Leia artigo do Acadêmico Jerson Lima Silva, presidente da Faperj, membro da ABC, da Academia Nacional de Medicina e da Academia Mundial de Ciências (TWAS), publicado em O Globo, no dia 13 de março:

No mês passado, fomos devastados por notícias angustiantes. Primeiro, a catástrofe de Petrópolis. Nas duas últimas semanas, a invasão da Rússia à Ucrânia, um abalo mundial tanto pela tragédia humana quanto pelos riscos de uma guerra insana. Nem bem nos recuperamos dos mais de seis milhões de mortos pela Covid-19, precisamos refletir sobre outros desafios globais. E algo os une: só com investimentos em ciência, tecnologia e inovação será possível mudar cenários de catástrofe provocados pela natureza e pelo homem.

Há dez anos, a Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) investe em pesquisas para mitigar as mudanças climáticas. Foram mais de R$ 60 milhões. As áreas de soberania e pesquisas em óleo, gás e a independência em fertilizantes também receberam investimentos de cerca de R$ 33 milhões nos últimos dois anos. Infelizmente, muitas pesquisas existem, mas os resultados nem sempre são aproveitados pelo poder público.

Em ciência, precisamos de perspectiva no longo prazo, e não de financiamento aos solavancos. Após uma crise de longa duração, a Faperj conseguiu, pela primeira vez em 2021, atingir o que determina a Constituição do estado: executou 2% da arrecadação líquida em ciência. Foram investidos R$ 690 milhões.

(…)

Na contramão [do país], a Faperj investiu na formação de recursos humanos. Em 2021, o Conselho Superior, junto à diretoria, reajustou em 25% os valores mensais das bolsas dos pesquisadores, defasadas havia oito anos. Essas ações são extremamente importantes para atrair talentos. E, para impedir a “fuga de cérebros”, foram lançados editais que visam a trazer ao Rio os melhores pesquisadores, bem como atrair jovens talentos formados em outros centros de pesquisa nacionais e do exterior. Um programa especial de apoio aos pesquisadores refugiados da Ucrânia já está sendo fomentado. A atração de cientistas conta com um aporte inicial de R$ 40 milhões.

Além dessas ações, foram lançados editais inovadores, como as redes e programas de nanotecnologia, saúde, inteligência artificial, favela inteligente, conservação da biodiversidade, monitoramento de derramamento de óleo, apoio à agricultura e editais voltados para o Bicentenário da Independência.

A Fundação também passou a atuar na integração entre universidades, institutos de pesquisa e setor empresarial. Uma ação totalmente inovadora foi associar empresas inovadoras com acesso a recursos não reembolsáveis e crédito operados pela AgeRio. Essas ações têm sido complementadas por meio do apoio a startups e do incentivo ao empreendedorismo de novos doutores.

(…)

Ciência não é gasto, mas investimento com visão de futuro.


Leia o artigo na íntegra no site de O Globo