Ronaldo Francini Filho, biólogo da Universidade de São Paulo (USP), e a Acadêmica Mercedes Bustamante, da Universidade de Brasília (UnB), publicaram artigo na piauí em 25 de novembro, no qual apontam que esses corais estarão em risco se forem abertos novoes poços de petóleo na região. Leia mais!

Recentemente, fomos surpreendidos por declarações da diretora de exploração e produção da Petrobras, Sylvia dos Anjos, questionando as contribuições humanas para a mudança climática e a existência de corais e recifes vivos na Amazônia. Os argumentos causam espanto pela fragilidade, por já terem sido refutados por evidências científicas e, acima de tudo, porque foram vocalizados por uma gestora da mais importante estatal do Brasil.

A discussão sobre os recifes entrou para o manual negacionista. A criação de falsas controvérsias prejudica o debate e planta dúvidas sem fundamento. Alegações de que os recifes da Amazônia não passam de uma “fake news” científica, como disse a diretora da Petrobras, são improcedentes e desconsideram a vasta literatura científica que atesta a existência e a relevância ecológica desses ecossistemas recifais, conhecidos no meio acadêmico como o Grande Sistema de Recifes da Amazônia (Gars, na sigla em inglês).

Piraúna (Cephalopholis fulva) se refugiando em uma esponja a cerca de 110 m de profundidade, na costa do Pará, região contemplada pelo Grande Sistema de Recifes da Amazônia  Foto: Ronaldo Francini-Filho/Greenpeace

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Os recifes da Amazônia, embora constituídos principalmente de algas calcárias, abrigam em abundância diversos grupos de corais, incluindo os “corais verdadeiros” (Scleractinia), os corais-negros (Antipatharia) e as gorgônias (Octocorallia). Contemplam também outros organismos, como esponjas, briozoários e diferentes grupos de algas. O Gars é um importante corredor de migração que conecta organismos marinhos do Sul do Caribe e do Brasil. Oferece aos pescadores brasileiros uma profusão de peixes, entre eles o pargo (Lutjanus purpureus). A cadeia produtiva do pargo movimenta a economia de muitas cidades do Norte brasileiro. Só em Bragança (PA), foram 110 milhões de reais em 2019.

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A exploração de petróleo na Foz do Amazonas, defendida por diretores da Petrobras e integrantes do governo federal, impõe escolhas complexas e potencialmente impactantes para o Brasil. Estão em jogo não apenas ecossistemas sensíveis, como também o possível agravamento da crise climática. É fundamental, neste momento, preservarmos a cautela e a boa ciência.

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