Leia matéria de Roberta Jansen para o Estadão, publicada em 9 de outubro:
O Nobel de Química de 2024 foi concedido para três cientistas que usam a inteligência artificial para decifrar a estrutura das proteínas, anunciou a Real Academia Sueca de Ciências, em Estocolmo, na manhã desta quarta-feira, 9. Um deles é David Baker, da Universidade de Washington (EUA) e os outros dois laureados são Demis Hassabis e John M. Jumper, do Google DeepMind, uma empresa britânica focada em soluções que usam a IA, comprada pelo Google em 2014.
A dupla de cientistas que atua no Reino Unido usou a inteligência artificial para resolver um problema de mais de cinco décadas da bioquímica: antecipar como são as estruturas complexas de proteínas e aminoácidos.
Eles desenvolveram o bem-sucedido programa computacional AlphaFold 2 e os avanços científicos desses estudos tornaram possível prever a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas.
Baker, por sua vez, foi capaz de desenvolver um modelo para criar proteínas inteiramente novas – em alguns casos, com funções totalmente novas também. No fim dos anos 1990, ele começou a desenvolver o software Rosetta, cuja publicação dos resultados ocorreu em 2003. Ele também liberou o código do programa para a comunidade científica.
O prêmio é oferecido aos responsáveis por descobertas de grande importância, “que tenham alterado paradigmas científicos e que tragam grandes benefícios para a humanidade”.
“O trabalho dos pesquisadores que ganharam o prêmio de química hoje resolveu um dos grandes desafios da biologia desde a descoberta sobre a sequência e estrutura do DNA e como era o código genético. O código genético antecipa o que serão as proteínas por ele codificadas, e a estrutura das proteínas é o que vai determinar a sua funcionalidade. E essa relação entre a sequência dos aminoácidos decorrentes do código genético e a estrutura das proteínas foi resolvida por esses pesquisadores”, afirmou o professor Glaucius Oliva, do Instituto de Física [da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, e vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências para a regional São Paulo.]
“Isso tem grandes impactos em todas as áreas de saúde, medicamentos, a compreensão de como funcionam as vacinas, anticorpos monoclonais para o tratamento do câncer, tudo isso cada vez mais está avançando com essa tecnologia que eles desenvolveram”, acrescentou Oliva, que é especialista em biologia estrutural e estudos sobre estrutura de proteínas, e diretor do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos.
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