A diretora da Academia Brasileira de Ciências Marcia Barbosa participou do painel “Como melhorar a confiança na ciência através da comunicação”, apresentado na Conferência Internacional Anual de Jovens Cientistas da Global Young Academy, que ocorreu virtualmente no dia 2 de junho. Professora de física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Barbosa foi uma das palestrantes convidadas, junto com Daniel Sarewitz, professor de ciência e sociedade da Universidade Estadual do Arizona (EUA); Stephan Lewandowsky, professor de ciência cognitiva da  Universidade de Bristol (Reino Unido) e da moderadora Lisa Herzog, professora associada da Universidade de Groningen (Holanda).

A maioria dos estudiosos do tema concorda que é mais do que uma questão de confiabilidade – há também uma dimensão moral. Partindo desta premissa, o que significa falar sobre “confiança na ciência” para as responsabilidades de cientistas e acadêmicos? Os pesquisadores devem sempre insistir em sua autoridade ou devem ouvir os leigos? Como eles podem distinguir entre interesse genuíno por parte destes últimos e tentativas politicamente motivadas de negação ou ofuscação?

No painel, tais questões foram discutidas na interface da ciência e da tomada de decisão pública. Os palestrantes buscaram discutir as implicações para cientistas individualmente, mas também para a comunidade científica e seus arranjos institucionais, o papel da ciência na sociedade e a confiança na ciência com questões práticas da divulgação científica. Barbosa apresentou seu ponto de vista sobre a forma como o estabelecimento da confiança depende de uma boa comunicação. “Max Weber identificou que a sociedade só reconhece a autoridade dos anciãos, da lei e dos carismáticos, precisamos como sociedade construir a confiança na autoridade do conhecimento. O que seria isto? Confiar no processo científico de evidências, testes, previsão e consenso. Um consenso muito específico de um juri de cientistas. Por que confiar? Porque foi a ciência que fez nossa sociedade passar de uma média de vida de trinta e poucos anos na idade média, para oitenta e poucos. A ciência, não a autoridade dos anciãos, da lei ou dos carismáticos”, explicou a pesquisadora.

A sessão completa pode ser conferida aqui.

 

Sobre o evento

A edição de 2021 da Conferência Internacional Anual de Jovens Cientistas da Global Young Academy ocorreu no dia 2 de junho, em modalidade virtual e gratuita. Sob o título “Confiança na Ciência”, o evento provocou um debate sobre como a globalização, a conectividade e a ascensão das novas mídias fizeram com que a confiança na ciência e nas instituições públicas decaísse, facilitando a ascensão de movimentos negativistas, como os antivacinas. 

Em busca de novos caminhos para enfrentar essas questões, a GYA reuniu cientistas de diversas partes do mundo para refletir acerca de demandas de alta relevância no contexto atual, como as mudanças climáticas e a transformação dos sistemas alimentares. Todos os tópicos abordados tinham uma necessidade em comum: a confiança pública na ciência para seu desenvolvimento em âmbito global. Além dos paineis do dia 2 de junho, os jovens cientistas que participaram dos grupos de trabalho se reuniram e apresentaram suas pesquisas nos dias 1, 3 e 4 de junho.