Confira a entrevista concedida para Roberta Jansen pelo Acadêmico Paulo Saldiva para o Estadão, publicada neste 12 de abril:
RIO – Enquanto as mudanças climáticas avançam cada vez mais rápido, estudos mostram que temperaturas maiores impõem riscos não só à saúde do meio ambiente, mas dos próprios seres humanos. Mortes por calor, problemas respiratórios em áreas de queimadas florestais, vírus transmitidos por mosquitos e doenças cardiovasculares são apenas alguns exemplos das ameaças que crescem nesse cenário.
Estudo publicado na revista Nature, assinado por cientistas britânicos, suíços e brasileiros, estimou que até 76% das mortes ocorridas de 1991 a 2018 em consequência do calor estão relacionadas diretamente às mudanças climáticas provocadas pelo homem. E o número tende a aumentar, como alertou o relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) das Nações Unidas (ONU). O documento divulgado em fevereiro foi o primeiro a detalhar o impacto do aquecimento na saúde humana.
“Durante muito tempo, o aquecimento global era um urso polar equilibrado na ponta de um iceberg: se fizermos tudo certo agora, vamos estabilizar o clima nos próximos 40 anos e o primeiro beneficiado será o urso”, resume Paulo Saldiva, da USP, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e um dos maiores especialistas do país na relação entre mudanças climáticas e saúde humana.
“[O novo relatório] apresenta essa ideia de fundar a sociedade protetora do ser humano, porque as alterações acontecem dentro de um ecossistema do qual fazemos parte, com consequências imediatas para a nossa saúde.” Conforme o IPCC, ao menos 40% da população global vive em áreas “altamente vulneráveis” ao aquecimento. Como diz o relatório, toda história climática é também uma história de saúde.
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