Leia a matéria de Rafael Garcia, repórter do jornal O Globo, sobre o sistema inovador inaugurado no Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe), o maior centro de pós-graduação em engenharia da América Latina. Atualmente, a Coppe é presidida pelo Acadêmico Romildo Dias Toledo Filho. A idealização do sistema foi coordenada por Carolina Naveira-Cotta, membro afiliado da ABC 2015-19. 

Um grupo de engenheiros da UFRJ inaugurou nesta semana dentro do campus da universidade, na Ilha do Fundão, um aparato experimental que gera energia elétrica e produz água potável em uma só instalação. A ideia dos cientistas é levar a tecnologia para comunidades isoladas do Semiárido nordestino.

Criado por pesquisadores da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia), o projeto se materializou em uma “Ilha de Policogeração Sustentável” que ocupa um espaço relativamente pequeno (200 m²), mas com alto potencial.

Ilha de Policogeração Sustentável. (Foto: Divulgação Coppe/UFRJ)

— Nesse demonstrador, a gente produz eletricidade para atender o equivalente a 26 residências, além de 1.000 litros de água por dia, o suficiente para 100 pessoas — conta Carolina Naveira-Cotta, professora de engenharia mecânica que coordena o projeto.

Para criar um sistema que possa operar de maneira independente suprindo água e eletricidade, a abordagem usada pela pesquisadora foi a de aproveitar o calor dispersado pelas células fotovoltaicas (os painéis solares) e usá-lo em um processo de destilação da água, ou seja, purificação por meio de evaporação.

Na instalação da cidade universitária, é visível um grande painel solar (com 450 células de silício), e uma estrutura onde fica o tanque de água onde é feita a purificação de água.

Para criar um sistema que possa operar de maneira independente suprindo água e eletricidade, a abordagem usada pela pesquisadora foi a de aproveitar o calor dispersado pelas células fotovoltaicas (os painéis solares) e usá-lo em um processo de destilação da água, ou seja, purificação por meio de evaporação.

Na instalação da cidade universitária, é visível um grande painel solar (com 450 células de silício), e uma estrutura onde fica o tanque de água onde é feita a purificação de água.

Essa tecnologia existe desde a década de 1960 e foi pouco usada até hoje, porque a osmose reversa (uma espécie de filtragem pressurizada) se mostrou um método mais eficaz depois. Essa outra técnica, porém, consome muita energia, o que se torna um problema para seu emprego em áreas isoladas.

Em áreas mais secas do Semiárido, onde os poços só tem água salobra em parte do ano, a tecnologia tem grande potencial de aplicação, porque muitas das áreas isoladas que estão nessa condição também tem carência de energia.

O Programa Água Doce (PAD), do governo federal, atende hoje 900 comunidades com instalações de osmose reversa, mas há uma demanda total de 4.000, segundo Naveira-Cotta. Muitas delas não puderam ser atendidas justamente por estarem fora da rede nacional de distribuição de energia.

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Um fator que torna o projeto carioca mais perto da aplicação é que ele usa apenas tecnologias que já consagradas e comercializadas. A inventividade da equipe de 15 pesquisadores que realizou o projeto em dois anos foi empregada na maneira com que essas tecnologias foram integradas.

A instalação inaugurada na Coppe foi bancada por meio de uma parceria com a Galp, grupo português do setor de petróleo energia. O interesse da empresa foi o de prospectar uma tecnologia para usar em suas próprias fazendas de energia solar. Painéis solares requerem lavagem muito frequente para manterem sua eficiência, e a geração independente de água destilada pode reduzir a necessidade de consumo de água doce externa.

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A Ilha de Policogeração Sustentável deve ficar instalada no campus até o meio do ano que vem, pelo menos. A professora diz que pretende alongar esse período, porque o aparato experimental pode acomodar mais projetos e ajudar na formação de novos engenheiros.