Leia o artigo escrito pelo membro titular Isaac Roitman para o Monitor Mercantil, publicado em 8 de agosto:

A Universidade de Brasília (UnB) recebeu, de 24 a 30 de julho de 2022, a 74ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). É o maior e mais importante encontro da comunidade de pesquisadores brasileiros.

Entre outros temas debatidos, a diminuição drástica dos investimentos no desenvolvimento científico, foram temas discutidos. As estruturas de pesquisa no Brasil perderam R$ 35 bilhões nos últimos cinco anos, que foram desviados para outros fins.

A luta das entidades para a recomposição dos orçamentos é constante. Entre elas a SBPC, a Academia Brasileira de Ciências (ABC), a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), o Centro de Estudos Sociedade: Sou Ciência da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).

O Brasil, apesar enfrentar as crises de seu desenvolvimento científico e tecnológico, dispõe de notável base científica, de conhecimentos acumulados, de avanços e descobertas científicas. Temos um considerável número de cientistas altamente qualificados e apesar da asfixia de investimentos nas Universidades e Centros de Pesquisas públicas. Dispomos de parques tecnológicos e de organismos como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Coordenação e Aperfeiçoamento do Pessoal do Ensino Superior (Capes) e as Fundações de Apoio/Amparo à Pesquisa, que lutam contra a desintegração, possivelmente planejada, de nosso sistema de Ciência e Tecnologia (C&T).

Não será possível termos a emancipação do País sem uma educação cidadã e profissional de qualidade e de um sistema de C&T sólido, voltado para o desenvolvimento do saber e resolução dos desafios sociais. Como é sempre apontado, é uma contradição vergonhosa o fato do Brasil ser um celeiro de alimentos do planeta e termos milhões de pessoas passando fome.

Se nosso objetivo é de termos uma nação soberana, é absolutamente fundamental o investimento em pesquisa científica e a parceria entre as Universidades e o empresariado, que será parceiro para as inovações que vão assegurar o desenvolvimento industrial sustentável, agregando valor às nossas exportações e reduzir a dependência. É também necessária a implantação de uma política econômica, que tenha como objetivo beneficiar toda a sociedade e não o enriquecimento de poucos. Prescindir da educação de qualidade para todos e todas e da pesquisa científica e da inovação tecnológica é abrir mão da soberania nacional.

É pertinente lembrar de dois pensamentos de Ulisses Guimarães, durante a elaboração da Constituição de 1988: “Nosso povo cresceu, assumiu o seu destino, juntou-se em multidões, reclamou a restauração democrática, a justiça social e a dignidade do Estado”; “A Nação quer mudar, a Nação deve mudar, a Nação vai mudar”.