Nota de Pesar: Roberto Kant de Lima

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Roberto Kant de Lima.

É com profundo pesar que a Academia Brasileira de Ciências recebe a notícia do falecimento de seu Acadêmico Roberto Kant de Lima, na madrugada de 20 de maio, em Niterói, Rio de Janeiro.

O antropólogo foi pioneiro no estudo da segurança pública brasileira. Formado em Direito, em 1968, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Kant logo migrou para a antropologia, com mestrado em Antropologia Social pelo Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (1978), doutorado pela Universidade de Harvard (1986) e pós-doutorado pela Universidade do Alabama em Birmingham (1990).

Seu foco de atuação foi a teoria antropológica, com ênfase no método comparativo, atuando em antropologia do direito e da política, processos de administração de conflitos e produção de verdades, e antropologia da pesca. A excelência de sua pesquisa fez com que fosse condecorado com grau a Ordem Nacional do Mérito Científico (ONMC) em 2008, um dos maiores reconhecimentos da ciência brasileira.

Na Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atuava como professor aposentado, ajudou a fundar o Instituto de Estudos Comparados em Administração de Conflitos (InEAC/UFF). Este foi o primeiro INCT da instituição e se tornou um dos mais bem avaliados do país, se tornando um departamento próprio da universidade anos depois. Em sua atividade, o instituto articula uma rede nacional de pesquisas em segurança pública, tema absolutamente urgente para o país.

“Enquanto foi coordenador da Comissão de Direitos Humanos da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), o professor Kant se destacou pela sua firme atuação pelos direitos dos povos indígenas e comunidades quilombolas”, lembrou o Acadêmico Ruben Oliven, vice-presidente regional da ABC e ex-presidente da ABA.

“O que tenho a dizer é que perdi um irmão, um amigo, um mestre. Há muito tempo não sentia a dor de uma perda assim. Kant foi um intelectual corajoso, irrequieto. Lutou por uma segurança pública com foco nos direitos humanos e teve a coragem de interferir por dentro do sistema, formando profissionais da força de segurança para entender que a segurança pública não é repressão banalizada, mas respeito aos direitos e as pessoas. Não fazia questão de ser agradável, mas sim verdadeiro e honesto intelectualmente, por isto, às vezes era incompreendido”, escreveu o professor Antonio Claudio Lucas da Nóbrega, reitor da UFF, em uma rede social.

A ABC se solidariza com amigos e familiares do Acadêmico neste momento de dor.

*Texto em atualização

(GCOM ABC)