A Amazônia teve o maior número de focos de incêndio em um único dia dos últimos 15 anos. O recorde negativo ocorreu em 22 de agosto e foi registrado pelo Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Para falar desse assunto, o membro titular da Academia Brasileira de Ciëncias (ABC) e pesquisador do Inpe Carlos Nobre foi entrevistado pelo GloboNews Especial de Domingo, que foi ao ar em 4 de setembro.

Nobre alertou que a floresta está perto de um ponto de não-retorno. “Se não zerarmos o desmatamento, a degradação e o fogo em no máximo 20 anos, a floresta se tornará um ecossistema degradado, aberto e deixará de armazenar toneladas de carbono, tornando impossível cumprir os objetivos do Acordo de Paris”, disse.

O Acadêmico falou também sobre o aumento na frequência dos eventos climáticos extremos e os efeitos desse processo na economia brasileira. “Quando juntamos as mudanças climáticas com a degradação dos biomas, estamos ameaçando a posição do Brasil como grande produtor de alimentos”, afirmou, “É muito importante reverter essa tendência, o Brasil tem um dos maiores potenciais de armazenamento de carbono do mundo”.

O Painel Científico para a Amazônia (SPA), do qual Nobre é co-presidente, planeja lançar um megaprojeto de recuperação florestal durante a COP27, a ser realizada este ano no Egito. A iniciativa visa criar um arco de restauração no sul da Amazônia com mais de um milhão de quilômetros quadrados. “Precisaremos de investimentos dos países ricos e colaboração dos países amazônicos. As primeiras estimativas prevêem um custo de 30 bilhões de dólares, então será crucial uma forte colaboração internacional”, finalizou.

Carlos Nobre com os jornalistas Fernando Gabeira e Leila Sterenberg