Leia a coluna da jornalista Míriam Leitão, publicada em O Globo, em 1/10:

A Agência Nacional de Águas (ANA) declarou crítica a situação do rio Xingu, que abastece a Usina de Belo Monte e isso pode vir a prejudicar a produção de energia. Belo Monte foi a mais polêmicas das grandes usinas hidrelétricas construídas na Amazônia. Ela passou por cima de direitos indígenas, direitos sociais, afetou o meio ambiente, deixou sequelas não resolvidas até hoje.

Quando se debatia se a usina deveria ou não ser construída, conversei com muita gente de um lado e do outro, todo tipo de especialista. O cientista [e membro titular da ABC] Carlos Nobre me disse na época que, durante o período da existência de Belo Monte, o regime hídrico daquela região se alteraria muito por causa da mudança climática. Outros climatologistas disseram isso. O alerta era que se construiria uma usina muito grande, a um custo social, econômico, fiscal muito alto, que poderia vir a não produzir o volume de energia que se estimava por falta de água. É exatamente esse dia que estamos vivendo agora.

Pode-se dizer que isso acontece por causa da seca que acomete a região agora. Mas não é uma questão momentânea, as secas ficarão mais frequentes.

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Se a gente pode tirar uma lição de tudo isso é a seguinte: seja na produção de energia, seja em qualquer obra de infraestrutura daqui para diante, é preciso ouvir os cientistas e colocar na equação da decisão a realidade das mudanças do clima.

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O Brasil precisa tomar decisões levando a sério o que os cientistas estão dizendo, não achando que eles estão com algum viés antidesenvolvimentista. Não se pode ignorar no cenário dos próximos anos e décadas o que dizem os cientistas do clima. As mudanças climáticas têm que nortear as decisões econômicas e as decisões energéticas e todas as outras decisões de construção da infraestrutura do país.


Leia o texto na íntegra em O Globo