Na última sexta-feira, 3 de junho, aconteceu o terceiro Encontro da Diáspora Científica Brasileira na Áustria, na Eslováquia e na Eslovênia, organizado pela Embaixada do Brasil em Viena. A Academia Brasileira de Ciências (ABC) esteve presente na figura de sua presidente Helena Bonciani Nader e de sua membro afiliada Raquel Cardoso de Melo Minardi. Anteriormente, a ABC já havia participado de eventos semelhantes com cientistas brasileiros radicados na Alemanha, na França e na África do Sul, além do segundo encontro de pesquisadores na Áustria, Eslováquia e Eslovênia (2021).

Em sua fala de abertura, o embaixador do  Brasil na Áustria, Nelson Antônio Tabajara de Oliveira, destacou a importância de estreitar os laços entre a comunidade científica brasileira no exterior. De acordo com dados da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil já era um dos países com maior número de emigrantes com ensino superior em 2013 (OCDE – UNDESA, 2013). Desde então, o problema da fuga de cérebros só aumentou, sobretudo de jovens cientistas, que deixaram o país em decorrência das sucessivas reduções orçamentárias que a ciência e tecnologia nacional vem sofrendo desde 2014.

A presidente da ABC, Helena Nader

É o que revela um mapeamento publicado em setembro de 2021 pela Embaixada do Brasil em Viena. O relatório identificou 83 pesquisadores brasileiros vivendo atualmente na Áustria, Eslováquia ou Eslovênia (principalmente nos dois primeiros), dos quais 90% emigraram após 2014 e 95% têm entre 25 e 44 anos. Desse grupo, 85% está empregado em suas áreas de especialização e a maioria apontou que a falta de reconhecimento e valorização profissional foi a principal causa que os levou a sair do Brasil. Por se tratar de uma pesquisa com voluntários e em virtude da falta de dados oficiais sobre a diáspora científica brasileira nesses países, o mapeamento não almeja ser uma amostra representativa do universo total, mas oferece um vislumbre sobre a comunidade de pesquisadores brasileiros na região e sobre oportunidades de colaboração que podem ser exploradas.

A presidente da ABC, Helena Nader, avaliou que o Brasil atravessa uma profunda crise no financiamento de CT&I e que as diásporas brasileiras no exterior podem contribuir muito na luta para mudar esse cenário e fomentar o desenvolvimento socioeconômico do país. Nader lembrou do compromisso que a comunidade científica nacional precisa ter com a construção de um Brasil mais justo e ambientalmente sustentávele reconheceu os esforços sendo feitos para organizar os pesquisadores brasileiros radicados nos três países. “Ser um cientista no exterior não é trivial, são pessoas altamente qualificadas a quem a ABC manifesta seu muito obrigado”, finalizou.

A afiliada Raquel Minardi

A membro afiliada da ABC Raquel Minardi apresentou o projeto “Perfil dos pesquisadores brasileiros em início e meio de carreira”, inciativa conduzida por uma força tarefa de 87 membros e ex-membros afiliados da ABC. O trabalho ainda está em desenvolvimento e pretende realizar um diagnóstico das principais características da atuação de jovens pesquisadores brasileiros, de modo a orientar políticas públicas e estratégias de financiamento e incentivar a criação de redes de colaboração.

Para isso, o projeto está criando um formulário abordando temas como produção e divulgação científica; custos e financiamento; internacionalização e interação com as diásporas; colaboração e lideranças científicas; e diversidade na ciência. “Em breve o formulário estará disponível e gostaríamos de contar com a participação e divulgação entre a comunidade científica brasileira na Áustria, Eslováquia e Eslovênia”, destacou Minardi.

Durante a reunião, alguns representantes da diáspora nos três países apresentaram os trabalhos que desenvolvem atualmente, são eles: Paulo Vitor de Campos Souza, doutorando em Ciências Técnicas na Johannes Kepler University em Linz, Áustria; Rachel de Castro Almeida, doutora em Ciências Sociais e pesquisadora visitante na Universidade Técnica de Viena; Clarissa do Nascimento Tabosa, doutora em Relações Internacionais e pesquisadora da Universidade Comenius na Bratislava, Eslováquia; e Marianne Rocha Hasler, doutora em Parasitologia e atualmente pós-doutoranda na Universidade Médica de Viena.

Ao final da reunião, representantes da Rede Apoena, que organiza a diáspora brasileira na Alemanha, e da Associação de Brasileiros Estudantes de Pós-Graduação e Pesquisadores no Reino Unido (ABEP-UK) compartilharam a experiência das duas organizações na integração da comunidade científica brasileira nos respectivos países.