Esta coluna foi escrita para a campanha #ciêncianaseleições, que celebra o Mês da Ciência. Em julho, colunistas cederam seus espaços para refletir sobre o papel da ciência na reconstrução do Brasil. Quem escreve é o físico Luiz Davidovich, professor emérito da UFRJ. A iniciativa é do Instituto Serrapilheira e da Maranta Inteligência Política.
Diversos países investem fortemente em ciência e inovações tecnológicas fundamentais para o desenvolvimento da civilização, da inteligência artificial às terapias gênicas. É um jogo de campeões, que envolve disputas aguerridas pelo protagonismo internacional, usando o poder do conhecimento.
A atual agenda política, econômica e social, com cortes orçamentários para a ciência e as universidades, desperdício de milhões de cérebros nas comunidades carentes e ausência de um projeto de desenvolvimento sustentável empurram no entanto o Brasil para a segunda divisão.
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Não é assim espantoso que o Brasil tenha apenas 900 pesquisadores por milhão de habitantes, enquanto países da OCDE têm 4 mil. Em um país que, graças a cientistas como Johanna Döbereiner, é campeão internacional na produção de alimentos, 33 milhões de pessoas passam fome.
Uma agenda perversa, que ignora ingredientes essenciais para desenvolvimento sustentável no mundo atual: inclusão social, proteção ao meio ambiente, educação de qualidade, ciência, tecnologia e inovação.
No início do século 20, jovens cientistas, movidos pela curiosidade, tentavam entender o mundo dos átomos e dos elétrons e fundaram a física quântica, iniciada com um trabalho de Max Planck. Hoje, graças a ela temos aparelhos de ressonância magnética, GPS, laser e computadores modernos. Se Max Planck vivesse no Brasil de hoje, será que teria desistido da ciência diante do desestímulo que presenciamos?
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Estas eleições serão decisivas para que nossos futuros talentos possam encontrar um cenário que permita o pleno florescimento da curiosidade e de suas vocações. Valorize a ciência na hora de votar.