Nascido em Belo Horizonte, no ano de 1979, Pedro Lage Viana cresceu em Nova Lima, na região metropolitana de Belo Horizonte, numa casa rodeada de florestas (Mata Atlântica) e savanas (Cerrado). No quintal da casa havia um riacho, com águas ainda cristalinas e protegido pela mata ripária. Além de jogar futebol, videogame, soltar pipa, Pedro adorava se aventurar pelo riacho, para pescar lambaris, procurar pedras e plantas diferentes. Ainda mais: seu pai tinha um lindo orquidário e sua paixão pelas orquídeas contribuiu também para influenciar Pedro. Sua infância, em suas próprias palavras, o levou diretamente para as ciências naturais. 

Seu pai era engenheiro de minas, funcionário da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). A mãe foi jornalista da TV Manchete e depois da RedeTV. Suas duas irmãs mais novas também cursaram nível superior, uma em direito e outra em medicina veterinária. 

Embora seu pai não trabalhasse diretamente com ciência, ele foi para Pedro sua maior inspiração no seu direcionamento para as ciências naturais. Naquela fase em que os jovens precisam escolher o curso para prestar o vestibular, Pedro não tinha dúvidas que queria algo relacionado a botânica. Tentou então ciências biológicas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e engenharia florestal na Universidade Federal de Viçosa (UFV).  

Pedro Viana foi então cursar ciências biológicas na UFMG. Assim que teve oportunidade, procurou uma iniciação científica. Logo desenvolveu um trabalho de levantamento da flora em áreas com vegetação que cresce em áreas ferruginosas, na Serra da Calçada. Alguns anos depois, publicou esse trabalho na revista Rodriguesia, do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, que se tornou uma importante referência sobre a vegetação ferruginosa, pelo ineditismo. 

Sua graduação foi uma fase de muita fertilidade criativa e aprendizado. Além da parte acadêmica, o ambiente universitário despertou em Pedro uma sensação de liberdade e vastidão de mundo que ainda não havia experimentado. Conheceu amigos eternos, montou uma banda de MPB e desenvolveu as pesquisas dos seus sonhos. 

Depois, já no ambiente universitário, Pedro conheceu pesquisadores botânicos geniais, que lhe ensinaram o bê-á-bá da ciência e se tornaram uma referência perene na minha formação. “Preciso citar os botânicos (na ocasião, da UFMG) Julio Antônio Lombardi, Joao Renato Stehmann, Alexandre Salino e Marcos Sobral.” 

Da graduação, Viana passou para o mestrado e depois para o doutorado em Biologia Vegetal, ambos na UFMG. O doutorado incluiu um estágio sanduíche (Capes-PDEE) na Universidade de Wisconsin – Stevens Point (EUA). Nesse período de consolidação de sua posição como pesquisador, o prof. Tarciso Filgueiras, seu orientador de doutorado, foi uma grande inspiração. 

Por um ano, Pedro Viana foi professor substituto na Universidade Federal de Juiz de Fora, onde participou de projetos de pesquisa e realizou orientações de iniciação científica. Integrou a equipe do Jardim Botânico Inhotim por 16 meses, onde foi curador botânico e desenvolveu pesquisas relacionadas a coleções vivas e conservção ex situ de flora. Atualmente é pesquisador no Museu Paraense Emílio Goeldi, onde desenvolve suas pesquisas sobre a flora amazônica. É curador do herbário MG e integrante do comitê gestor do projeto Flora do Brasil online 2020. 

Pedro Viana é taxonomista de plantas, ou seja, estuda a classificação biológica desses seres “espetaculares”, em suas palavras. Atualmente sua pesquisa é focada no estudo da diversidade da flora brasileira, principalmente em áreas pouco exploradas na Amazônia. “Ainda existem muitas espécies desconhecidas pela ciência e também lacunas de conhecimento sobre muitas espécies de plantas. Este conhecimento básico é elementar para quaisquer outras áreas da ciência que pretenda estudas as plantas, como conservação, ecologia, prospecção de fármacos, cosméticos, dentre outros”, explicou. 

O que ele gosta mesmo no fazer científico é o fato de que a ciência está sempre aberta a novas evidências. E não há forma mais transparente para interpretar o universo e sua imensidão. “Na minha área, a emergência da vida e a evolução biológica, responsável por toda a diversidade e complexidade dos seres vivos, são especialmente encantadoras”, acrescentou Pedro. 

O título de membro afiliado da ABC, para ele, é uma honraria, que veio para ele como reconhecimento da sua contribuição para com a ciência nacional, desvendado um pedaço da imensa riqueza e beleza das plantas nativas do Brasil. 

Além das plantas, Pedro Viana também é apaixonado pela música brasileira. Aliás, a música é a forma de arte que mais lhe encanta. “Já fui um violonista razoável, mas não conseguir prosseguir nos estudos”, lamenta o Acadêmico.  

Fora do trabalho, a natureza também é o local que ele procura para o lazer. Por isso a conservação ambiental é, na sua concepção, tema prioritário. Ele admira as práticas da permacultura e agricultura regenerativa, vislumbrando um futuro de maior conexão do homem com os recursos da terra. E ele tem três motivos muito especiais para se preocupar com o futuro do planeta: Deco, hoje com cinco anos, Nina e Raul, gêmeos, com um ano. “Meus três filhos são minha principal razão de desejo de um futuro melhor”.