Professor do Instituto de Física da Universidade de Brasília e novo afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Antonio Ribeiro Junior utiliza simulações computacionais para desenvolver nanomateriais. O pesquisador conta que percebeu ainda na adolescência o potencial disruptivo dos computadores, e adotou a área desde então.
Luiz nasceu em Osasco, na zona oeste de São Paulo, e, como todo jovem paulista dos anos 80 e 90, sua vida corria ao som de Racionais MC’s. Seus pais, Luiz e Zilda, eram servidores públicos e tiveram de se mudar para Brasília em 1994, quando Luiz tinha 11 anos. Na capital federal, Luiz Antonio ingressou no Colégio Militar de Brasília, onde cultivou um interesse por Ciências Exatas.
Mas nessa época o futuro pesquisador ainda não sabia qual carreira seguir. A decisão veio por influência do tio, Fábio Bretas, que fazia doutorado em física na USP. Fábio o levou para conhecer as instalações da universidade e ele ficou fascinado com a infraestrutura. Mais importante, nesse mesmo dia ele conheceu uma empresa fundada pelo tio, onde utilizava-se simulação computacional para trazer soluções ao mercado financeiro.
“Naquele ambiente dinâmico encontrei uma equipe diversificada de vinte profissionais, todos doutores ou doutorandos, trabalhando coletivamente para resolver desafios complexos. Passar minhas férias imerso, observando como as pessoas colaboravam para solucionar problemas não triviais, foi revelador. Foi nesse momento que tomei a decisão de seguir o caminho da física e me dedicar à simulação computacional de sistemas complexos”, conta.
Ao retornar à Brasília, Luiz contou aos seus professores de colégio sobre seu novo interesse e foi logo presenteado com livros de física, matemática e química, como um incentivo para perseguir aquela ideia. Em 2006, ingressou no curso de Física da UnB e logo conheceu o professor Geraldo Magela e Silva, que seria seu orientador desde a graduação até o doutorado.
“O professor Magela desempenhou um papel fundamental em minha formação, não apenas no meu campo de pesquisa, mas também no entendimento do que significa ser um cientista. Sua orientação, somada às aulas dos excelentes professores do Instituto de Física e do Departamento de Matemática, me proporcionaram uma formação sólida”, agradece o Acadêmico, que também destaca nominalmente os professores Pedro Henrique, Willian Cunha, Ricardo Gargano e Marco Cézar.
Entre 2013 e 2014, já no doutorado, Luiz Antonio teve a oportunidade de pesquisar na Universidade de Linköping, Suécia, com o professor Sven Stafström, outra referência na área. Ao obter o título em 2015, ingressou como professor na UnB, onde leciona até hoje. “Foi um ano extraordinário para mim, alcançando um objetivo traçado desde o início da graduação”, conta.
Suas pesquisas se concentram no entendimento teórico das propriedades físico-químicas de nanomateriais, cujo estudo pode gerar soluções inovadores. Grande parte do trabalho está em
simular essas propriedades em computadores, o que ajuda a prever como cada alteração microscópica pode alterar radicalmente a aplicação. “O objetivo é propor nanomateriais mais eficientes para conversão e armazenamento de energia”, explica.
Luiz Antonio entende a ciência como um movimento social fundamentalmente integrador da espécie humana, unindo mentes diversas em torno de um objetivo único: expandir as fronteiras do conhecimento. “A capacidade da ciência de proporcionar oportunidades iguais, independentemente dos caminhos individuais que a vida nos reserva, é uma manifestação poderosa de sua natureza inclusiva. Os protocolos e regras estabelecidos na prática científica permitem uma comunicação clara e direta entre pessoas de diferentes origens étnicas, formando uma linguagem universal que facilita a colaboração e a troca de ideias”, avalia.
É justamente esse espírito que ele planeja trazer ao corpo de Acadêmicos da ABC, representando os jovens cientistas, sobretudo de sua Alma mater, UnB. “Acredito que os membros da ABC desempenham o papel da divulgação científica para a sociedade, exaltando o caráter fundamental da ciência e da educação para o desenvolvimento social e econômico do país”.
Mas nem só de ciência vive o cientista. Nas horas vagas, além de um eclético apreciador de música, Luiz Antonio pratica jiu-jitsu, o qual adotou como um estilo de vida. “Esse esporte não apenas contribui para a minha saúde física, mas também molda minha mentalidade, promovendo valores como disciplina, respeito e superação. O Jiu-jítsu é uma fonte de constante aprendizado e crescimento pessoal, proporcionando equilíbrio no meu dia a dia e influenciando positivamente minha abordagem em diversas áreas da vida. Além disso, a resenha com os parceiros de tatame no final dos treinos é sempre muito divertida!”, conclui.