Nasceu no Rio de Janeiro, onde cursou até o grau universitário, formando-se em Química Industrial pela Escola Nacional de Química (antiga Universidade do Brasil) em 1952, e em Bacharel em Física pela Faculdade Nacional de Filosofia em 1954. Iniciou carreira científica em Física Teórica no CBPF em 1953, e desde então dedica-se à Física das Partículas Elementares.
Em 1958 foi, como bolsista do CNPq (passando depois a ser bolsista da CAPES), para o Imperial College of Science and Technology, da Universidade de Londres, onde estavam Abdus Salam (que mais tarde ganhou o Prêmio Nobel por seus trabalhos sobre unificação das interações fracas e eletromagnéticas) e P.T. Matthews. Durante os três anos de doutoramento, Erasmo Ferreira trabalhou em diversos problemas de interações fundamentais, em particular em sistemas envolvendo partículas estranhas (káons, híperons). Os últimos nove meses do período foram passados no CERN (Genebra), onde teve acesso ao uso de computador (novidade na época) para fazer cálculos relativos a seu trabalho de tese, que foi defendida em Londres em março de 1991. O tema da tese foi a análise da interação káon-dêuteron em termos das interações káon-núcleon em seus dois estados de isospin.
Ao regressar ao CBPF após o doutorado, encontrou dificuldades financeiras fortíssimas para a instituição e para os físicos, que não tinham aí condições de sobrevivência. Entre 1963 e 1967, Erasmo Ferreira passou diversos períodos na “Universidad Central de Venezuela”, em Caracas, fase em que trabalhou no estudo de propriedades analíticas do espalhamento por potenciais.
Em 1967, Erasmo Ferreira transferiu-se para a PUC do Rio de Janeiro, para participar na formação de um grupo novo de ensino e pesquisa, no grande esforço de institucionalização da pós-graduação no país, e na formação de pessoal. Nos anos que se seguiram, Erasmo Ferreira dedicou seu esforço de pesquisa a problemas de três corpos, desintegrações fracas, uso de aproximantes de Padé nas interações fortes, interação pion-dêuteron, e ao estudo de propriedades das equações não-lineares do modelo de Skyrme.
Durante o período na PUC, que durou até 1994, Erasmo Ferreira passou anos sabáticos no SLAC (Stanford, 1976), em Lyon (1985) e no CERN (1992). O ano em Stanford foi decorrência de bolsa concedida pela Fundação Guggenheim.
Em 1994, Erasmo Ferreira transferiu-se para a UFRJ. Sua linha de trabalho atual consiste em problemas de cromodinâmica quântica em condições não-perturbativas, e suas aplicações ao espalhamento de hádrons a altas energias.
Área de Pesquisa: Ciências Físicas
Ernst Wolfgang Hamburger
Nascido na Alemanha, veio criança para São Paulo com a família, que fugia do nazismo; naturalizou-se brasileiro. Estudou Física na Faculdade de Filosofia. Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, onde foi aluno de Marcelo Damy, Omar Catunda, Elza Gomide, Cândido Dias, Mário Schenberg, Abrahão de Moraes, David Bohm, Oscar Sala, Philip Smith e John Cameron, entre outros. Como estudante trabalhou no laboratório do Acelerador Eletrostático van der Graaff, que estava sendo construído sob a orientação de Oscar Sala. Fez um ano de especialização em Física Nuclear e Eletrônica em São Paulo e em seguida recebeu um “assistantship” para fazer o PhD na University of Pittsburgh, EUA, em 1957-1959. Fez pesquisas sobre reações nucleares e estrutura dos núcleos atômicos utilizando o acelerador cíclotron de Pittsburgh. Voltando a São Paulo em seguida, como Assistente da Cadeira de Física Teórica (dirigida por Mário Schenberg) e depois, da Disciplina de Física Nuclear (Oscar Sala), continuou as investigações experimentais utilizando os aceleradores de São Paulo – Eletrostático e Betatron (em colaboração com José Goldemberg) – e manteve colaboração internacional com as Universidades de Pittsburgh e Estadual da Flórida (Talahassee). Voltou por dois anos como “Associate Professor” visitante em Pittsburgh. Suas pesquisas versam sobre as estruturas de camadas, em núcleos leves – Lítio, Carbono, Oxigênio e depois mais pesados – Magnésio, Potássio, Ítrio, Estrôncio, Estanho até Chumbo – utilizando reações nucleares diretas, principalmente provocadas por dêuterons, como (d,p) e (d, d’), e ressonâncias isobaricamente análogas. Examinou também a interferência entre mecanismos de reação direta e de formação de núcleo composto em reações (d,p). Tornou-se Catedrático de Física Geral e Experimental em 1968, responsável pelo ensino básico de Física na FFCLUSP. Organizou a ampliação e modernização dos laboratórios didáticos e, após a reforma da USP em 1970, a implantação de cursos básicos mais atualizados na área de Ciências Exatas e Engenharia. Foi Diretor e Conselheiro da SBF – Sociedade Brasileira de Física e da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Organizou reuniões e revistas científicas e atuou através das sociedades científicas e na Universidade contra perseguições políticas no meio acadêmico. Dedicou-se ao aperfeiçoamento do ensino de Física nas escolas de segundo grau e na Universidade, tendo coordenado um projeto curricular de Física para o segundo grau, e outro de produção de material didático para Universidades, especialmente filmes didáticos. Estabeleceu uma área de pós-graduação interdisciplinar para o ensino de Física, gerida conjuntamente pelo Instituto de Física e Faculdade de Educação. Organizou várias exposições científicas para público escolar e geral. Desde 1992 retornou à pesquisa básica de Física, sendo um dos coordenadores do experimento Microsul para medida da distribuição angular de Raios Cósmicos, iniciado por Elly Silva. Em 1994 recebeu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica, do CNPq. Atualmente coordena a Estação Ciência, centro de divulgação científica da USP, em convênio com o CNPq. É casado com a física Amélia Império Hamburger desde 1956, com quem tem cinco filhos.
Fernando Cláudio Zawislak
Nasceu em 1935 no município de Santa Rosa, RS, região das missões; fez seus estudos secundários em Porto Alegre e ingressou no Curso de Física da então Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Concluiu o curso em 1958 (Bacharel e Licenciado em Física). Em 1960/1961 fez um estágio no antigo Laboratório Van de Graff da USP (com os Professores Oscar Sala e Ernst Hamburger), onde teve os primeiros contatos com a pesquisa. Retornou ao Instituto de Física da UFRGS em 1961 quando iniciou, com outros colegas, e coordenou o primeiro grupo de pesquisa experimental no Instituto de Física, na área de Física Nuclear usando a técnica de Correlação Angular g–g. Neste campo orientado pelo Prof. John D. Rogers obteve o título de doutor aprovado “com louvor” (1964/1967). Foi o primeiro doutor em física formado no RGS no curso de Pós-graduação em Física da UFRGS. Fez um estágio em nível de pós-doutorado de dois anos (1968/1969) na California Institute of Technology, Pasadena, USA, quando passou a trabalhar em física do estado sólido usando interações hiperfinas eletromagnéticas. Durante a década de 1970 foi coordenador do grupo de pesquisa nesta área em Porto Alegre, que alcançou proeminência internacional, tendo orientado e doutorado de vários estudantes. Em 1979/1980 mudou de área de pesquisa pela 3ª vez, passando a trabalhar no campo da implantação iônica e uso de técnicas de feixes de íons para análise de materiais implantados. Com este objetivo adquiriu um acelerador de 400 kV em 1980, e realizou um estágio de um ano no Laboratório de Implantação Iônica de Orsay, Universidade de Paris, França. Em 1982 iniciou os trabalhos com a nova máquina em Porto Alegre. O grupo cresceu rapidamente, é constituído hoje mais de quarenta pessoas entre pesquisadores, alunos e técnicos, cobrindo várias linhas de pesquisa do campo de “modificação e análise de materiais por feixes de íons”. Em 1996, adquiriu um novo acelerador de 3 MV de energia que está possibilitando a ampliação de atividades agora centradas em tópicos de fronteira de Física e de Ciência dos Materiais, como semicondutores, polímeros, metais, ligas metálicas, etc. Estes aceleradores constituem o Laboratório de Implantação Iônica do qual é coordenador desde a sua fundação em 1981, e que teve um investimento de mais de cinco milhões de dólares obtidos durante os últimos 20 anos. Também participou ativamente, durante a década de 1990, no planejamento e na obtenção de recursos (aproximadamente 2 milhões de dólares) para a implementação do Centro de Microscopia Eletrônica da UFRGS, e na criação do Curso de Pós-graduação em Ciência dos Materiais da UFRGS (1992).
Suas atividades científicas podem ser resumidas na participação em mais de cinqüenta Conferências Internacionais (algumas como palestrante convidado ou Membro do Comitê Internacional); organizou (como chairman) quatro conferências internacionais; publicou 140 artigos em revistas com árbitro e formou nove doutores e dezesseis mestres.
Fernando de Souza Barros
Iniciou seu treinamento profissional em 1953, quando foi convidado pelos Profs. Cesar Lattes e Ugo Camerini, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, Rio de Janeiro, para estagiar no programa de raios cósmicos, principalmente em montagem de experiências no Laboratório de Radiação Cósmica de Chacaltaya, La Paz, Bolívia, como bolsista do Conselho Nacional de Pesquisas. Em 1956 foi admitido no curso de pós-graduação do Departamento de Física da Universidade de Manchester, Reino Unido. Em Manchester, trabalhou sob a orientação dos Profs. Samuel Devons e Aubrey Jaffe, em um dos primeiros estudos sistemáticos de reações nucleares do tipo stripping com feixes de hidrogênio-3 (trítio). Esses estudos constituiram a base para a sua tese de doutorado, defendida em 1960. Em 1961 regressou ao Brasil como professor assistente do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e responsável pro-tempore pela cadeira de Física Aplicada do Departamento de Física da Faculdade Nacional de Filosofia da antiga Universidade do Brasil. Em 1962, foi convidado pelo prof. Sergio DeBenedetti para trabalhar como físico pesquisador (pós-doutorado) no Carnegie Institute of Technology. Dedicou-se então ao estudo das propriedades das interações eletro-núcleo atômico, utilizando técnicas de física nuclear, tendo participado de estudos pioneiros do efeito Mössbauer em isótopos de iodo e em determinações de volumes nucleares pela interação hiperfina. Regressou ao Brasil em 1965, por um período de um ano. Neste período, colaborou na planificação de laboratórios de pesquisas do Instituto de Ciências Exatas da Universidade de Brasília, como professor associado, no programa de pós-graduação em engenharia (COPPE) da Universidade do Brasil e no programa de efeito Mössbauer do CBPF, como professor visitante. Em 1966, foi contratado pelo Departamento de Física da Universidade Carnegie-Mellon, em Pittsburgh, USA, participando até 1972 do programa de pós-graduação. Neste período, participou de estudos de propriedades magnéticas e de fenômenos de relaxação em sólidos moleculares, utilizando principalmente a espectroscopia Mössbauer. Regressou ao Brasil no início da década de 1970, para organizar o curso de pós-graduação do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, colaborando na instalação de um conjunto de laboratórios para estudos da matéria condensada, com técnicas espectroscópicas (Mössbauer, óptica, raios-X, ressonância magnética) e técnicas de baixas temperaturas. Atualmente (1997) dedica-se a estudos cristalográficos, colaborando em projetos de instrumentação para análise de propriedades físicas de materiais a altas e baixas temperaturas, por difração de raios-X. Vem também desenvolvendo projetos de pesquisa em áreas interdisciplinares, principalmente em estudos de materiais de interesse bioquímico ou biológico.
Nos últimos anos tem participado de atividades extracurriculares contribuindo a nível internacional com estudos e atividades de divulgação na área de aplicações pacíficas de energia nuclear e eliminação de armas nucleares.
Francisco Castilho Alcaraz
Francisco Castilho Alcaraz, nascido aos 28/01/1953 na cidade de Dracena, no interior do Estado de São Paulo. Cursou seu primeiro grau no Grupo Escolar João Vendramini e o seu 2º. Grau no Instituto de Educação Engenheiro Isac Pereira Garcês, ambos na cidade de Dracena-SP. Neste período sob a influência de seu irmão mais velho José Antonio Castilho Alcaraz, que é Físico, decide-se pelo estudo da Física. Muda-se para São Paulo onde em 1975 conclui o curso de bacharelado em Física no Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Neste período, sob o estímulo dos Profs. Shigueo Watanabe, I. Frenkel, M. Cattani e S.R. Salinas, decide-se pelo estudo em Física Teórica. Imediatamente à conclusão de sua Graduação casa-se com Meire Martins Vasques, onde terão três filhas, Priscila (em 1978), Juliana (em 1981) e Mariana (em 1984). O seu mestrado é realizado em 1977, no antigo Instituto de Energia Atômica – IEA, sendo seu orientador o Prof. David Y.Kojima, um pesquisador que visitava o IEA na época. O seu trabalho de mestrado foi em Teoria de Muitos Corpos. Em 1977, no término de seu mestrado, muda-se para São Carlos após ser contratado no Departamento de Física da Universidade Federal de São Carlos, onde permanece até hoje. Já em 1978 inicia seu doutorado no Instituto de Física e Química da USP São Carlos, sob a orientação estimulante do Prof. Roland Köberle, na área de Mecânica Estatística e Teoria de Campos. Conclui o doutorado em 1980 com uma tese sob modelos de Gauge e de Spins na rede, tema este de interesse tanto em teoria de campos como em Mecânica Estatística. No período de doutorado, a atmosfera científica em São Carlos era bastante estimulante em grande parte pela presença do Prof. Jorge André Swieca, que atuou de forma marcante na formação dos jovens pesquisadores da época. Nos anos de 1981 a 1983 realizou o seu pós-doutorado no Institute for Theoretical Physics – UCSB – Santa Barbara-CA, que era um Instituto recém criado na época com uma atividade científica bastante intensa. Neste período com o contato de inúmeros pesquisadores jovens e experientes obteve seu amadurecimento profissional. De volta ao Brasil em 1985, realizou a sua livre docência junto ao IFQSC-USP. Durante o ano de 1986 esteve como pesquisador associado na Australian National University Caberra-Australia. Em 1989 tornou-se Professor Titular no Departamento de Física da UFSCar. De 1991 a 1993 esteve como professor visitante no Institute for Theoretical Physics – Santa Barbara-USA e no Physikalisches Institut – Univ. Bonn-Alemanha. Na sua vida acadêmica, desde o seu doutorado tem atuado no estudo de Mecânica Estatística, e usando para tanto, muitas das técnicas formuladas em teorias de Quântica de Campos. As contribuições científicas que mais se destacam, tem sido na aplicação de Invarância Conforme em Fenômenos Críticos e no Estudo de Modelos Estatísticos em Geometrias Finitas. Tais trabalhos encontram-se espalhados em 70 (setenta) publicações em revistas internacionais arbitradas e vários deles fomentaram temas na orientação de 3 (três) doutores e 5 (cinco) mestres.
Francisco César de Sá Barreto
Nascido no Ceará, Francisco mudou-se com a família para Minas Gerais ainda pequeno. Embora não gostasse de Física no colégio, foi lá que, após orientação profissional, decidiu cursar física, formando-se bacharel na área (1965) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em 1966, matriculou-se no primeiro curso de mestrado da UFMG, o de mestrado em física, porém, em 1967, foi para os Estados Unidos com uma bolsa da Fundação Rockefeller. Obteve, então, seu mestrado (1969) e seu doutorado (1971) em física na Universidade de Pittsburgh. Em 1972 voltou ao Brasil e iniciou sua carreira acadêmica no país. Nos anos seguintes, foi professor visitante em diversas universidades ao redor do mundo: Universidade de Freiburg (1975), na Alemanha; Universidade de Ljubljana (1983), na Eslovênia; Universidade de Harvard (1988), nos Estados Unidos; e na Universidade de Houston (1993), também nos Estados Unidos. Tem experiência na área de física, com ênfase em física da matéria condensada, atuando principalmente nos seguintes temas: resultados rigorosos, modelos de spin, dinâmica crítica, escala de tamanho infinito e dinâmina spin e estudos de educação. Durante a carreira, recebeu diversos títulos e prêmios, dentre os quais destacam-se: Medalha Jubileu (1981), do CNPq; Prêmio FUNDEP (1996), da Universidade Federal de Minas Gerais; Medalha Santos Dumont, Categoria Ouro (1998), do Governo do Estado de Minas Gerais; Medalha da Inconfidência, Grande Medalha (1998), também do Governo do Estado de Minas Gerais; Ordem do Mérito Educacional de Minas Gerais, Grande Medalha (1999); Classe Grã Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico (2000); Título de Cidadão Honorário de Belo Horizonte (2002); Ordem Nacional do Mérito Educativo, Grande Oficial (2002), do Governo Brasileiro; Professor Honoris Causa (2004) da Universidade do Norte do Paraná; Professor Emérito da UFMG (2005). Além de atuar na ABC, o Acadêmico já atuou em diversos órgãos do governo, na Sociedade Brasileira de Física (SBF), na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e também junto a diversas agências de fomento. Além do amor pela ciência, Sá Barreto considera-se grande apreciador de música, literatura, cinema, teatro e quase todo de esporte.
George Bemski
Começou a estudar Engenharia, primeiro na UNAM do México, logo na Universidade da California em Berkeley. A transição ocorreu durante o serviço militar (1946-1947) quando decidiu que o seu interesse estava mais ligado à Física, por ser esta uma atividade mais fundamental.
A tese do Ph.D. concluída em 1953, estava ligada a feixes moleculares. A sua primeira experiência profissional consistia do trabalho em semicondutores no Departamento do Desenvolvimento da Bell Telephone Laboratories em Murray Hill, N.J. Este período coincidiu com o rápido desenvolvimento de transistores e do silício e germânio utilizados na produção de transistores. Estava envolvido nos estudos de tempo de vida dos elétrons nestes materiais, em função dos defeitos, principalmente das impurezas. Este foi um típico exemplo de pesquisa aplicada. Em um certo momento começou a estudar os defeitos produzidos pela irradiação com feixes eletrônicos. Esta linha evoluiu na direção da pesquisa básica na qual se tentava identificar os defeitos produzidos. Foi então transferido para o Departamento de Pesquisa.
Depois do período excitante na Bell Telephone começou a desviar-se na direção da Biofísica o que coincidiu com a sua saída da Bell e ida ao Brasil (1960-1964).
Sua permanência no Brasil foi muito interessante, já que foi simultânea com o começo das atividades experimentais no campo da Matéria Condensada neste país. Sua experiência resultou ser útil no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas no Rio de Janeiro e na Universidade de São Paulo onde administrou os primeiros cursos de Matéria Condensada oferecidos nesta Universidade. É interessante notar que estas duas atividades foram apoiadas por dois físicos teóricos: José Leite Lopes no CBPF e Mario Schemberg na USP. Os dois eram conscientes da importância da Matéria Condensada no futuro desenvolvimento da Física no Brasil.
Em 1963 começou a trabalhar com bacteriófagos no CBPF, sua primeira atividade experimental na Biofísica. Por razões pessoais voltou aos Estados Unidos onde continuou o trabalho com bacteriófagos e se interessou em hemoglobinas no Albert Einstein College of Medicine em Nova York (1964-1967).
Continuou a trabalhar na Biofísica, primeiro no Albert Einstein, depois no IVIC na Venezuela e em seguida na PUC-RJ. Foi um caminho curioso que o levou de volta ao CBPF, depois de 18 anos.
Seu conselho é de não temer mudar de campos de atividade, ainda que às vezes isso pareça difícil. Acredita que existe algu humanamente satisfatório em não se restringir a um campo específico a vida inteira e não se tornar um especialista com interesses estreitos, fato infelizmente comum.
Gerhard Jacob
Gerhard Jacob nasceu em Hannover, Alemanha,é radicado no Brasil desde os cinco anos de idade, e é brasileiro naturalizado. Após sua formação acadêmica básica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul e na Universidade de São Paulo, iniciou pesquisa em física nuclear teórica, com estágios na Universidade de Heidelberg, trabalhando sob a orientação de J.H.D. Jensen e B. Stech (dupla transição gama em núcleos) e na Universidade do México sob a orientação de M. Moshinsky (métodos matemáticos em física nuclear). De retorno ao Brasil, sob a orientação de Th.A.J. Maris, iniciou pesquisa em espalhamento quase-livre de prótons e elétrons em núcleos leves, área em que sua contribuição científica teve maior reconhecimento internacional. Esse trabalho continuou no Instituto Niels Bohr, em Copenhague, na Universidade de Heidelberg e no Centro Internacional de Física Teórica em Trieste. Trata-se da investigação da estrutura do núcleo atômico, especificamente do modelo de camadas, através do espalhamento de prótons [reações (p,2p), propostas por Maris, Hillman e Tyrén] e de elétrons [reações (e, e’p), propostas por Jacob e Maris]; um grande número de trabalhos teóricos e experimentais continua sendo realizado até hoje nessa área por vários grupos, no País e no exterior. Ainda com a liderança de Th.A.J. Maris, foi iniciada nova linha na investigação da eletrodinâmica quântica, considerando as massas do elétron e do múon de origem puramente eletromagnética; a obtenção da razão de massas entre essas duas partículas (única grandeza que tem sentido) ainda é problema aberto. Interrompeu sua atividade de pesquisa para se dedicar à administração acadêmico-científica, tendo ocupado sucessivamente os cargos de Pró-Reitor de Pesquisa, de Planejamento, Vice-Reitor e Reitor, todos na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Nos últimos anos tem se dedicado à política científica, especialmente à área de cooperação internacional, atividade iniciada na Universidade de Münster e da qual resultaram várias publicações na literatura internacional especializada.