No dia 30 de agosto, sexta-feira, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) recebeu em sua sede o lançamento do livro “Não há mundo seguro sem ciência”, escrito por seu membro titular Luiz Carlos Dias, professor do Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A obra foi publicada pela editora Paraquedas.

Dias esteve na linha de frente do debate durante a pandemia da covid-19 e traz seu relato dessa experiência em seu novo livro. Ao lado de outros pesquisadores, buscou informar a população e derrubar mitos e fake news, enfrentando uma máquina profissional e com interesses políticos e econômicos na desinformação.

“Aqui no Brasil a pandemia esteve no seu pior cenário em meio a um governo que odiava a ciência. Não podemos esquecer esse momento, é inadmissível que um país com a cultura de vacinação do Brasil tenha deixado mais de 700 mil vidas para trás. O Brasil poderia ter dado um exemplo para o mundo, com o SUS e o Plano Nacional de Imunização, sobre como combater uma pandemia, mas não o fez”, avaliou.

Dias qualificou o movimento anti-vacinas como criminoso e lamentou a queda na cobertura vacinal do país. Em sua visão, movimentos negacionistas crescem no apelo à emoção e ao extremismo, duas características que não se misturam com a ciência. Olhando para trás, ele enxerga que a luta dos cientistas na pandemia foi feita de forma pulverizada, sendo preciso uma estratégia mais coordenada para enfrentar futuras crises.

“Esse livro não é sobre mim. É sobre uma luta travada não só nas mídias sociais, mas também na interação com setores organizados da sociedade civil. Faço um reconhecimento às universidades públicas, aos institutos de pesquisa, como Butantã e Fiocruz, ao papel de divulgadores e cientistas, ao papel dos profissionais da saúde e aos jornalistas que ficaram ao lado da ciência e levaram sua voz à sociedade no momento em que foi mais necessário”, disse o autor.

Da esquerda para a direita: Fátima Bruno, Superintendente de Planejamento Institucional da UFRJ; Luiz Davidovich, ex-presidente da ABC; Débora Foguel, professora de bioquimica da UFRJ; Luiz Carlos Dias, professor de química da Unicamp e autor do livro; e Diógenes Campos, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Paleontologia.

A obra conta com prefácios escritos por cientistas renomados, como Gonzalo Vecina, médico e professor assistente da USP e fundador da Anvisa; Gustavo Mendes Lima Santos, diretor de Assuntos Regulatórios, Qualidade e Ensaios Clínicos da Fundação Butantan; e Luana Araújo, infectologista, epidemiologista e comunicadora em saúde, que ficou conhecida na pandemia após ter sido alijada do cargo ao qual tinha sido indicada no Ministério da Saúde.

Apresenta ainda posfácios elaborados por Peter Schulz, físico e professor titular da Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp; Soraya Smaili, professora e ex-reitora da Universidade Federal de São Paulo; e Rosana Richtmann, diretora do Comitê de Imunização da Sociedade Brasileira de Infectologia. Já o texto de orelha foi escrito por Margareth Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fiocruz, e também reconhecida por sua atuação em defesa da ciência durante a crise sanitária.

O membro titular Diógenes Almeida, representando a ABC, reforçou o papel da Academia na defesa da ciência contra o negacionismo. “O livro traz relatos de profissionais que tiveram atuação destacada durante a crise. Gostaria de destacar também o papel dos jornalistas que ajudaram a difundir informações de qualidade. A ciência lida com a verdade”, afirmou.

Assista ao lançamento: