No dia 31 de maio foi dado início aos cem dias de comemoração da primeira emissão de rádio no Brasil, quando, a sete de setembro de 1922 foi levado ao ar, depois de uma fala do presidente Epitácio Pessoa, a ópera O Guarani, de Carlos Gomes, encenada no Theatro Municipal. Ao longo dessas comemorações, capitaneadas pela EBC e pela Rádio Roquete Pinto, serão realizadas diferentes ações de difusão cultural e científica, através da rádio comum, da webradio e da divulgação de podcasts. Na ocasião foram lançados um spot comemorativo, 100 interprogramas e uma playlist do Spotify “Rádio 1950”.

O gerente da Rádio Mec Tiago Regoto, destacou o fato de faltarem praticamente 100 dias para o 7 de setembro, data em que serão celebrados o bicentenário da independência e o centenário da radiodifusão no Brasil. “Essa foi a data oficial que marcou a criação do rádio que conhecemos até hoje e está sendo montada uma agenda conjunta de rádios públicas para essa celebração”, destacou. Regoto acrescentou que, em sua visão, o rádio não está morrendo. “Ele está renascendo, se transformando e se adaptando.”

A historiadora Clara Paulino, presidente da Fundação Teatro Municipal, ressaltou que a primeira transmissão ao vivo em comemoração ao centenário da independência foi realizada naquele teatro e que, portanto, este não poderia deixar de integrar as comemorações do bicentenário.

Representando a ABC, o Acadêmico Diogenes de Almeida Campos participou de cerimônia no Theatro Municipal. “Tomei a iniciativa de, rememorando a ação pioneira da ABC, principalmente por Henrique Morize e Edgard Roquette Pinto, informar aos presentes da possibilidade da ABC, através de seus membros, orientar e assessorar a preparação de conteúdos científicos”, relatou Campos.

ABC e a radiodifusão no Brasil

A Rádio Sociedade foi criada em 20 de abril de 1923 por um grupo de cientistas e intelectuais do Rio de Janeiro, nos salões da então jovem Academia Brasileira de Ciências. O principal objetivo de seus fundadores era promover, por meio do rádio, a educação e a divulgação da ciência e da cultura.

O contexto da época era de grande otimismo em relação ao potencial das novas tecnologias de comunicação para a democratização da informação. Acreditava-se que o rádio seria capaz de disseminar o conhecimento científico, de forma fácil e ágil, para todo o Brasil. 

“O rádio representa o papel preponderante de guia diretor, de grande fundador de almas, porque espalha a cultura, as informações, o ensino prático elementar, o civismo, abre campo para o progresso preparando os tabaréus, despertando em cada qual o desejo de aprender. Muita gente acredita que o papel educacional do radiofônico é simplesmente um conceito poético, coisa desejável, mas difícil ou irrealizável. Quem pensa desse modo não conhece o que se faz no Brasil”, disse Roquette-Pinto, em seu discurso de fundação.

Os programas transmitidos pela rádio incluíam, além de música e noticiário, uma série de cursos livres – como os de inglês, francês, história do Brasil, literatura portuguesa, literatura francesa, radiotelefonia e telegrafia – e dezenas de conferências de divulgação científica sobre temas diversos, incluindo física, química e saúde.

A Rádio Sociedade encerrou suas atividades em 1936, quando foi doada para o governo com a condição de que seus objetivos originais fossem mantidos. Passou a se chamar Rádio Ministério da Educação, mais conhecida como Rádio MEC.