. “Sem recursos e com muita burocracia nós não vamos fazer o País andar”, lamentou.

Para o deputado e ex-ministro de Ciência e Tecnologia Celso Pansera (PT/RJ), que representou a Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI) da Câmara dos Deputados, o setor tem avançado no trabalho político junto ao Congresso Nacional, mas ainda é preciso sensibilizar mais os parlamentares sobre os desafios da ciência brasileira. “Não é uma tarefa fácil. Enquanto não tivermos uma bancada da ciência e da inovação o desafio será grande”, comentou o deputado, incentivando que o setor entre efetivamente na política, indicando nomes para concorrer ao Congresso com a pauta da defesa do setor.

Apesar dos desafios, Pansera ressaltou a importância das articulações recentes para a construção de uma pauta positiva do setor no Parlamento, especialmente em torno de dois projetos prioritários: o PL n° 5.876/16, de autoria do próprio deputado, que destina 25% do Fundo Social do Pré-Sal para o FNDCT; e o PLP 358/2017, do deputado Daniel Vilela (MDB/GO) que proíbe o contingenciamento do FNDCT e o transforma em fundo financeiro, mantendo dentro da Finep os ganhos obtidos com o pagamento dos empréstimos feitos pela financiadora. “É uma batalha incessante e meio insana”, desabafou o deputado. Projetos como o do Fundo Social poderão aportar R$ 6,5 bilhões a mais no setor até 2030, mostrando que, apesar os problemas atuais, essas medidas podem garantir um futuro mais tranquilo para a ciência. “É dinheiro novo que vai para a ciência, para a educação.”

A presidente da ANPG, Flávia Calé, ressaltou que o desenvolvimento do País só poderá ser retomado com investimentos na área de ciência e tecnologia depois de removermos os empecilhos que embaraçam o progresso da ciência.  Ela criticou as privatizações de empresas em áreas importantes para a soberania nacional, como petróleo e aviação e lamentou ainda os atrasos nas bolsas de pós-graduandos. “A mensagem para os pós-graduandos é de desesperança, de que a ciência não vale a pena. Existem alunos da Fapemig (Fundação de Amparo de Minas Gerais) que estão sem receber suas bolsas. Isso é grave porque desencadeia diversos problemas, desestimula”, lamenta. E completa, “a gente precisa caminhar junto para se fazer realizar o grande sonho de um Brasil grande e soberano”.

Calé citou algumas medidas que deveriam ser tomadas para reverter o quadro atual, como a revogação da Emenda Constitucional nº 95, que estabelece um teto de gastos nas contas públicas por vinte anos, e a volta do investimento em ciência e tecnologia.

Grande parte dos participantes, com aprovação da plateia, manifestaram-se repetidas vezes durante a cerimônia contra as medidas austeras do governo atual, os ataques à democracia, os cortes em áreas sociais fundamentais e, inclusive, defenderam a liberdade do ex-presidente, Luís Inácio Lula da Silva.

Presentes

Também estavam presentes na abertura o governador de Alagoas, Renan  Filho, o prefeito de Maceió, Rui Palmeira, representando o ministro da Ciência, Tecnologia Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, o presidente substituto da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Ronaldo Camargo, a presidente do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), Zaira Turchi, o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE), Marco Antônio de Araújo Fireman,  representando o Ministro de Estado da Saúde, Gilberto Occhi, a vice-presidente da SBPC, Vanderlan Bolzani, o representante da Academia Nacional de Medicina, Marcelo Morales, o presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), Fábio Guedes, e o diretor do Sebrae Nacional, Vinicios Lajes.

Abertura da SBPC tem tom político e atos contra Kassab e cortes na ciência

Com um forte tom político, tiveram início nesta segunda (23), as atividades do 70º Encontro Anual da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), maior encontro científico do país.

Ao chegar ao campus de Maceió da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Gilberto Kassab, ministro da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações foi recebido por autoridades acadêmicas sob protesto de servidores que pediam mais concursos na área, inclusive para a reposição daqueles que se aposentaram, e a recuperação de verbas para o setor.

A jornalistas, o ministro disse entender e apoiar as reivindicações dos pesquisadores e servidores da área de ciência e tecnologia e afirmou que seu ministério é um dos que menos sofreu com os cortes.

“As mobilizações [por vagas e contra os cortes] têm o nosso apoio. Elas nos ajudam a dar visibilidade para as demandas do setor. São manifestações corretas, com peso político e representatividade. Parte grande das demandas vem carregada de muita coerência e legitimidade”, disse.

“Não há país do mundo que consiga ter crescimento, desenvolvimento econômico e criação de empregos sem o avanço da pesquisa, da ciência e inovação. E esse avanço se dá cada vez mais com a participação do capital privado, mas é imprescindível, sempre foi e vai continuar sendo, a participação dos recursos públicos.”

O ministro também falou sobre a fusão dos ministérios realizada pelo governo Temer, que uniu as áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação com Comunicações. A ação é vista como um retrocesso pelos pesquisadores. Para Kassab, houve um resultado positivo para ambas as áreas, com um ganho de visibilidade para as demandas e maior proximidade entre setores estratégicos.

“O ministro é ministro das duas áreas em conjunto, dificilmente ele teria outra opinião”, afirma Ildeu de Castro Moreira, presidente da SBPC. “A criação do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação foi uma conquista brasileira depois de décadas de luta, e ele vinha funcionando muito bem. Nós achamos que a fusão não ajudou em nada e trouxe alguns prejuízos. Não se concentrou tanto na ciência quanto deveria.”

“Nós continuamos com a posição de que é mais interessante fazer a separação dos ministérios, já que eles têm objetivos, estruturas e lógicas diferenciadas. É mais justo para o país, pela importância que a área tem. No entanto, nós estamos muito preocupados com uma questão maior de fundo, que é o desmonte do sistema de Ciência e Tecnologia com a redução drástica de recursos.”

O orçamento do MCTI em 2009 era de R$ 7,9 bilhões (R$ 13,4 bilhões em valores atuais). Atualmente o valor disponível é de R$ 4,1 bilhões.

Na abertura oficial do encontro, no domingo (22), estudantes, servidores e pesquisadores vaiaram a participação do ministro da Educação Rossieli Soares da Silva e de representantes do MCTIC e protestaram contra o corte de verbas para os projetos de pesquisa. Também houve manifestações pedindo que o ex-presidente Lula, preso em Curitiba, seja libertado.

Uma dessas manifestações veio [do Acadêmico] Elisaldo Carlini, professor aposentado da Unifesp que recentemente foi chamado a prestar depoimento acusado de apologia às drogas. O especialista em maconha, há mais de 60 anos na pesquisa, foi um dos homenageados dessa edição da SBPC —e o único dentre eles que está vivo.

Os demais foram o físico pernambucano [e membro titular da ABC] José Leite Lopes (1918-2006), que completaria cem anos em 2018, Nise da Silveira (1905-1999), psiquiatra alagoana, e a socióloga Ana Maria Fernandes, morta em maio deste ano, aos 70 anos.

Em sessão comemorativa dos 70 anos da SBPC, realizada na tarde desta segunda (23), Kassab reconheceu perante o público de acadêmicos que falta apoio político para a ciência brasileira.

“Falta apoio político, falta convicção, falta melhor relação com a sociedade para nos ajudar nessa importante missão de mostrarmos para nossas autoridades do campo da economia que eles têm uma visão errada em relação aos resultados que a ciência brasileira pode trazer para a recuperação da nossa economia.”

O físico e ex-presidente da SBPC  Sérgio Mascarenhas [membro titular da ABC] pediu a palavra e disse para o ministro que ele poderia ser o defensor da ciência nacional, já que está dentro da “ditadura civil do governo Temer”.

Vídeo de autoria desconhecida

“A democracia tem muito a ver com a verdade. E a verdade é que há um desgaste completo da ciência. Não só dela, mas da educação, da inovação. Vossa excelência falou que a inovação está crescendo no país, mas ela está sendo destruída por esse governo. Seria uma coisa maravilhosa se vossa excelência pudesse ser o herói dessa luta e representar verdadeiramente [a ciência]. Gostaria que vossa excelência fosse o herói de acabar com esse marco ilegal da ciência [referindo-se ao slide que mostra a queda de investimentos ao longo dos anos]. Falo como um admirador de sua gestão de acabar com o marco ilegal da ciência que nós estamos vivendo.”

O ministro não respondeu a Mascarenhas e saiu para pegar o voo de volta a Brasília. Mais cedo, ele, acompanhado de assessores e servidores do MCTIC, visitou os estandes das diversas entidades que participam do evento, como Finep, Marinha, Agência Espacial Brasileira, Cemaden, Impa, entre outros.

Ex-presidente da ABC será homenageado pela Faperj

Na próxima quarta-feira, 25 de julho de 2018, o Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) homenageará o ex-presidente da ABC Jacob Palis Junior. O matemático e pesquisador do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) foi presidente da ABC por três mandatos, de 2007 a 2016.

A Diretora Científica da Faperj, também Acadêmica, Eliete Bouskela, considera Palis “um dos grandes nomes da ciência brasileira e uma figura humana ímpar”. “Essas características justificam plenamente a homenagem que será feita a ele”, completou.

A homenagem ocorrerá na próxima reunião do Conselho Superior da instituição.

 

Presidente da ABC participará de curso no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ

O Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, situado no bairro do Flamengo, receberá o curso “Ciência, Política e Pós-Verdade” nos dias 15, 16, 22 e 23 de agosto.

Coordenado pelos professores Cristina Motta (Instituto de Biofísica/UFRJ) e Antônio Augusto Videira (Depto. de Filosofia/UERJ), o evento contará com quatro palestras à tarde e quatro mesas-redondas à noite. No dia 16, falarão o presidente da ABC, Luiz Davidovich, e o Acadêmico Luiz Pinguelli Rosa.

O curso é gratuito e aberto ao público geral, com vagas limitadas. As inscrições devem ser realizadas pelo e-mail ensino@cbae.ufrj.br. Serão conferidos certificados aos participantes.

A programação completa segue no cartaz.

Pew Charitable Trusts oferece bolsas para pós-doutorado em ciências biomédicas

Estão abertas as inscrições para a iniciativa do Programa de Bolsas Pew para a América Latina em ciências biomédicas. O programa concederá bolsas de US$ 30 mil por ano para dez cientistas fazerem o pós-doutorado nos principais laboratórios dos Estados Unidos. Os bolsistas receberão o auxílio durante dois anos, podendo ser premiados também com uma doação de US$ 70 mil para a criação de seus próprios laboratórios na América Latina.

A seleção será realizada em 2019, e as bolsas serão fornecidas a partir de agosto do mesmo ano. Será dada prioridade aos candidatos que obtiveram seus diplomas de graduação e pós-graduação em instituições da América Latina, mas aplicações de outras regiões também serão aceitas, ainda que preferencialmente não dos Estados Unidos.

Para enviar sua aplicação, o candidato deve antes garantir a vaga de pós-doutorado em um dos laboratórios patrocinadores. Qualquer dúvida sobre a escolha do laboratório pode ser tratada com um membro do comitê local ou diretamente com o escritório do programa pelo e-mail  fellowsapp@pewtrusts.org. O período de envio das aplicações vai até 28 de setembro.

Para saber se você cumpre os requisitos necessários, clique aqui.

Sobre o programa

O Programa de Bolsas Pew para a América Latina em ciências biomédicas tem como objetivo dar suporte a jovens cientistas da América Latina que desejem fazer o pós-doutorado nos Estados Unidos, promovendo o intercâmbio do conhecimento científico e estimulando o avanço das pesquisas na América Latina. O projeto é mais um da Pew Charitable Trusts, ONG que atua também nas áreas de preservação do meio ambiente, economia e governança.

Abertas inscrições para a 6° Edição do concurso Euraxess Science Slam Brazil

Estão abertas as inscrições para a sexta edição do concurso Euraxess Science Slam Brazil.

O Euraxess Science Slam Brazil é um concurso em comunicação científica que tem por objetivo possibilitar que pesquisadores apresentem suas pesquisas de maneira original e em ambiente descontraído, visando o público leigo. Para participar, basta ser um pesquisador ativo no Brasil, de qualquer nacionalidade e de qualquer área da ciência, sendo mestrando em diante. As inscrições estão abertas até 15 de setembro.

Os cinco finalistas ganharão uma viagem ao Rio de Janeiro e participarão de um workshop de comunicação científica. Para o ganhador, será oferecida uma viagem à Europa e uma visita a um instituto de pesquisa europeu de sua escolha.

Neste link, você pode dar uma conferida nas apresentações do ano passado. Para mais informações e/ou inscrever-se, basta acessar o site scienceslambrasil.com.

Relatório de workshop sobre transtornos do neurodesenvolvimento infantil é lançado

Hoje, 20 de julho de 2018, foi lançado o relatório do workshop “Diagnóstico e Tratamento Precoce de Transtornos Neurológicos Infantis“, realizado em novembro de 2017. O workshop foi organizado pela ABC, em parceria com a Academia Nacional de Medicina (ANM) e a Academia de Ciências Médicas do Reino Unido (UKAMS, na sigla em inglês).

O relatório destacou como, no Brasil, a atual compreensão epidemiológica dos transtornos do neurodesenvolvimento é imperfeita, muitas vezes baseada em dados limitados. Segundo o documento, é necessário que haja uma vigilância para deficiências e atrasos no neurodesenvolvimento da população, métricas melhores para os países e pesquisas em diferentes contextos.

Devido à infecção pelo vírus da Zika, mais de 4 mil bebês nasceram com microcefalia no Brasil – uma má formação que os deixa com as cabeças pequenas e com o desenvolvimento debilitado.

Mas ninguém sabe quantos bebês nasceram com outras desordens do desenvolvimento. Eles são invisíveis em todo o mundo, onde estima-se que existam 250 milhões de crianças com deficiência ou atraso no desenvolvimento. Em países em desenvolvimento, é provável que esse número seja o dobro do que é em países mais prósperos da América do Norte e Europa. O relatório clama para que mais seja feito para ajudar estas “crianças invisíveis” ao redor do mundo.

A crise de Zika no Brasil e o medo de que se espalhasse pelo mundo através de mosquistos e, potencialmente, transmissão sexual trouxe recursos e expertise para uma área negligenciada e jogou uma luz sobre outros bebês prejudicados, diz o relatório. “A identificação e inclusão dessas ‘crianças invisíveis’ no sistema público de saúde foi uma importante consequência dessa crise”.

Os especialistas dizem que eles acreditam que o Brasil, que tem uma forte tradição em intervenções de saúde pública – a cobertura de vacinação beira 95% -, é um bom lugar para iniciar um modelo para os outros países imitarem.

Acesse o relatório aqui.

Morre, aos 76, o Acadêmico Herbert Bernard Tanowitz

O membro correspondente Herbert Bernard Tanowitz morreu, aos 76 anos, no dia 17 de julho de forma inesperada. O Acadêmico residia em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e era professor e pesquisador do Departamento de Patologia e Medicamentos (Doenças Infecciosas) da Escola de Medicina Albert Einstein (AECM, na sigla em inglês), uma instituição conjunta do Centro Médico Montefiore e da Universidade Yeshiva.

Nascido no bairro do Brooklyn, na cidade de Nova Iorque, Estados Unidos, Herbert formou-se como bacharel em ciência pela Brooklyn College (1963) e então ingressou na Escola de Medicina Albert Einstein, onde tornou-se doutor em medicina (1967). Depois de um período de residência no Hospital Lincoln, retornou à AECM em 1973. Pouco tempo depois, serviu à Marinha dos Estados Unidos durante dois anos e, embora tenha retornado à AECM já em 1975, permaneceu como membro da instituição militar até 2008.

Tanowitz foi um infectologista bastante dedicado ao seu trabalho e era reconhecido pelo pioneirismo nos estudos de parasitas, em particular pelo seu trabalho com a doença de Chagas, causada pelo Trypanosoma cruzi. Seu laboratório investigou a Cardiopatia Chagásica, uma insuficiência cardíaca causada pela doença de Chagas, e as consequências da infecção pelo Trypanosoma cruzi na fisiopatologia do hospedeiro. Como professor, lecionava as disciplinas intituladas “Parasitologia”, “Patologia Geral” e “Patogênese Microbiana”, e também era editor associado de renomados periódicos internacionais. Ele também praticava a medicina e era muito querido por seus pacientes, para quem ele provia cuidado excepcional.

Em 2010, tornou-se membro correspondente da Academia Brasileira de Ciências. Durante os muitos anos de carreira, colaborou com diversas instituições brasileiras e recebeu, em seu laboratório, diversos pesquisadores brasileiros. Quando visitou o Brasil, foi recebido como uma celebridade por pesquisadores e alunos, devido às grandes contribuições feitas para a ciência e em reconhecimento aos seus inúmeros artigos, leituras necessárias para todo aquele que deseje se aprofundar na doença.

Também em 2010, ele recebeu o Dominick P. Purpura Distinguished Alumnus Award e, em 2011, o Prêmio Walter Colli durante a 27a reunião anual da Sociedade Brasileira de Protozoologia.

Apesar de algumas lutas recentes com a saúde, o Dr. Tanowitz permaneceu ativo, produtivo e otimista. Ele deixa as três filhas, Pam, Meredith e Jill e suas famílias.

teste