Leia artigo de Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília (UnB), pesquisador emérito do CNPq e membro da Academia Brasileira de Ciências e do Movimento 2022-2030: o Brasil e o Mundo que queremos:
A alternância de poder é um princípio fundamental das democracias modernas. Ela garante que diferentes partidos ou grupos políticos possam ocupar o poder de forma rotativa, evitando a concentração prolongada nas mãos de um único grupo. Isso é crucial para a saúde de uma democracia por várias razões.
São elas: a) Prevenção da ditadura e tirania. A alternância de poder impede que um grupo ou indivíduo se mantenha no poder por tempo indeterminado, o que pode levar ao abuso de poder e à tirania; b) Renovação de ideias e projetos. Novos governantes trazem novas ideias, políticas e abordagens, o que pode ser benéfico para a sociedade como um todo. Isso ajuda a adaptar o governo às mudanças sociais, econômicas e tecnológicas; c) Responsabilização dos governantes. A possibilidade de ser substituído nas próximas eleições incentiva os governantes a serem mais responsáveis e responsivos às necessidades dos cidadãos; d) Fortalecimento da democracia. A rotatividade no poder fortalece as instituições democráticas, mostrando que a transição pacífica de governo é possível e desejável, além de promover a participação ativa dos cidadãos no processo eleitoral.
Por outro lado, a alternância do poder pode apresentar aspectos negativos e grandes desafios. Quando novos governos assumem, é comum que descontinuem projetos e políticas iniciadas pelos antecessores, o que pode levar a desperdícios de recursos e tempo investidos. Isso também tende a afetar a eficácia dos programas que necessitam de longos períodos para mostrar resultados. Mudanças frequentes no governo podem criar um ambiente de incerteza e instabilidade tanto para os cidadãos quanto para investidores e parceiros internacionais. A falta de uma visão de longo prazo pode prejudicar o planejamento estratégico e o desenvolvimento sustentável. Há também o risco de a alternância de poder acentuar a polarização política e a falta de consenso em temas importantes, dificultando a implementação de políticas públicas consistentes.
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