*Por Ana Beatriz Rangel, da Revista Pesquisa FAPESP
Professor emérito da Universidade Federal Fluminense (UFF), o antropólogo Roberto Kant de Lima era um dos maiores especialistas em segurança pública do país. Ao longo das últimas cinco décadas, atuou no campo da antropologia do direito e da antropologia política, investigando temas como conduta policial, justiça penal e administração de conflitos. Kant morreu em 20 de maio, aos 80 anos, em Niterói (RJ), onde residia.
Segundo o sociólogo Sergio Adorno, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP), Kant mostrou em seus trabalhos que, ao contrário de países como Estados Unidos, não há no Brasil uma articulação de fato entre as operações de vigilância, repressão policial, investigação de crimes, responsabilização criminal, julgamento e sentença. “Ou seja, nosso sistema é inteiramente fragmentado e não existe algo que se possa chamar rigorosamente de justiça criminal”, diz Adorno.
Kant nasceu no Rio de Janeiro, mas se mudou com a família para Santa Catarina ainda na infância. Na juventude, foi para Porto Alegre e formou-se em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em 1968. Chegou a atuar como fuzileiro naval antes de seguir carreira acadêmica.
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