Isaac Roitman

Faleceu aos 86 anos o destacado cientista e intelectual brasileiro Isaac Roitman, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, pesquisador destacado na área biomédica e incansável pensador do sistema de ensino brasileiro em seus diferentes níveis. Mesmo aposentado formalmente da sala de aula desde 1995, Roitman continuou ativo nas universidades, nas agências de financiamento, na administração e no debate público, contribuindo com ideias para o Brasil almejar dar o salto necessário na qualidade de sua educação.

Filho de Adolpho e Ida Roitman, Isaac nasceu em 1939 em Santos, onde viveu até completar os estudos secundaristas. Em 1958, mudou-se para cursar Odontologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas, onde primeiro interessou-se pela Microbiologia, área em que faria carreira. Formou-se em 1962 e logo ingressou no doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que realizou no Laboratório de Fisiologia Microbiana sob orientação do professor Luiz Raja Gabaglia Travassos. Após obter o título em 1967, Roitman acumulou experiências internacionais de pós-doutorado, nos Estados Unidos, Israel e Inglaterra. Seu principal foco de pesquisa durante a carreira foram os protozoários, mais especificamente os tripanossomatídeos, família que incluí os patógenos causadores da Doença de Chagas e da leishmaniose.

Em 1964, o pesquisador teve sua primeira experiência profissional ingressando como professor assistente na UFRJ. Dez anos depois, seria aprovado para o cargo de professor titular na Universidade de Brasília (UnB), instituição onde faria a maior parte de sua trajetória. Na UnB, além de ensinar e pesquisar, ocupou diversos cargos de liderança. Foi chefe do Departamento de Biologia Celular (1974-1976), diretor do Centro de Estudos Avançados Multidisciplinares (1986) e decano de Pesquisa e Pós-Graduação (1985-1989). Trabalhou também na Universidade Estadual do Norte Fluminense, a convite de Darcy Ribeiro, onde foi diretor do Centro de Biociências e Biotecnologia (1996-1997), e na Universidade de Mogi das Cruzes, onde chegou a ser reitor.

Roitman é membro da ABC desde 1996 e fez parte de outras sociedades científicas, tendo sido diretor da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) entre 1991 e 1993, presidente e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Protozoologia de 1993 a 1997. Entre 1994 e 1996, coordenou o Comitê de Assessoramento em Biomédicas e representou o conjunto dos comitês temáticos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), onde em 2004 presidiu a Comissão de Avaliação da Iniciação Científica. Também foi diretor de Avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) entre 2003 e 2004; diretor do Departamento de Políticas e Programas Temáticos do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) entre 2005 e 2009; e sub-secretário de Políticas para Crianças da Secretaria da Criança do Governo do Distrito Federal entre 2011 e 2012.

Participante ativo do debate público brasileiro, Roitman escrevia regularmente colunas para os jornais Correio Braziliense e Monitor Mercantil, onde geralmente abordava questões relacionadas à educação e ao investimento público em ciência. Na UnB, fundou o “Movimento 2022: O Brasil que Queremos”, que congregou instituições de ensino, pesquisa e filantrópicas para pensar caminhos humanísticos para o Brasil.

A ABC manifesta seu profundo pesar e se solidariza com familiares e amigos neste momento de dor.

Confira abaixo alguns depoimentos de Acadêmicos:

Isaac Roitman foi um grande pensador que batalhou até o fim pelo Brasil que queremos. Lutou pela ciência e pela educação, especialmente a infantil e de jovens, não só universitários. Batalhou incansavelmente pelos direitos humanos e pela equidade. Esse foi o Isaac Roitman que tive o privilégio de conhecer” – Helena Nader, presidente da ABC.

“Roitman foi um representante magnífico do ideal humanístico dos fundadores da UnB. Era essencialmente multidisciplinar, um grande cientista com visão social” – Luiz Davidovich, ex-presidente da ABC.

Isaac Roitman era um grande amigo do meu pai e desde cedo aprendi a admirá-lo e respeitá-lo. Por ter sido amigo do meu pai, ele sempre me distinguia muito e me prestigiava. Uma pessoa muito querida, que sempre tinha uma palavra amiga e cordial para com todos. Viveu uma boa vida como cientista e professor” – Álvaro Prata, presidente da Embrapii e Acadêmico.