Leia artigo de opinião publicado no Estadão, em 1/12, de autoria do Acadêmico Marcelo Morales – médico, professor titular da UFRJ, secretário de Estado de Pesquisa e Formação Científica do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, presidente da União Internacional de Biofísica Pura e Aplicada (2017-2021) e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Nacional de Medicina e da Academia Nacional de Farmácia:

O encerramento da COP-26 abriu um novo capítulo direcionado às ações efetivas anunciadas em Glasglow para conter o aquecimento global em 1,5° C, conforme a intenção do Acordo de Paris. Logo nas primeiras linhas o documento aprovado nessa Conferência das Nações Unidas reconhece a “importância da melhor ciência disponível para ações climáticas efetivas e formulação de políticas”.

A ciência, ao lado da tecnologia e da inovação, são as principais ferramentas para agir assertivamente, atendendo à urgência climática.

A contribuição do Grupo de Trabalho 1 do Sexto Relatório de Revisão do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), o qual contou com a contribuição de vários especialistas brasileiros, é um endosso aos alertas propagados pelos cientistas há décadas.

O aquecimento é ocasionado pela ação humana e os eventos extremos relacionados já são observados em todas as regiões do globo. O planeta está 1,1° C mais quente e períodos secos mais longos ou chuvas intensas concentradas serão mais frequentes e mais intensos.

Ao anunciar o fim do desmatamento ilegal, a redução das emissões de metano, o aceite do mercado global de carbono e antecipar as metas de neutralidade de carbono, o Brasil indicou, automaticamente, o árduo trabalho que tem pela frente. É pouco provável atingir todas essas metas sem o devido investimento em inovação, no desenvolvimento de novas tecnologias e na pesquisa dos ecossistemas brasileiros, que contemplam as fases de formação científica, de maturação tecnológica e na cooperação internacional, com o objetivo de implementar políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável.

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A ciência brasileira é fundamental para o reconhecimento e o entendimento dos impactos e vulnerabilidades relacionados à mudança do clima no País, também é a base para a implementação de políticas públicas que promovam o desenvolvimento sustentável. Temos muito trabalho para suprir as lacunas de informações, avançar na fronteira do conhecimento e implementar novas tecnologias. O desafio assumido pela humanidade para conter o aquecimento global dependerá de engajamento e muito investimento em ciência.