Leia matéria de Herton Escobar para o Jornal da USP, publicada em 12 de fevereiro:
Os efeitos da política de Donald Trump nos Estados Unidos já estão sendo sentidos na ciência brasileira. Um grande projeto de pesquisa sobre doença de Chagas no Brasil está paralisado por conta das restrições impostas pelo novo presidente norte-americano ao financiamento de programas no exterior. O projeto é liderado pela professora Ester Sabino, do Departamento de Patologia da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP), e financiado pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, em inglês), a mais renomada agência de fomento à pesquisa biomédica no mundo.
Realizado em parceria com três universidades de Minas Gerais, o projeto é 100% brasileiro e foi um dos poucos fora do eixo Estados Unidos-Europa a serem contemplados no último edital dos Centros de Pesquisa em Medicina Tropical (TMRCs), um programa do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (NIAID) — que faz parte do NIH —, voltado para o estudo de doenças tropicais negligenciadas.
O financiamento é de aproximadamente US$ 400 mil por ano, para cinco anos de pesquisa (2022-2026). O objetivo do projeto é desenvolver novas metodologias para o diagnóstico e o tratamento de Chagas, que é uma das doenças tropicais mais negligenciadas no mundo. Estima-se que menos de 10% dos pacientes são diagnosticados e menos de 1%, recebe tratamento; e há apenas uma droga de referência para a doença, desenvolvida na década de 1960.