Leia matéria de Eduardo Geraque para o Valor SP, publicada em 17 de fevereiro:

Não se trata de distorção apocalíptica. Em 2023, no litoral paulista, 683 milímetros (mm) de chuva em 15 horas deixaram 65 mortes. Pouco depois de um ano, os mais de 500 mm em 5 horas elevaram o nível do lago Guaíba, no Rio Grande do Sul, para 5,35 metros. A marca, registrada no dia 5 de maio de 2024, ultrapassou os níveis recordes de 1941. A tragédia climática ceifou 183 vidas, deixou milhares de desabrigados, destruiu quilômetros plantações e resultou numa enorme perda financeira para o Estado.

Os cientistas não se cansam de empilhar dados sobre o aquecimento global. As tendências da temperatura observadas no mundo mostram que o ano de 2024 foi o mais quente da história, com um aquecimento global de 0,72º C. 

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[O Acadêmico] José Marengo, cientista peruano radicado no Brasil e com décadas dedicadas ao ofício de medir as consequências dos novos padrões climáticos globais, diz que as projeções para América do Sul, a partir de meados do século XXI, mostram um aumento na intensidade de eventos de chuva no sudeste do continente. “Isso implica em riscos significativos para áreas urbanas, agricultura, recursos hídricos e os ecossistemas de toda a região. Há um risco maior de desastres”, diz.

Serra do Mar, Serra da Mantiqueira e Serra Geral, na extensão que vai do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná a Santa Catarina, são as potenciais vítimas. Os municípios encravados nessas serras, por condições geológicas, vão continuar a ter movimentos de terra, como os deslizamentos. A chuva intensa, observa Marengo, não é um desastre. “O maior problema são os impactos causados pela chuva sobre uma população vulnerável a esse fenômeno extremo”, afirma.

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Para o professor [e Acadêmico] Tercio Ambrizzi, diretor do Instituto de Energia e Ambiente (IEE), da USP, é importante entender que não se trata de colocar a culpa sobre o aquecimento global em todo o evento climático traumático para sociedade. “Não podemos sempre dizer que há uma relação direta entre uma coisa e outra. Mas a questão é que sabemos que o clima mudou. Porque quando analisamos, por exemplo, as chuvas de verão em São Paulo, elas são mais frequentes e intensas em relação à média histórica”, afirma Ambrizzi. “A neve e o frio intenso sobre a Europa, agora, também têm as digitais do aquecimento global”, acrescenta.

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