A ciência é uma construção coletiva e todo bom trabalho deve estar apoiado “sobre os ombros de gigantes”. A metáfora dos anões estarem sobre ombros de gigantes (em latim: nanos gigantum humeris insidentes) expressa o significado de “descobrir a verdade a partir das descobertas anteriores”. Esse conceito tem origem no século XII, e é atribuído a Bernardo de Chartres. Seu uso mais conhecido vem de Isaac Newton, que escreveu em 1675: “Se eu vi mais longe, foi por estar sobre ombros de gigantes.” No caso do químico Tiago Elias Allievi Frizon, novo membro afiliado da ABC, esse foi um aprendizado que veio naturalmente. Filho caçula de uma professora da rede pública com um comerciante, Tiago sempre foi incentivado a cursar uma faculdade e teve o exemplo de dois irmãos que ingressaram no ensino superior antes dele.

Tiago nasceu em 1982, no município catarinense de Ponte Serrada, onde passou a maior parte da infância. Aos 12 anos, se mudou para Concórdia, também no estado de Santa Catarina, e lá viveu até passar para a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Sempre gostou de praticar esportes, especialmente voleibol. Na escola era assíduo e responsável, e conta que sempre gostou de ciência: “Fui influenciado por programas educativos infantis na TV e também por uma brincadeira de fazer perfumes com flores e folhas em casa. Já na escola, minha professora de química, Marla, certamente me estimulou a seguir nesse caminho”.

Durante o início da faculdade, Tiago lembrava das noites que a mãe virava corrigindo provas e isso o afastava da docência. Porém, sua experiência com monitorias na graduação o fez mudar de ideia. Percebeu que a vida universitária unia duas de suas paixões: ensinar e pesquisar. E foi assim que iniciou no Departamento de Química da UFSC sua trajetória acadêmica, desde a iniciação científica até o pós-doutorado.

Tiago Frizon atua no desenvolvimento de materiais avançados para aplicação industrial, desde tecnologias para telas de celular e televisão, nanopartículas minerais com atuação farmacológica, até a criação de inovações metodológicas para reduzir o impacto ambiental da indústria. “O que me encanta na minha área é a possibilidade de moldar a matéria e obter novos produtos com uma variedade de aplicações, temos realmente um mundo de inovações onde atuar”, relatou o pesquisador.

Nas palavras do Acadêmico, “a ciência é resultado de conhecimento adquirido através de pesquisa e muito estudo, indicando um caminho seguro na tomada de decisões”. Ele reforça esse caráter colaborativo da profissão ao lembrar dos muitos nomes que o ajudaram nessa caminhada: “Tereza Cristina, Augusto Ceccato, José Bertolino, Hugo Gallardo, Antônio Luiz Braga, Fernando Molin, Deise Maria, Gilmar Conte, Rodrigo Cristiano, Fernando Bryk, Fernando Ely, Marcelo Godoi, Paulo Taube Júnior, Jamal, Sumbal, Gian, Juliano, Fábio, Rômulo, Vanessa, Jesus, isso só pra citar alguns”.

Sobre a eleição para a Academia Brasileira de Ciências, Tiago diz que é “um privilégio e um motivo de orgulho pertencer a um grupo tão seleto de cientistas brasileiros”, destacando o papel das sociedades científicas na vanguarda do conhecimento. Mas destaca que essa é uma honra não apenas individual, mas coletiva. “É um reconhecimento à UFSC, de onde sou egresso. É a universidade pública cumprindo seu papel social”.

Mas nem só de ciência vivem os cientistas. Na música, seus estilos principais são o rock’n roll e o pop rock, que fizeram parte de sua juventude. Amante da culinária, adora experimentar comidas diferentes e degustar um bom vinho. No tempo livre, Tiago gosta de aproveitar a companhia da família, viajar e se desligar do trabalho, pois ninguém é de ferro.